178Esports: O primeiro centro de experiências eSports de Macau

08 2018 | 28a edição
Texto/Hazel Ma

Indu´stria de eSports de Macau preste a decolar.jpg   Chiu Hong Lok, jogador de eSports local.jpg


De acordo com um relatório da agência de conteúdo digital Limelight Networks, os jovens adultos norte-americanos passam mais tempo a assistir a eSports do que a desportos tradicionais. A criação da Federação de Jogos Electrónicos de Macau em Abril deste ano significou a penetração dos eSports na sociedade mainstream de Macau e Hong Kong. O 178Esports, primeiro centro eSports de Macau com empregadas (maids), também surgiu na cidade durante este período. O 178 é gerido por Keith Law e Jay Cheang. Ambos vão partilhar a sua opinião sobre a indústria dos eSports. Law explica que o centro se chama 178 porque tem semelhanças homófonas com a palavra “juntos” em mandarim. E isso é exactamente o que está no cerne dos eSports. “Quando falamos de eSports, não falamos de individualismo. Falamos de espírito de equipa e cooperação. Vamos jogar juntos”, resume Law.

 

Não é um cibercafé normal

 

Inaugurado em Dezembro de 2017, o 178 já funciona há mais de meio ano. Mas os residentes de Macau ainda não estão realmente familiarizados com o centro de experiências em eSports. “O nosso público-alvo são os profissionais de colarinho branco. O nosso centro de eSports presta particular atenção ao serviço e à criação de um ambiente que é confortável e acolhedor”, afirmam Law e Cheang, explicando o que o 178 oferece. O 178 é o primeiro centro de eSports que inclui a cultura maid. Funciona como um clube privado, com uma secção de jogos mobile, salas VIP, secção de PC e secção de PC topo de gama. “Efectuámos um investimento inicial de cerca de um milhão de patacas. No primeiro mês angariámos 2.000 membros. Penso que a nossa popularidade no mercado está muito relacionada com o nosso posicionamento topo de gama no sector dos serviços eSports. Ainda não há muita concorrência no mercado local”, afirma Cheang.

 

“As nossas empregadas fazem equipa com os nossos clientes e jogam com eles. Também temos jogadores profissionais normais que estão sempre no centro. Temos um jogo estratégico como Playerunknown’s Battlegrounds. Quando se joga este jogo é preciso ter muita coisa em conta, como por onde vamos, como pegamos na arma, etc. Os nossos jogadores profissionais podem fornecer orientações aos nossos clientes. Eles actuam como os personal trainers no ginásio. Outros cibercafés não possuem estes serviços”, ilustra Law.

 

Cultura de maid como novidade

 

A cultura maid do Japão varreu o globo, mas ainda não tinha penetrado no mercado de Macau. O 178Esports aproveitou a oportunidade e incluiu-a no seu espaço de eSports. “Os eSports e a cultura maid são parte importante da cultura Otaku. Encontramos sempre cosplayers nas exposições de jogos, por isso quisemos atrair gamers de ambos os sexos para o nosso centro de experiências em eSports através dessa cultura”, revelam Law e Cheang.

 

No entanto, arrancar com um negócio novo é difícil. Quando se estavam a preparar para abrir o 178, perceberam que era difícil contratar maids. “As candidaturas que recebemos eram de pessoas que pensavam que queríamos apenas abrir um maid café. Mas acabámos por conseguir encontrar as pessoas certas graças à ajuda dos nossos amigos”, diz Law. “Aqui, as maids são sobretudo jogadoras de topo de Honour of Kings e cosplayers.”

 

Direcção de operações dos centros de eSports

 

Actualmente, Macau não possui uma cadeia industrial completa de eSports. Isto é particularmente problemático porque os eSports não estão oficialmente listados enquanto modalidade desportiva e jogar videojogos ainda é encarado por muitos locais como um comportamento censurável. Isto dissuade os jovens de ingressar nesta actividade. “Um exemplo são os comentadores de transmissões online em directo. Organizámos há tempos uma Competição de Intercâmbio entre Taiwan, Hong Kong e Macau de Playerunknown’s Battlegrounds. E não tivemos um comentador de Macau que fosse tão profissional como os de Hong Kong”, acrescenta Cheang.

 

“Em Xangai e Shenzhen, a tarifa horária de um cibercafé varia entre 20 e 50 yuan. E é difícil arranjar lugar! Nós cobramos cerca de 20 patacas por hora. De momento, o nosso negócio está a correr bem. Alcançámos equilíbrio entre despesas e receitas porque não temos um grande investimento. Como tal, recuperámos todo o investimento que fizemos em seis meses. Além disso, cooperamos regularmente com a Organização de Profissões de Jogos Electrónicos de Macau. O resultado tem sido excelente. Descobrimos vários jogadores de eSports”, contam Law e Cheang.

 

As vantagens e desvantagens dos eSports de Macau

 

Apesar da escala reduzida da cidade, a indústria de eSports de Macau tem muito potencial. “Macau é a Las Vegas da Ásia. Tem capacidade para acolher competições regionais e internacionais. Actualmente, as grandes competições de eSports fazem tournée por diferentes locais. Por isso, em termos relativos, Macau é rico em infraestruturas relevantes, dado que a cidade possui muitos hotéis e espaços adequados a eventos”, afirmam os empresários. Quando questionado acerca de apoios do governo local, Law declara: “O reconhecimento é o aspecto mais importante para a indústria poder impulsionar o desenvolvimento dos eSports, uma vez que os jogadores precisam de sentir que são reconhecidos como jogadores profissionais pelo público e pelo sector”. Cheang acrescenta que os jogadores de eSports ainda não são alvo desse reconhecimento enquanto praticantes de uma modalidade e, como tal, não recebem subsídios do governo. “Muitos jogadores têm de pagar as suas despesas. Alguns até já se mudaram para Taiwan em busca de melhores oportunidades. Muitos destes jogadores têm potencial para se tornarem grandes estrelas, mas afastam-se gradualmente do círculo dos eSports devido à falta de reconhecimento.”