Un Sio San

Un obteve a dupla licenciatura em Língua Chinesa e Arte (produção de cinema e televisão) da Universidade de Pequim e o duplo mestrado em Estudos da Ásia Oriental e Estudos da Ásia-Pacífico da Universidade de Toronto nas áreas de investigação em literatura e cinema. Ganhou o prémio de Henry Luce Foundation Chinese Poetry & Translation e foi poeta residente no Estúdio Criativo de Vermont nos EUA. Foi convidada a marcar presença em vários festivais internacionais de poesia tal como o festival realizado em Portugal e trabalhou como letrista da primeira opera interior original de Macau “Um Sonho Perfumado”. Publicou algumas colecções de poemas nos dois lados do estreito e tem-se envolvido no meio académico e em publicação por muito tempo, além de escrever colunas para meios de comunicação em Taiwan, Hong Kong e Macau.


Edimburgo: Centro de iluminação e estufa de criação

23a edição | 10 2017

04_袁紹珊_01.jpg


Como ainda faltava algum tempo antes da performance de abertura do Festival de Música Jazz e Blue, corri para um café em Edimburgo para escapar a um aguaceiro. Não vi muitos clientes a tirar fotografias a eles próprios em excitação, até me sentar. Aconteceu que tinha chegado à conhecida Elephant House, onde o romance “Harry Potter” tinha sido criado, um local sagrado aonde os fãs da saga pelo mundo inteiro gostam de chegar. 


Da mãe solteira que escrevia no café para poupar na despesa de aquecimento da casa, à primeira escritora multimilionária do mundo, a história de J.K. Rowling, uma escritora irlandesa, é uma de milagre. Um empregado disse que Rowling costumava sentar-se à janela para ter a vista do antigo castelo no horizonte, e quando se sentia cansada fazia uma caminhada no cemitério próximo, tornando as inscrições em inspiração. 


A Primeira Cidade de Literatura do Mndo


Edimburgo é uma cidade mundialmente famosa pelos seus festivais. Além do festival de música jazz supramencionado, existe o “Royal Military Tattoo”, Festival Fringe, Festival Internacional da Arte, Festival Internacional do Livro, Festival Internacional da Narração de Histórias, entre outros. Já em 2004, Edimburgo tinha sido avaliada como a primeira Cidade de Literatura do mundo pela UNESCO, não só porque um elevado número de escritores famosos originou nesta cidade, como Sir Arthur Conan Doyle, autor das Aventuras de Sherlock Holmes, e Robert Louis Stevenson, autor da Ilha do Tesouro, entre outros, mas também os ricos legados literários deixados pelo Iluminismo Escocês. 


Edimburgo foi chamada o “viveiro de génios” do século XVIII, quando a taxa de literacia da Escócia era tão alta como 75%, sendo assim a leitura muito comum. E o Iluminismo Escocês que se seguiu não foi mais que um banquete para o pensamento, com representantes como o grande filósofo David Hume, o pai da economia Adam Smith e o escritor histórico Walter Scott, entre outros. Diferente do iluminismo em França, caracterizado pelo “Salão” da natureza do espaço público, muitas entidades sociais na Escócia, tais como a Sociedade Literária de Glasgow, a Associação Escocesa de Filosofia e a Associação de Elites de Edimburgo, emergiram como flores na primavera, mudando a discussão pública de filosofia política para filosofia natural. Este iluminismo levou a Europa à modernização e a Escócia, um país pobre e remoto da Europa ocidental, rapidamente se tornou numa potência da civilização europeia. 


Planeamento Cultural além de Cidade de Festivais


Hoje em dia, a tradição da leitura ainda é muito presente, atraindo muitas editoras independentes, e existem todo o tipo de lojas de livros, como lojas comuns, lojas de livros antigos, livrarias públicas, etc. O Fundo Fiduciário da Cidade de Literatura de Edimburgo, responsável pela promoção da literatura, manteve uma tradição de “Iluminismo” como seu objectivo final, e recentemente conduziu esforços para desenvolver o turismo literário, ao montar o museu dos escritores, ao criar um programa de residência para escritores, um programa de apoio a novos escritores e fortalecer a cooperação com outras cidades de literatura, para acelerar as actividades de contar de histórias e encorajar a vinda da literatura para as ruas, assim fazendo com que todos participem, partilhem e experimentem o carisma da literatura. 


A Escócia não só tem um passado glorioso de literatura, mas também tem um presente literário brilhante. Irvine Welsh transformou o estado de confusão dos jovens escoceses num trabalho chamado “Trainspotting”, e a adaptação cinematográfica que daí resultou é sempre popular. J.K. Rowling criou um mundo de magia distinto, servindo-se das enormes vicissitudes históricas da Escócia e um conjunto de filmes, peças de teatro e vários produtos criativos são derivados dos seus trabalhos. A literatura de Edimburgo já não é apenas a favorita de uma audiência de nicho, mas um trunfo atractivo da cidade e muitos produtos apelativos. 


A grande diferença entre um produto cultural e criativo e um produto de consumidor comum é a história. Se olharmos para o desenvolvimento das marcas culturais e criativas em Hong Kong ou Macau, apenas se fica pelo superficial ou utiliza as referências de forma imprópria, ignorando as narrativas fundamentais. Nesta fase de enfatizar a propriedade intelectual, ler, a literacia e a escrita serão os meios-chave para melhorar a qualidade dos textos e as capacidades de narrativa. 


Nos últimos anos, Macau tem-se esforçado em desenvolver uma cidade de festivais, de tal modo que Edimburgo pode ser um bom exemplo de referência. A somar à realização de festivais sem parar durante todo o ano, os planeadores culturais também devem prestar atenção ao soft power e ao potencial infindável da literatura. Não faremos da cidade um circo ao tentar demasiado agradar os passageiros, mas faremos da cidade um centro de iluminismo e um viveiro de criatividade através da literatura, do texto, da história e da troca de ideias.