Yi-Hsin Lin

Formado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres. Vive e trabalha actualmente em Londres como escritor. Lin fez curadoria de pintura para o Museu Vitória e Alberto, bem como para o Museu Britânico. É também professor de Arte Chinesa na Christie’s Education e colabora com várias revistas de arte em língua chinesa.


Apresentando o novo museu de design de Londres

19a edição | 02 2017

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Como todos esperavam, o Museu do Design, um dos principais museus das indústrias criativas londrinas, mudou finalmente de sítio e reabriu no final de Novembro de 2016. O projecto arquitectónico do novo museu foi desenhado pelo famoso atelier de arquitectura OMA, e o design de interiores foi levado a cabo por John Pawson, um conhecido designer arquitectónico minimalista britânico. Localizado na Kensington High Street, em Londres Ocidental, o museu está muito perto de outras instituições artísticas de topo como o V&A Museum, o Museu da Ciência, o Museu de História Natural e o Royal College of Art. Enquanto primeiro museu mundial dedicado à temática do design contemporâneo, o novo museu estará no topo da lista de locais “a não perder” de criativos e artistas de todo o mundo.


Uma Plataforma Interactiva para a Troca de Ideias Criativas


Em 1982, um grupo de designers conhecidos, onde se incluíam Roy Strong, Terence Conran e Stephen Bayley, organizou uma série de exposições numa casa das caldeiras adjacente ao V&A Museum para mostrar a importância do design industrial contemporâneo. Isto deu origem ao afamado “Boilerhouse Project”. Devido ao feedback tremendo que recebeu, o projecto mudou de espaço cinco anos mais tarde para os velhos armazéns na margem sul do Rio Tamisa, perto da Tower Bridge. Expandiu-se para apresentar mais exposições. Depois disso, os designers anunciaram oficialmente que o Museu do Design seria fundado e seria a primeira instituição artística do mundo dedicada à recolha, investigação e exibição de design contemporâneo. Ao longo dos últimos 30 anos, o Museu do Design apresentou novos e excelentes designs de produtos, moda, arquitectura, mobiliário, grafismo e multimédia. O museu não só teve impacto no modo como o público olha para a estética, mas também alimentou a imaginação de muitos criativos que se inspiraram com o que viram no museu.


Com um número de visitantes crescente e um aumento da escala de exposições, a gestão sénior do Museu do Design começou a ponderar a possibilidade de mudar de instalações. Após anos de esforços, foi reservado um lote para o novo museu na Kensington High Street. Quando o novo museu abriu, as estimativas apontavam para que o número de visitantes superasse os 500 mil por ano. O museu incluirá uma zona de exposição permanente, duas exposições temporárias e 400m2 de espaços de formação. Lojas, restaurantes e cafés também estão previstos, com o objectivo de permitir que o público visite o museu de forma descontraída. Além das instalações para receber o público, o museu está equipado com estúdios para uso de designers-em-residência, uma biblioteca e instalações audiovisuais para fins educativos. Isto visa incentivar mais profissionais do sector a envolverem-se activamente nas actividades do museu, e facilitar a interacção entre os designers e as colecções do museu.


Um Museu Provocador


Para celebrar a abertura do novo museu, a organização apresentou uma exposição especial: “Medo e Amor: Reacções a um Mundo Complexo”. O objectivo é apresentar diferentes emoções geradas no seio das rápidas mudanças no mundo contemporâneo, como esperança, dúvida, frustração e raiva. Obras avant-garde de 11 designers e equipas de topo são apresentadas, incluindo Hussein Chalayan, Madeline Gannon, Andrés Jaque, Kenya Hara, Metahaven, Neri Oxman e Ma Ke, entre outros. A exposição conduz a um debate profundo sobre uma série de temas e tendências controversas, como sexualidade em rede, robots capazes de ter sensações, a chamada moda lenta e nómadas sedentários. A exposição assegura que o design está profundamente ligado não só ao comércio e à cultura como à esfera das emoções e do ambiente social. Isto mostra que o museu também assume o papel de facilitador de debates e de intercâmbio de ideias através da exibição de obras provocadoras. Isto não só permite repensar a relação entre o ego e os outros, mas também destacar valores universais e o multiculturalismo.