M Dimensions

06 2018 | 27a edição
Texto/Giselle Lou

Histórias empresariais de lojas culturais e criativas   ROOFTOP MACAO


Nos últimos anos, o governo de Macau tem promovido o Anim'Arte NAM VAN como um destino de inovação cultural, turismo, lazer e opções de restauração. Fruto disso, lojas culturais e criativas floresceram nessa área. Isaac Tong e Marcus Wong, da Mojito Culture Limited, seguiram a tendência e ganharam o concurso para o espaço subterrâneo em Nam Van. Transformaram o local na M Dimensions e inauguraram a loja em Janeiro passado.

 

Tornar-se num centro cultural e criativo

 

“M” significa Macau, enquanto “Dimensions” significa, neste contexto, forma ou paisagem. No seu conjunto, o nome alude à forma de Macau ou à paisagem criativa de Macau.

 

Tong, mentor do M Dimensions, descobriu que o aluguer é, em média, alto em Macau, e que espaços mais baratos são demasiado grandes para jovens empreendedores gerirem. Quando o Instituto Cultural abriu este concurso, Tong e Wong encontraram um local com um preço razoável de arrendamento e a área apropriada. Após uma análise cuidadosa, decidiram arriscar. “Esperamos que este lugar possa tornar-se um centro cultural e apoiar outros negócios culturais e criativos locais ou organizações de arte, ou até mesmo atraí-los para se juntarem a nós”, explica Tong. Diferentemente dos retalhistas habituais, ambos se preocupam não apenas com o desempenho no sector das vendas mas com as histórias e valores culturais que os consumidores podem encontrar e com os quais se podem identificar na loja, bem como com o talento dos artesãos e artistas para se promoverem e construírem uma melhor imagem de marca.

 

Marketing para artistas

 

De acordo com Wong, mentor e director de operações da M Dimensions, importa vender produtos culturais e criativos e fornecer serviços relevantes devido às regras de contrato e licitação. “Se vendêssemos apenas produtos culturais e criativos, dificilmente sobrevivíamos. Se pudermos fornecer serviços e experiências relevantes, os nossos “bens” serão mais abrangentes e trarão mais benefícios económicos”, explica. Portanto, Wong organiza todo o tipo de workshops e encoraja os artistas a fazer melhor uso do espaço e a incrementar a experiência do cliente.

 

Actualmente, metade dos produtos vendidos na M Dimensions é originalmente produzida em Macau. Produtos pequenos, mas práticos, são relativamente populares, sendo poucos os clientes que adquirem artesanato. “Como os artesãos muitas vezes não estão familiarizados com a criação de campanhas de marketing e com a melhor forma de apresentar os seus produtos, é comum os consumidores não considerarem as criações suficientemente apelativas. Já os produtos fabricados em massa têm mais saída. Por um lado, resultam de modelos de negócio amadurecidos; por outro, os seus fabricantes conhecem bem o mercado”, refere Wong. “Contudo, vendemos somente artigos do dia-a-dia e produtos de arte e não produtos com uma margem de lucro elevada, como cosméticos, ouro, medicamentos ou lembranças. Por isso, demora a fazer face às despesas”, acrescenta Tong.

 

Além de estabelecer um equilíbrio entre os produtos feitos em massa e o artesanato, Wong e Tong também desafiam criadores e artistas a juntarem-se a eles e a fornecerem serviços relevantes. “Como são bastante novos no negócio, muitas vezes não são fortes no marketing e têm dificuldade em encontrar pontos de venda offline. Portanto, precisamos de os ajudar a melhorar as respectivas imagens de marca com a nossa experiência. Quanto à cooperação empresarial, veremos qual o tipo de actividade e cobraremos a taxa correspondente. Os nossos planos de cooperação serão feitos sob medida para atender às necessidades específicas dos nossos parceiros. Também podemos disponibilizar o equipamento necessário ou assumir a planificação de eventos, os arranjos no local, a gestão de procedimentos administrativos, a promoção, etc. Tudo depende do que os parceiros necessitarem. Somos profissionais e temos as competências para organizar melhor as actividades”, explicam.

 

A experiência do cliente importa

 

Após cuidadosa ponderação, Tong acredita que eles podem fornecer uma integração de serviços. “Muitas pessoas gerem negócios culturais e criativos para vender produtos, mas o nosso objectivo é possibilitar uma experiência de compras mais abrangente a turistas e a residentes. Não há muitos lugares onde as pessoas possam participar em actividades culturais desfrutando da luz do sol, de uma vista para o lago e de boa comida. Portanto, há um espaço enorme para nós. Quando olhamos para cidades turísticas de sucesso noutras regiões, concluímos que todas elas não estão simplesmente a vender produtos. É a experiência global que oferecem que as ajudou a destacarem-se. Através de actividades culturais, tanto residentes como turistas podem identificar melhor a cultura local, envolver-se e trazer algo consigo”, nota Tong.

 

Segundo Tong, uma boa infraestrutura também é crucial para atrair um fluxo de clientes. “Por exemplo, o governo pode colocar mais sinalética e cartazes no espaço público e, se possível, aprimorar o design dos mesmos. E isso depende de uma articulação entre o Instituto Cultural e os Serviços de Turismo. O governo pode também incluir a zona ribeirinha do lago Nam Van ao promover o Festival de Luz de Macau e desenvolver esta área enquanto destino de entretenimento abrangente, com opções de paisagem, lazer e restauração, como o Tamsui Fisherman’s Wharf de Taipé. O governo tem feito um óptimo trabalho, mas podia coordenar-se melhor com os empresários locais”, acrescenta. Tong não pretende que o projecto se concentre apenas no lucro; quer que este se torne uma plataforma para ajudar outras marcas culturais em Macau e criar um destino de lazer tanto para os residentes como para os turistas.

 

Uma boa história é tudo o que interessa

 

Durante a entrevista, Wong referiu que a M Dimensions se encontra na fase de fidelizar clientes, além de fazer crescer as marcas e o público. “Presentemente, estamos a usar diferentes canais para divulgar os nossos espaços ao mundo exterior. É nosso desejo que, dentro de meio ano, o fluxo de clientes permita fazer face às despesas”, diz Wong. Quando inquirido acerca da saúde financeira do negócio, Tong assinala que as pessoas estão a ficar mais confiantes no sector à medida que mais lojas culturais e criativas abrem portas. “O governo dá um grande apoio. Mas é diferente se conseguirmos alcançar um nível de produção e receita similar ao da indústria de lembranças. Gestores que sejam capazes de assegurar receita suficiente para pagar o aluguer e manter o negócio percebem que o mercado lhes é favorável. Mas leva tempo até que a produção da indústria se multiplique e se torne uma componente importante do PIB de Macau”, diz Tong. No futuro, os dois planeiam mudar do modelo “B2C” para o modelo “B2B”, bem como projectar e lançar mais produtos originais. Ambos revelaram ainda que, embora uma boa aparência e o uso prático dos artigos sejam elementos fundamentais, uma boa história, representando um conceito, é tudo o que importa.

 

M Dimensions

Horário: 11:00-22:00

Morada: Praça do Lago Nam Van (Anim’Arte Nam Van), C/V-M1 (S2) & L1 (S3), Avenida Panorâmica do Lago Nam Van, n.º 470-756, Macau

Website: www.facebook.com/mdimens