Art Basel em Hong Kong

04 2015 | 4a edição
Texto/Ling Lui

Na terceira edição da Art Basel, que terminou em meados de Março em Hong Kong, estrearam-se uma série de galerias e estiveram representados mais de três mil artistas de todo o mundo, que apresentaram os seus trabalhos de arte contemporânea. Durante a feira, foram também organizados debates que reuniram artistas, galerias e coleccionadores.


Feiras de arte consagradas como The Armory Show em Nova Iorque, Frieze Art Fair em Londres, Art Fair Tokyo no Japão e a China International Gallery Expo de Pequim estão a multiplicar-se por todo o mundo. Mas a Art Basel continua a ser a mãe de todas as feiras de arte.


A Art Basel foi fundada em 1970 por três galeristas suíços e provou ser um êxito logo desde o início: 90 galerias de dez países expuseram durante o evento inaugural e atraíram 16.300 visitantes. Desde então, a feira tem vindo a ganhar dimensão e os trabalhos de jovens artistas a adquirir maior exposição internacional. As actividades não se realizam apenas nos salões de convenções, mas também nos espaços públicos de Basileia, ao ar livre. Desta forma, todos podem envolver-se no mundo das artes.


A globalização da arte é uma oportunidade para a Art Basel ampliar a sua esfera de influência para lá da Europa. A Art Basel estreou-se em 2002 na Praia de Miami, o ponto de encontro entre a América do Norte e a América Latina. O evento apresentou trabalhos de galerias e artistas de topo da região, e a primeira edição levou a Miami 160 galerias de 23 países, atraindo 30 mil visitantes.


O sucesso da Art Basel pode ser atribuído a essa expansão para mercados que vão além da Europa e América. Os responsáveis pelo certame começaram também a olhar para o potencial de crescimento do mercado de arte contemporânea na China. De acordo com o Relatório do Mercado de Arte Contemporânea da China 2013/2014, publicado pela Artprice—uma companhia francesa líder em informações sobre o mercado de arte—dos 100 artistas contemporâneos com melhor desempenho a nível mundial, 47 são chineses. Eles representam 39 por cento das receitas mundiais da arte contemporânea.


A MCH Swiss Exhibition (Basel) Ltd., entidade organizadora da Art Basel, assinou em 2011 um acordo com a Asian Art Fairs Ltd., proprietária da ARTHK Hong Kong International Art Fair. Com este acordo de compra, a MCH adquiriu 60 por cento da participação na Asian Art Fairs Ltd. Em 2014, a MCH adquiriu os restantes 40 por cento, completando a compra da Art Basel Hong Kong. Desde então, a Art Basel tem aproveitado o potencial dos mercados de arte na Europa, América e Ásia.


Foi em 2013 que a Art Basel inaugurou em Hong Kong. Este ano marca já a terceira edição do evento.


A ARTHK Hong Kong International Art Fair, que se estreou em 2008, não conseguiu atrair mais do que compradores da região da Ásia Pacífico. Substituída pela Art Basel Hong Kong, a ideia era tornar-se numa plataforma de debate entre coleccionadores asiáticos e galeristas internacionais. Em 2013, por exemplo, a Galeria Hauser & Wirth, com filiais em Zurique, Londres e Nova Iorque, vendeu uma obra de Sterling Ruby a uma fundação de arte no Interior da China por 250 mil dólares americanos. A Galeria Gmurzynska, em Zurique, vendeu um trabalho do pintor colombiano Fernando Botero a um coleccionador malaio por 1,3 milhões de dólares.


Seja a ARTHK Hong Kong International Art Fair ou a Art Basel Hong Kong, esta feira de arte vai certamente arrecadar excelentes receitas. De acordo com estatísticas das autoridades de Hong Kong, as indústrias culturais e criativas geraram 89,6 mil milhões de dólares de Hong Kong em 2011 ( ou 4,7 por cento do PIB), o que representa um crescimento de 15,4 por cento em relação a 2010, quando totalizaram 77,6 mil milhões.


Aumentos ainda mais significativos foram observados nas “artes, antiguidades e artesanato”, um dos três principais domínios das indústrias culturais e criativas de Hong Kong, que totalizaram 10 mil milhões de dólares de Hong Kong, um crescimento de 100 por cento em relação aos 5,4 mil milhões de 2007.


Quem é que ainda acredita que a arte não pode gerar riqueza?