Walk in Hong Kong: passeios que mostram as preciosidades escondidas da cidade

10 2018 | 29a edição
Texto/Jasper Hou

A Walk in Hong Kong oferece passeios culturais imersivos através dos quais os turistas podem ter um vislumbre da cultura autêntica de Hong Kong. Uma operação conjunta de Paul Chan e Olivia Tang, a Walk in Hong Kong desenvolve passeios culturais que levam os visitantes a recantos de Hong Kong que raramente são visitados por viajantes, proporcionando oportunidades para os visitantes mergulharem no ambiente local. Cada um dos passeios da Walk in Hong Kong tem o seu próprio tema. Há, por exemplo, o passeio Good Evening Kowloon que leva os visitantes ao coração de Yau Ma Tei e Jordan. Há também um passeio caseiro autêntico chamado Knock Knock; um passeio por Sham Shui Po, que conta histórias das origens de Hong Kong; e o passeio Polaroid Film Tour, que apresenta cenas famosas dos filmes rodados em Hong Kong.


Explorar a indústria a partir de múltiplas perspectivas


A Walk in Hong Kong foi fundada em Agosto de 2013. Este ano, este operador oficial de passeios culturais chegou oficialmente aos cinco anos. “Fundei a Walk in Hong Kong porque gostava de explorar a cultura da cidade. Naquela época, havia uma falta de passeios culturais de qualidade em Hong Kong. Além disso, os passeios turísticos convencionais tiveram problemas de qualidade durante esse período. Escândalos como guias turísticos que se aproveitavam dos turistas não eram incomuns nos noticiários”, diz Paul Chan, explicando o que o levou a arrancar com a Walk in Hong Kong. “Ocorreu-me que estava na hora de fazer algo para melhorar a situação. Eu queria construir uma equipa competente e profissional que se dedicasse aos passeios culturais e operasse com um modelo de gestão corporativa padronizado.”

 

Actualmente, a equipa central de gestão da Walk in Hong Kong tem cerca de seis membros, nenhum deles da indústria tradicional de turismo. Chan, por exemplo, estudou Direito na universidade e trabalhou num departamento do governo por vários anos. Na sua perspectiva, para inovar os projectos de turismo, é importante ter na equipa membros de diferentes formações profissionais. Ele acredita que essa diversidade lhes permitirá explorar esta indústria em particular a partir de diferentes perspectivas. “Temos escritores, profissionais de média, académicos especializados em arquitectura histórica e críticos de cinema na nossa equipa. Isso permite-nos desenvolver passeios detalhados para diferentes temas. Atribuímos a nossa competência a esta diversidade”, diz Paul Chan.


Promoção activa e diversos serviços de negócios


Além de promoções nas redes sociais, a Walk in Hong Kong também penetra no mercado por meio de diferentes canais. “Temos lançado passeios com um significado cultural rico e temas únicos. Isto tem atraído a cobertura da comunicação social desde que começámos”, afirma Chan, dizendo que uma marca cultural deve contar com o seu conteúdo para atrair consumidores. “Os membros da nossa equipa, com diferentes backgrounds, são frequentemente convidados a partilhar as suas experiências culturais em plataformas de média. A exposição positiva que obtemos dos meios de comunicação culturais ajuda-nos a ganhar força através de nosso conteúdo.”


Até agora, a Walk in Hong Kong não é simplesmente mais um operador turístico. A equipa tem vindo a desenvolver vários outros serviços e actividades. As empresas também têm vindo a abordá-los em busca de cooperação. “No nosso terceiro ano, as empresas começaram a convidar-nos para cooperar no desenvolvimento de actividades ou programas extra-curriculares. Os nossos clientes incluem departamentos governamentais, universidades, empresas listadas na bolsa, hotéis, etc. Os negócios da nossa marca começaram a diversificar-se devido às novas oportunidades”, diz Olivia Tang.

 

Treino sistemático para guias turísticos


Os passeios da Walk in Hong Kong atraem potenciais consumidores e clientes empresariais por serem detalhados, locais e autênticos. Os passeios levam geralmente cerca de duas a três horas, com o preço a variar entre os HK $300 e HK $650, etc. De acordo com as estatísticas da marca, a maioria de seus clientes tem boa formação académica e um profundo interesse em cultura. Entre os clientes da Walk in Hong Kong estão estudantes universitários, profissionais da indústria cultural e até mesmo professores universitários, entre outros. A maioria dos clientes é ocidental, sendo que há também um grande número de clientes que são residentes locais de Hong Kong ou de Singapura. O perfil do cliente da Walk in Hong Kong gera naturalmente uma fasquia mais alta para os guias turísticos. “Investimos muitos recursos na triagem de potenciais guias e em dar-lhes formação relevante. Além das suas capacidades de comunicação bilíngues, também precisamos de treinar o modo como falam. Também valorizamos a sua personalidade e os seus conhecimentos culturais. Os guias turísticos que passarem pela nossa selecção irão depois receber formação sistemática no centro de formação montado pela Walk in Hong Kong”, explica Olivia Tang. “Depois de completarem a formação, eles tornam-se nossos guias oficiais. Espero que o conhecimento da cultura local dos nossos guias turísticos e o seu profissionalismo possam inspirar os visitantes que se inscrevem nos nossos passeios a ter a sua própria compreensão da cidade.”


Comercialização é essencial para o desenvolvimento sustentável dos passeios culturais


De acordo com Paul Chan, os edifícios antigos em Hong Kong não duram muito uma vez que as empresas imobiliárias privadas dominam o mercado. Nestas circunstâncias, muitas lojas antigas com significado histórico e cultural desapareceram na cidade. “Esperamos revelar os lados mais valiosos dos prédios antigos. Mas a coisa mais valiosa - a história de Hong Kong - é muito vulnerável ”, diz Chan, revelando que planeia estender os passeios culturais para outras áreas, como projectos de preservação do património cultural e as indústrias culturais e criativas, para construir um modelo de negócios que possa integrar diferentes indústrias e organizações.

 

“O governo e as organizações sem fins lucrativos costumam organizar passeios de graça. Pode promover a cultura local, mas não é sustentável. Esses passeios dependem de financiamento público ou de donativos para funcionarem. Se o dinheiro acabar, esses programas também morrem”, diz Chan. “Precisamos de combinar os passeios culturais com a indústria do turismo, num modelo de negócios para trazer o mercado para a área dos passeios culturais. Só assim podemos alcançar o desenvolvimento sustentável dos passeios culturais.”