De que tipo de produtos criativos e culturais estão os consumidores à procura?

11 2015 | 11a edição
Texto/Yuki Leong, Jason Leong e Roy Lei

Tealosophy: marketing cultural e produtos criativos feitos com sentimento   Centro Cultural de Macau: é necessária uma visão global na compra de programas


De que tipo de produtos criativos e culturais estão os consumidores à procura?

 

Música

 

Allison Chan

 

Apaixonada por música clássica, trabalha na área da educação musical desde que terminou a sua formação universitária.

 

“Macau é definitivamente um bom lugar para os apaixonados por música. Músicos de renome internacional são frequentemente convidados para actuar aqui e os bilhetes para os concertos são os mais baratos da Ásia. É um bom investimento. Para mim, qualquer festival de música de grande dimensão é um evento obrigatório.”

 

“Mas em Macau o acesso aos instrumentos musicais e acessórios, como partituras musicais, é limitado, e os produtos em Hong Kong, Taiwan e Japão são mais competitivos. Geralmente compro-os fora de Macau e todas as vezes gasto cerca de 1.000 patacas.”

 

Ip Kim Kuok

 

Estudou em Inglaterra e formou-se em música; desde que regressou a Macau tem trabalhado no campo da composição e da educação musical. É membro da Associação de A Cappella de Macau.

 

“Quando estava a estudar em Inglaterra, comprei imensos discos. Uma vez comprei discos que valiam várias centenas de libras numa loja em saldos. Mas não sou nenhum viciado em compras. Ouvi primeiro a música online e depois comprei aqueles discos com valor de colecção. Mas compro menos em Macau. Aqui, as escolhas são limitadas.”

 

                                                                                                                                                  

 

Moda

 

Jessica Lam

 

Apaixonada pelo estilo japonês visual-kei desde o ensino básico, actualmente as preferências de moda de Lam definem-se pela simplicidade. A sua paixão pela moda nunca mudou.

 

“Compro roupa nova todos os meses e cada vez gasto 40 por cento do meu vencimento com a moda. Não sigo uma marca em particular. Compro roupa bonita, independentemente da marca.”

 

“Geralmente compro roupa das lojas online de marca; às vezes gosto de ir à galeria de lojas do Venetian. Não presto muita atenção às marcas de roupa locais. Não é por causa do design mas, se não houver uma grande diferença de preço, prefiro comprar marcas estrangeiras.”

 

Eugenia Lo

 

Jornalista independente e editora, Lo cultivou o seu sentido pela moda ao assistir a espectáculos de moda de outros países. É uma apaixonada pelo estilo japonês mori-kei (literalmente estilo da floresta) e roupa vintage.

 

“Geralmente compro as minhas roupas em Hong Kong ou na internet. Os centros comerciais de Macau estão focados na indústria do jogo, o seu público-alvo são sobretudo pessoas com recursos financeiros e estão cheios de grandes marcas. Não existem muitas lojas com personalidade, e é por isso que raramente faço compras em Macau. Às vezes faço as minhas próprias roupas, como as que tenho vestidas neste momento.”

 

“Penso que já existem por aí em Macau seguidores de moda. O que se passa é que aqui a indústria da moda ainda não tem canais suficientes para chegar ao consumidor.”

 

                                                                                                                                                    

 

Literatura

 

Wong Io Man

 

Fiel leitor do trabalho de Ni Kuang e apaixonado por literatura, Wong publicou recentemente uma revista literária com um grupo de amigos.

 

“Geralmente compro livros em grandes livrarias no interior da China. Gasto entre 300 e 400 patacas todos os meses em livros. Os livros são baratos na China. Cada um custa apenas umas quantas patacas. Leio qualquer tipo de livro. Nos últimos tempos tenho-me apaixonado por livros sobre diplomacia.”

 

“Interessa-me especialmente a compra de trabalhos literários locais porque ao lê-los encontro um sentido de pertença. Mas o design das capas dos livros e a embalagem são de qualidade inferior. Não vão atrair os compradores, mesmo que o conteúdo seja excelente.”

 

Leo Lei

 

Poeta amador de Macau. Inspirado pelos professores durante a escola secundária, Lei descobriu a beleza da literatura e, desde então, tornou-se escritor.

 

“Nos meus tempos livres, leio livros sobre literatura e história. Leio livros sobre economia e marketing por motivos profissionais. Penso que gasto em média 2.000 patacas em livros todos os meses.”

 

“Também tenho prestado atenção à literatura local. Para promover um livro, é necessária uma estratégia de marketing abrangente. Não se trata apenas de deixar o livro adormecido nas prateleiras.”

 

                                                                                                                                                          

 

Banda desenhada e animação

 

Ricky

 

Ricky é fã de manga e costuma estar atento às novidades do mercado editorial da manga, tanto em Macau como no exterior.

 

“Gasto todos os meses cerca de 1.000 patacas para comprar produtos de manga e animé. Um livro de banda desenhada custa 30 patacas, e um livro ilustrado custa mais de 200 patacas. Penso que é este o valor gasto por um apaixonado por manga ou animé.”

 

“Também percebi o que está a acontecer na indústria da manga e do animé em Macau, mas penso que não vale a pena perder tempo a falar sobre isso. Não há quaisquer empresas dispostas a promover a indústria, e os leitores em Macau não a apoiam. A qualidade dos trabalhos de manga locais também não é boa. É um ciclo vicioso.”

 

Aya Lei

 

Artista de manga shojo de Macau, Lei publicou um livro por conta própria.

 

“Gasto entre 300 a 400 patacas por mês em banda desenhada. Ler banda desenhada é uma espécie de diversão e sinto-me feliz quando o faço. O preço da banda desenhada é razoável. Também publiquei o meu próprio livro e entendo o quanto tem de se trabalhar para poder publicar um livro.”

 

“Um artista de manga em Macau pode candidatar-se a financiamento do governo para apoiar a publicação do seu trabalho, mas a promoção tem de ser financiada pelo próprio. Não existem editoras de manga em Macau e, por isso, não é tão fácil para um novato entrar na indústria.”

 

                                                                                                                                                             

 

Artes performativas

 

Zoe Ieong

 

As artes performativas tornaram-se parte da vida de Zoe desde os tempos da escola secundária. Tem um conhecimento profundo sobre o teatro de Macau, desde o palco aos bastidores.

 

“Gasto cerca de 5.000 patacas por ano em programas relacionados com as artes performativas, incluindo peças de teatro e a participação em workshops. Também vou assistir a espectáculos em cidades vizinhas. Quando viajo, os teatros fazem parte da minha lista de visitas obrigatórias.”

 

“Com uma população reduzida, Macau não pode comparar-se a outros mercados de artes performativas. Mas Macau tem o seu próprio carácter. Por exemplo, o Edifício do Antigo Tribunal e a Biblioteca Sir Robert Ho Tung são espaços únicos para apresentações. Juntamente com a sua história particular, acredito que Macau ainda tem muitas oportunidades por descobrir.”