Inaugurado em Junho deste ano, o iRetail Lab do Instituto de Formação Turística de Macau (IFTM) está localizado no 9º andar do East Asia Hall no campus da Ilha de Taipa em Macau. O Laboratório é decorado a preto e branco, com produtos de seis marcas culturais e criativas de Macau expostos de forma ordenada. Não só é uma “verdadeira sala de aula” para os alunos da licenciatura em Gestão de Venda Turística e de Promoção de Marketing aprenderem os conhecimentos teóricos, como também é uma “loja real” para os alunos colocarem os seus conhecimentos em prática.
Introdução de 14 marcas originais em linha com a política cultural e criativa
Atravessando o corredor iluminado, a primeira coisa que me chamou a atenção foram as três vitrinas quadradas, onde são colocados três produtos culturais e criativos de Macau. Com o efeito dos holofotes, a forma requintada dos produtos destaca-se ainda mais; e junto ao portão de vidro, os balões coloridos são montados para criar uma atmosfera alegre. Segundo a apresentação da Professora Doutora Catherine Zhuo Li e do Professor Doutor Fernando Lourenço, que desempenham, respetivamente, as funções docentes de coordenadora da Licenciatura em Gestão de Venda Turística e de Promoção de Marketing da Escola de Gestão de Turismo do IFTM e de professor adjunto, o layout e os produtos do Laboratório são concebidos em torno dos temas da época de formatura como “graduação” e “viagem”. Quando começar o novo semestre lectivo em Setembro, o Laboratório assumirá um novo tema e um novo aspecto visual para receber o público.
A origem da ideia da criação do Laboratório remonta a 2018, quando Catherine Zhuo Li e Fernando Lourenço aproveitaram uma oportunidade de avaliação pedagógica para entrevistar indústrias, alunos e licenciados acerca da melhoria dos cursos relacionados com o retalho. Depois de fazerem referência às experiências bem sucedidas de outras instituições, concordaram com a ideia de criar um espaço de prática de venda a retalho e esperavam convidar as empresas a instalarem-se e a criarem um ambiente de venda a retalho realista para os alunos.
Catherine Zhuo Li (à esquerda) e Fernando Lourenço esperam que os estudantes possam melhorar as suas competências práticas através do Laboratório e que as novas empresas possam tirar partido dos recursos e da reputação do IFTM para aumentar a sua competitividade Foto cedida por Cora Si
De acordo com os dados fornecidos pela Direcção dos Serviços de Estatística e Censos da RAEM, a roupa, a maquilhagem e a joalharia são os três tipos de lembranças mais vendidas aos turistas que visitam Macau, e são também produtos em que as marcas culturais e criativas locais estão envolvidas. Em resposta à política do Governo da RAEM de desenvolver as indústrias culturais e criativas nos últimos anos, através das recomendações da Divisão de Planeamento e Desenvolvimento das Indústrias Culturais e Criativas do Instituto Cultural de Macau e dos ex-alunos da Escola, foram convidadas 14 marcas culturais e criativas de Macau para serem apresentadas na loja online do Laboratório, e foram os alunos do terceiro ano da Licenciatura em Gestão de Venda Turística e de Promoção de Marketing a selecionarem, com base em temas actuais, algumas destas marcas para serem exibidas na loja física.
Estudantes do Interior da China: as marcas culturais e criativas de Macau são “marcas valiosas”
Anita He XiaoTong, uma dos estudantes envolvidos no projecto, recorda que, como o East Asia Hall, onde o Laboratório está localizado, é uma residência estudantil, os estudantes constituem o maior grupo de consumidores devido à sua vantagem geográfica de proximidade. A fim de compreender as preferências de moda e o poder de consumo dos estudantes, realizaram um inquérito direccionado aos seus hábitos de consumo e ficaram satisfeitos por descobrirem que o poder de consumo dos estudantes era superior ao esperado e que podiam aceitar produtos de já algum luxo. Com base nos resultados deste inquérito, combinados com uma análise do mercado retalhista, os estudantes seleccionaram seis marcas, Cloé Jewelry & Art, Nuno Lopes, O Moon, Worker Playground, Hylé Design e O.N.E., e os tipos de produtos incluíam joalharia, roupa, relógios, maquilhagem e sacos de couro ecológicos.
Quanto aos produtos culturais e criativos de Macau, Anita He XiaoTong, que é de Guangzhou, admite que não sabia muito sobre eles no início e raramente os comprava. Após participar na criação do Laboratório, descobriu que as marcas culturais e criativas de alta qualidade de Macau são “marcas valiosas”, pelo que são competitivas em termos do conceito de design e da qualidade de produtos. Nesse processo, mudou o seu papel de “vendedora” para “consumidora” e adquiriu alguns dos produtos.
Com um total de seis cursos actualmente ministrados no Laboratório, Anita acredita que, ao passar da sala de aula tradicional para o Laboratório interactivo, os estudantes são capazes de traduzir conhecimentos teóricos abstractos em imagens tangíveis através da prática, permitindo-lhes assim compreendê-los e absorvê-los melhor. Ao mesmo tempo, nos cenários empresariais da vida real ali construídos, têm a oportunidade de entrar em contacto com diferentes aspectos do campo da venda a retalho e obter uma compreensão mais macro e sistemática dos cursos. Está, ainda, determinada a prosseguir um mestrado em venda a retalho após a graduação.
Anita He XiaoTong, uma estudante de Guangzhou, descreveu as unidades culturais e criativas de Macau que se instalaram no Laboratório como “marcas valiosas”. Foto cedida pela entrevistada
A participação no funcionamento do Laboratório faz Anita He XiaoTong (à esquerda) ficar mais interessada no seu curso Foto cedida pela entrevistada
O ingresso no Laboratório ajudará os produtos a chegarem aos jovens consumidores do Interior da China
Para além da selecção e exposição de produtos, a sua promoção eficaz era também uma “disciplina obrigatória” para Anita e os seus colegas da Escola. Como estávamos na época de graduação aquando da abertura do Laboratório, os estudantes colaboraram com a marca de joalharia Cloé e a marca de maquilhagem Nuno Lopes para organizar um workshop fantástico, onde os fundadores das duas marcas partilharam com os participantes as suas dicas sobre a aplicação da maquilhagem no momento de procurar empregos e a combinação de joalharia para cenários de trabalho. Foi um evento muito animado.
O fundador da marca Nuno Lopes, Nuno Lopes, lembra-se vivamente do dia do workshop, uma vez que não é comum ver-se em Macau um evento de promoção de marca tão animado e salienta que os consumidores locais não estão habituados a comprar produtos originais de Macau, pelo que sempre se concentrou nos canais de venda ao estrangeiro e online e raramente considerou a possibilidade de criar pontos de exibição e venda locais. O propósito inicial de instalar a sua marca no Laboratório não foi para vender produtos, mas para contribuir para a causa da educação e para a promoção da marca, e, por isso, decidiu trazer o curso de maquilhagem, que foi lançado apenas há um ano, para o Laboratório.
Contudo, os resultados ultrapassaram em muito as expectativas de Nuno Lopes. Este realçou que, com um grande número de estudantes do Interior da China no IFTM, o Laboratório não só proporcionou um espaço físico para as marcas exibirem os seus produtos, mas também criou uma plataforma para os produtos chegarem aos jovens consumidores do Interior da China, facilitando, assim, a interacção positiva das marcas e impulsionando a exploração dos novos modelos da venda a retalho. Através da exibição, das vendas e de workshops, observou as diferentes escolhas de produtos de maquilhagem entre jovens mulheres do Interior da China e de Macau, bem como a procura de maquilhagem por parte dos consumidores locais, o que o inspirou a explorar e estabelecer mais pontos de exibição e venda locais de alta qualidade.
De acordo com Nuno Lopes, o Laboratório é o primeiro e único ponto físico de exibição e venda da série de maquilhagem da sua marca em Macau. Foto cedida por Cora Si
Nuno Lopes acredita que o Laboratório ajuda a ligar diferentes marcas e a criar uma plataforma para explorar novos modelos de venda a retalho Foto cedida pelo IFTM
Partilha de recursos industriais e académicos para incubar novos conceitos criativos de venda a retalho
Falando sobre o planeamento futuro do Laboratório, Catherine Zhuo Li e Fernando Lourenço salientam que a introdução de marcas culturais e criativas é apenas o primeiro passo e o que Laboratório consideraria introduzir mais empresas de diferentes tipos à medida que o trabalho de ensino avance e que fosse implementada a política do Governo da RAEM de incentivar as indústrias culturais e criativas, a criatividade dos jovens e o desenvolvimento do turismo inteligente.
As empresas que se instalam no Laboratório podem partilhar os recursos das suas lojas físicas e online, bem como utilizar o recém-inaugurado “Laboratório de Ideias” do IFTM para lhes fornecer a assistência necessária desde a incubação até à implementação de ideias criativas de venda a retalho, conseguindo, desta forma, uma situação vantajosa tanto para as indústrias, quanto para o campo académico. Além disso, o Laboratório planeia explorar e experimentar mais os recursos das instituições locais e da região da Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau nas áreas de co-organização de cursos de venda a retalho, planos de estágios de estudantes e digressões de exibição de produtos.
O Retail Lab do IFTM estará aberto, a partir de Setembro, às quartas e sextas-feiras, das 15h às 17h30. Os membros interessados do público podem visitar o Laboratório durante o horário de abertura. No local só será aceite o pagamento electrónico e é necessária a reserva antecipada para visitas de grupo.
Website: https://iretail-lab.com/shop
IG: iretail_lab