MOME─Aventurar-se na Divulgação Multimédia Móvel de Macau

08 2016 | 16a edição
Texto/Lei Ka Io

O serviço de mobile TV foi introduzido nos transportes públicos de Hong Kong e do interior da China há já alguns anos, oferecendo entretenimento aos passageiros, bem como oportunidades de marketing aos anunciantes. Este serviço, no entanto, ainda não fora introduzido em Macau até há dois anos, a MOME Media & Marketing que é uma nova empresa de comunicação e promoção criada por três jovens empreendedores, conseguiu convencer a operadora Transmac a instalar o serviço de mobile TV nos seus autocarros, que cobrem 40 por cento das rotas de autocarros da cidade.


O Caminho de uma Startup


"Os canais de comunicação em Macau são limitados, mas tiveram um desenvolvimento considerável durante a última década, como resultado do crescimento económico. Pudemos ver que o mercado estava desequilibrado e por isso decidimos mudá-lo”, diz Joe Liu, fundador da MOME Media & Marketing.


Há dois anos, muitos dos autocarros operados pela Transmac instalaram os ecrãs para a mobile TV. Os programas emitidos são na sua maioria feitos pela MOME TV, que faz parte da MOME Media & Marketing. A empresa tem sido arrojada ao lançar uma variedade de programas de entretenimento tais como Crazy Moment, Mircopedia, que partilha conselhos sobre o dia-a-dia, e um programa de documentário chamado Macau People, que conta histórias da comunidade local. Outros conteúdos incluem programas mais dirigidos à publicidade como Yummy MOME, sobre a cena gastronómica de Macau, onde são integrados anúncios. Assim sendo, os conteúdos oferecidos não são menos atractivos que os dos canais tradicionais de TV.


Na realidade, a MOME TV tem o objectivo de se lançar como estação de televisão oficial. Liu conta que os conteúdos programados são alterados pelo menos uma vez por semana, e a duração do conjunto de programas é de pelo menos uma hora. Como se pode imaginar, a pressão para manter este ritmo de produção é considerável e requer uma equipa de produção de 18 pessoas para manter o canal.


"Quando estamos apertados de tempo, levamos duas semanas a acabar uma produção”, diz Liu. Enquanto os microfilmes têm vindo a crescer em Macau nos últimos anos, a MOME TV tem dificuldade em encontrar talentos na área de produção para responder às suas necessidades. De acordo com Liu, produtores capazes de responder a estímulos tanto empresariais como artísticos são difíceis de encontrar. “Os produtores artísticos são muitas vezes perfeccionistas e levam mais de meio ano para produzir um filme. Não podemos suportar isso sem pôr em causa o futuro do nosso canal de TV.”


Além dos prazos curtos para a produção, os desafios enfrentados pela MOME TV incluem acontecimentos em tempo real, uma vez que muitos dos locais de filmagem com características locais atractivas estão sob a jurisdição do governo, logo são necessários pedidos formais para que as filmagens sejam autorizadas. “Por vezes estes pedidos levam muito tempo, uma vez que requerem a aprovação de vários departamentos”, diz Liu.


Quando encontra problemas de autorização para filmar, a equipa por vezes muda para outra localização a fim de avançar com os programas. Em certas ocasiões, porém, a polícia pode intervir e interferir nas filmagens – nestes casos, a equipa acaba por abandonar o local. “Às vezes há uma audiência ao vivo enquanto filmamos os programas em que interagimos ou brincamos com os transeuntes, e a polícia acaba por dirigir-se ao local e pedir-nos que nos vamos embora, já que pode acusar-nos de manifestação não autorizada. Não podemos fazer outra coisa a não ser deixar imediatamente o local”, conta.


Depois de lidar com os departamentos governamentais, Liu percebeu que o governo entende a MOME TV como sendo uma estação de televisão tradicional. Por exemplo, se algum cidadão estiver descontente com os conteúdos da MOME TV, pode apresentar queixa junto dos organismos governamentais. Estas queixas serão depois comunicadas à MOME, e o governo emitirá um aviso. Assim sendo, e para evitar problemas, a MOME tem de estar a par das políticas de regulação e das leis que se aplicam aos meios de comunicação tradicionais, e de ter mais cuidado na gestão da sua operação. “Na verdade, não temos de pedir qualquer licença para operar, então porque seria o governo capaz de nos acusar de acordo com as políticas e regulamentações feitas para os meios de comunicação tradicionais? Por vezes, quando recebemos queixas, pergunto aos organismos do governo como devemos proceder. Por mais estranho que possa parecer, eles não sabem.” Liu sugere que o governo consulte o sector assim que tal seja possível, para que possa ser criada legislação para as empresas de novos media.


Presença Online e Mais Além


A razão pela qual o governo está a monitorizar a MOME TV tem em parte que ver com a sua crescente influência. De acordo com os números fornecidos por Joe Liu, os ecrãs da MOME TV estão instalados em 300 autocarros, 600 táxis e 31 espaços comerciais, sendo que cada um destes canais chega a 400 mil, 30 mil e 10 mil pessoas por dia, respectivamente.


Ao contrário de muitas páginas de YouTube e Facebook, a MOME TV não tem a ambição de ter uma plataforma de promoção nas redes sociais. A sua conta de YouTube tem poucas visualizações e a página de Facebook não é muito activa. Liu explica: “A nossa vantagem está nos ecrãs de TV que temos nos autocarros. A partir do momento em que se está online, é-se confrontado com imensa competição e é preciso gastar bastante dinheiro em publicidade. É mais realista focarmos os nossos recursos naquilo em que somos bons do que tentar atingir audiências online”.


Tendo estabelecido as suas próprias fundações, a MOME TV ainda não é um projecto lucrativo. Liu confessa: “É muito difícil fazer grandes lucros com uma operação media. Estamos agora a trabalhar para atingirmos o equilíbrio das contas. Caso comecemos a lucrar, preferimos investir esses recursos noutras áreas.” Os custos substanciais em produção e em equipamento colocaram entraves à lucratividade do projecto. A empresa-mãe, a MOME Media & Marketing, percebe que o valor da MOME TV está no seu potencial enquanto plataforma de marketing, mais do que enquanto um negócio para gerar dinheiro.


Um dos projectos promocionais de negócios da MOME Media & Marketing são jogos promocionais através do telefone. Os passageiros que assistem ao canal podem por exemplo interagir com a TV agitando o seu telefone e acedendo desse modo à página com jogos criados para os patrocinadores. Se vencerem esses jogos, os utilizadores recebem cupões promocionais que podem ser trocados por produtos nos estabelecimentos comerciais das marcas patrocinadoras. Liu diz que neste modelo trata-se de passar “do offline para o online para offline”. Ao transportar os clientes que estão offline para uma plataforma online, a MOME pode direccioná-los para as áreas comerciais onde comprarão e gastarão dinheiro. Além desta tecnologia, a MOME também descobriu oportunidades no que toca a compras online e planeia lançar uma ferramenta de pagamentos online que permita aos utilizadores adquirirem produtos através dos seus telefones.


Em termos de estratégia de negócio, a MOME TV é a ferramenta de comunicação da empresa-mãe em áreas densamente povoadas. De forma a ser bem-sucedida, a MOME TV tem de criar programas de qualidade para atrair os espectadores.


No entanto, Liu diz: “Inicialmente o nosso plano era fazer produção de vídeos, mas para sobrevivermos temos de encontrar uma boa estratégia empresarial que sustente o nosso desenvolvimento. Apercebo-me que muitos empreendedores culturais não esperam atingir lucros, mas trata-se de uma questão de sobrevivência e sustentabilidade, bem como de manter o nível de qualidade. Para se ser bem-sucedido, é preciso ter perspectivas de longo prazo.”