Podem os Prémios de Música ser uma nova referência para o panorama musical de Macau?

09 2015 | 9a edição
Texto/Day Ng

Os Prémios de Música Pop da TDM (Best of the Pop Music Awards) distinguem todos os anos mais de dez músicos e são considerados um dos principais indicadores da música pop de Macau. Mas será que estes prémios são apenas troféus de prateleira? Ou será que podem ir além disso e trazer oportunidades valiosas para os músicos de Macau?


Este ano, os Prémios deram mais uma vez origem a 12 canções favoritas. O músico de Macau Joe Lei voltou a subir ao palco para receber um prémio. Lei, que já participou como jurado no evento e foi premiado múltiplas vezes, tem testemunhado da primeira fila, e também dos bastidores, os progressos deste evento. Nos últimos anos, Lei vestiu-se de forma descontraída para subir ao palco. Este ano, porém, viu-se rodeado de artistas elegantemente vestidos e não teve outra opção senão participar na cerimónia de fato. A qualidade das músicas tem variado ao longo dos anos e, mesmo não dando o seu melhor, Lei foi levando prémios para casa. Mas, com a melhoria da qualidade das apresentações, o músico já não olha para os Prémios de ânimo leve e dá o seu melhor no seu trabalho.


As edições anteriores do evento podem comparar-se a concursos de escrita: venciam os bons textos e melodias, e a diferença entre estes Prémios e outros concursos de criação musical era pouca. Mas durante a 13.ª edição valeu mais do que apenas a criatividade—toda a produção das músicas e mesmo a imagem e a performance tinham de atingir um nível elevado para sobressaírem. A maioria dos premiados deste ano teve o apoio de empresas de entretenimento da área da produção e da promoção. Bastou assistir à competição para perceber que as produtoras investiram ali muito trabalho: as coreografias tinham arranjos especiais, e estilistas foram contratados para transformar os artistas da cabeça aos pés. A TDM também não poupou na produção, criando um cenário animado e colorido, e iluminação de palco para realçar as actuações dos artistas.


“Gostar de ganhar e de juntar prémios é inerente à natureza humana. Os Prémios de Música Pop fizeram com que músicos e produtoras lutassem por um objectivo comum, uniu-nos para que produzíssemos boa música, e melhorou o nível geral da música de Macau através da competição”, diz Joe Lei.


O interior da China, Hong Kong e Taiwan, com uma produção de competições musicais mais madura e influente, tornaram-se num “lago” onde as maiores produtoras de entretenimento vão “pescar” prémios. Aqui não é dada atenção adicional a músicos excepcionais, especialmente aos independentes. “Na Rádio Comercial de Hong Kong, é quase impossível ouvir um cantor menos conhecido ou esperar que receba um prémio assim do nada.”


Antes da cerimónia de entrega dos prémios deste ano, Lei não conhecia praticamente nenhuma das músicas premiadas. Mas, depois de as conhecer, reconheceu o seu valor. “Não há 100 por cento de justiça quando se atribuem prémios, mas pelo menos os Prémios de Música Pop ainda recomendam músicos com talento real, independentemente da sua reputação e de serem ou não apoiados por empresas.” Compete agora à TDM decidir se o evento se vai tornar ou não no campo de batalha das produtoras.


No estrangeiro, os artistas que participam em cerimónias de prémios de música de maior dimensão têm todas as atenções viradas para si nessa noite em particular, e tornam-se famosos. Vão, além disso, ligar-se a produtoras ainda melhores e pisar palcos ainda maiores—é uma oportunidade importante para desenvolverem a sua carreira musical. Lei lamenta que, neste momento, os prémios de música de Macau possam apenas estimular os músicos dando-lhes destaque por uma noite e não ofereçam oportunidades mais concretas.


“Não pensem que vão sair de Macau e ser descobertos por produtoras de Hong Kong—nem sequer o governo de Macau está a criar oportunidades para os cantores actuarem.” Lei espera que a TDM e o governo criem mais oportunidades para os premiados actuarem em palco, para que dessa forma o público fique a conhecê-los.


Acrescentar mais temporadas aos Prémios de Música Pop é uma das formas de aumentar a influência desta competição. A banda local Blademark tem vindo a participar no concurso há vários anos. Acreditam que o período de selecção de três meses não é suficiente para o público ouvir todas as 60 músicas. Organizar competições duas vezes por ano pode ser uma mais-valia para os músicos.


Muitos dos cantores e bandas participantes olham para a ocasião como uma mera oportunidade tentarem um “golpe de mestre” e para a cooperação entre várias indústrias. Este tipo de ambiente descontraído e empreendedor fez que com muitos músicos, incluindo Joe Lei, valorizassem os Prémios. Mas sendo este o concurso de música de maior escala em Macau, tem o dever de ajudar a indústria de música local, que vai tentando avançar com passos hesitantes.