A Criação de um Evento de Referência em Macau: Desfile por Macau, Cidade Latina

02 2016 | 13a edição
Texto/Yuki Ieong e Jason Leong

A paixão pela arte não está limitada a localizações ou espaços – pode ser expandida ilimitadamente e estendida livremente. Em 2015, as equipas do “Desfile por Macau – Cidade Latina” continuaram a passar pelas ruas e vielas do Centro Histórico de Macau, promovendo o conceito de “Amor, Paz e Integração Cultural”, incutindo vitalidade sem limites no Centro Histórico.


Realizado pelo quinto ano consecutivo, o “Desfile por Macau – Cidade Latina” transformou-se num evento para marcas artísticas locais. As autoridades têm de lidar com um rol de desafios para gerir o trânsito e o fluxo de pessoas durante o desfile, bem como tratar da selecção de equipas e do design dos programas antes do evento.


O Presidente do Instituto Cultural, Ung Vai Meng, explica: “Olhando para trás, quando há cinco anos fizemos “brainstorm” para este evento com outros departamentos e grupos, esgotámos todas as nossas ideias. Desde o design de lembranças ao traçado do desfile, ultrapassámos muitas dificuldades. Com todas as questões resolvidas, a equipa deu um passo em frente”.


A arquitectura do Centro Histórico de Macau está pejada de elementos ricos da cultura e das tradições Latinas. Combinando-os com uma atmosfera cultural ao género “oriente encontra ocidente”, fez com que que pujante desfile pudesse ver a luz do dia. “Uma das chaves para o sucesso o desfile é os intercâmbios passados entre Macau e os países Latinos, em especial Portugal. As pessoas julgam que os portugueses e os espanhóis trabalham devagar, mas a sua criatividade é extremamente rica. Este evento pode por um lado promover a beleza do centro histórico de Macau no exterior e, por outro, treinar jovens locais, dar-lhes uma visão mais internacional e ajudá-los a acumular mais experiência. Acredito que este tipo de evento é importante para promover a produção de trajes, bem como as performances artísticas, para que ambas possam ser a base da indústria cultural no futuro.”


Todos os anos, o desfile culmina na Celebração da Transferência de Administração, organizado num palco da Praça do Tap Seac. Adereços impressionantes, como fantoches gigantes e balões suspensos, fizeram parte do espectáculo em anos anteriores. De acordo com Ung Vai Meng, apesar da Praça do Tap Seac estar muito próxima de zonas residenciais, a criatividade não fica limitada por isso. A totalidade do traçado o desfile é outra demonstração de criatividade. Por exemplo, há instalações interessantes nas Ruínas de São Paulo, na Travessa da Paixão e na fonte junto à Igreja de Santo António, levando a criatividade a espaços onde as pessoas vivem no seu dia-a-dia.


Cerca de 60 equipas de grupos performativos participaram no mais recente desfile. Destas, 43 eram equipas locais com um número de participantes a rondar as 1500 pessoas. Os géneros de performance variaram entre a ópera cantonense, mimos, teatro e magia, música, artes marciais, danças folclóricas e danças orientais.


A Associação de Dançarinos Regina teve membros seus a participar em todas as cinco edições do desfile. Regina Kuok, líder e directora artística do grupo, conta: “Este ano continuamos a optar pelo estilo chinês. A dança que escolhemos foi usada pelo Império Chu durante rituais sacrificiais em tempos remotos, ajustava-se às nossas características enquanto grupo de dança tradicional. Os nossos estudante, e mesmo o público, estavam todos muito entusiasmados com a performance.” Kuok diz que os alunos que participaram no desfile têm quase todos entre 15 e 16 anos. Ela queria que eles tivessem a possibilidade de actuar perante o público. Além disso, acrescenta, os cidadãos puderam apreciar de perto as maravilhosas performances da Associação de Dançarinos Regina durante o desfile Latina ao longo destes anos, o que representou uma promoção relevante para o grupo.


“Já chegámos a contratar profissionais de Itália para preparar danças, e os nossos membros aprenderam muito com isso. Este ano recorremos à criação livre e foi muito bom. Mas podemos voltar a trazer talentos do estrangeiro no futuro, para que os nossos estudantes possam interagir mais com [dançarinos de] outros lugares”, diz Kuok.


O LDG Dance Studio, estabelecido em 1995, é outro dos habituais participantes no desfile. Fundado por Mini Chan, o grupo é o primeiro estúdio de dança dedicado à “street dance” em Macau. O curso de K-pop MV do estúdio tornou-se muito popular junto dos mais jovens nos últimos anos.


“Este ano, continuámos a usar New Jazz, no qual os nossos estudantes são melhores, como base da nossa performance. Eles vestem trajes chineses e usam um leque em que está impresso o Património Mundial de Macau, para mostrar aos turistas as características de Macau”, conta Mini Chan.


Mini considera que toda a preparação para o desfile foi extraordinária. Apesar do grande número de canções que têm de passar durante a última performance em palco, todas as músicas foram tocadas exactamente com o respectivo grupo a que pertenciam. Os horários dos ensaios, no entanto, foram bastante alterados devido à chuva. Mini sugere que esta questão possa ser melhor preparada, para que todos os performers se sintam mais seguros.