O papel do governo no desenvolvimento do cinema de Macau

01 2015 | 1a edição
Texto/Allison Chan, Johnson Chao, Wendy Wong, Bob Leong

Começar do nada: Choi On On e Ho Fei partilham as experiências de duas gerações de cineastes   Entre o cinema comercial e o cinema independente: A experiência de Emily Chan Nga Lei em Pequim

 Teoria da evolução: Entrevista com Albert Chu e Chao Koi Wang


Em 2013, o Instituto Cultural lançou o Programa de Apoio à Produção Cinematográfica de Longas Metragens, seguindo o exemplo de Taiwan, que passou a atribuir oito milhões de dólares de Taiwan a jovens realizadores. Pela primeira vez, trata-se de um programa de subsídios concedidos a pessoas singulares para a rodagem de longas metragens. O governo subsidia 70 por cento dos custos de produção, até MOP1,5 milhões.

 

Além do financiamento público, o Chefe Substituto do Departamento de Promoção das Indústrias Culturais e Criativas do Instituto Cultural, Leong Ieng Va, espera que os cineastas possam procurar outros investidores. Com este objectivo, a Feira de Investimento na Produção Cinematográfica entre Guangdong-Hong Kong-Macau 2014, realizada em Maio de 2014, permitiu que os cineastas locais tivessem oportunidade de se reunirem com investidores do Interior da China, Hong Kong e Taiwan. “Esperamos que os nossos cineastas possam conseguir os seus próprios apoios, antes de explorarem diferentes opções de cooperação”, diz Leong.

 

Leong acredita que em Macau não faltam cineastas criativos, e a história e cultura únicas da cidade também atraem talentos estrangeiros que se fixam na região. Ivo M. Ferreira, de Portugal, foi um dos quatro vencedores do programa de apoio acima referido em 2013, com o filme Cliché.

 

Ivo M. Ferreira nasceu no seio de uma família de actores, estudou na London International Film School e começou a sua carreira no cinema há dez anos, em Macau. O seu mais recente trabalho, Cliché, conta a história de uma fadista que canta as tristezas e alegrias da vida num clube nocturno em Macau. Na história reflectem-se também as rápidas mudanças sociais da região nos últimos anos. Cliché foi seleccionado para o Projecto SIFF no XVII Festival Internacional de Cinema de Xangai.

 

“Se Macau quiser desenvolver a sua própria indústria cinematográfica, deve procurar mais investidores locais e estrangeiros, a fim de melhorar a qualidade do seu cinema e produzir filmes sobre a cultura de Macau. Espero que isto possa ser alcançado nos próximos 20 anos. O governo de Macau iniciou o programa de apoio, que na verdade, marca uma etapa importante e um grande incentivo para os profissionais do cinema”, refere Ferreira.

 

Leong também deixa claro que, embora este programa de apoio possa não ser suficiente para filmes como a dimensão de Transformers, os produtores de Macau que participam neste programa terão, pelo menos, a oportunidade de fazer um filme com uma certa escala. Para Leong, este é um marco importante na profissionalização da indústria cinematográfica local.