Pensar em conjunto: Fórum para as Indústrias Culturais (Macau) 2015

08 2015 | 8a edição
Texto/Wong Io Man

O Fórum para as Indústrias Culturais (Macau) 2015, uma iniciativa conjunta da Associação de Intercâmbio de Cultura Chinesa e do Instituto das Indústrias Culturais da Universidade de Pequim, decorreu com êxito em Maio. Representantes da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, especialistas e académicos de todo o mundo reuniram-se para pensar sobre o futuro do desenvolvimento das indústrias culturais e criativas de Macau.


De acordo com Ieng Weng Fat, membro do Conselho para as Indústrias Culturais (CIC), que participou no fórum, o evento foi um grande sucesso. Criou-se espaço para intercâmbios profundos, o que pode beneficiar o futuro das indústrias culturais e criativas de Macau. “Um dos discursos que mais me impressionou foi o de Li Yongping, antiga vice-presidente da câmara da cidade de Taipé. Ela acredita que Macau deveria ‘voltar ao ponto de partida’ para reflectir sobre o seu posicionamento e ‘acalmar’ diante do rápido desenvolvimento. Ao longo de mais de uma década, desde a transferência de soberania e do boom da indústria do jogo, temos estado ocupados e muito do que fizemos foi bastante passivo. Como deve ser o planeamento geral de Macau? Quais são as metas de Macau? É necessário tempo para pensar sobre tudo isto”, diz Ieng.


O professor Sher Jih Hsin, director do Centro de Estudos Culturais e Criativos da Ásia-Pacífico, foi directo ao assunto: “Os produtos criativos e culturais em Macau têm falta de originalidade e de características que toquem no coração das pessoas”. De acordo com Ieng, durante o fórum alguns especialistas salientaram que o design é o núcleo das indústrias culturais e criativas. O Reino Unido, por exemplo, atribui grande importância ao design. Ao longo do último século, todos os tipos de teorias têm sido integradas no mobiliário do dia-a-dia no Reino Unido, como a ergonomia e as alusões, formando um “valor duplo”. “Por isso, alguns académicos pensam que as indústrias culturais e criativas têm que ver com a experiência. O público não precisa tanto da funcionalidade, e é aqui que o valor das indústrias culturais e criativas é demonstrado—ao nível espiritual. Este tipo de experiência espiritual é interpretado através das histórias que estão por detrás dos produtos.”


Relativamente a este ponto, muitos peritos deixaram todo o tipo de sugestões interessantes para Macau: como não conseguimos encontrar uma posição para Macau, por que não convidamos o mundo a apresentar propostas sobre “o que é Macau?” Durante o fórum, o professor sul-coreano Lee Yong-koo sugeriu a criação de um “banco de histórias”. Para Ieng, “uma grande componente das indústrias culturais e criativas é ‘contar histórias’. A indústria não se reduz puramente aos produtos comerciais”.


Por outro lado, o professor Xiang Yong, vice-reitor do Instituto das Indústrias Culturais da Universidade de Pequim, realça que Macau é uma plataforma, mas não um mercado. “Macau tem uma população pequena de mais para operar sozinha. Por isso, Macau deve fazer bom uso das plataformas comerciais da internet e estabelecer centros de estudo globais para ‘criar um grupo de cérebros’ e atrair mestres de todo o mundo com boas ofertas”.


No encontro, Xiang Yong sugeriu ainda que “para mudar a percepção da cultura, uma pessoa tem de reconhecer de forma racional a diferença entre o papel de uma empresa cultural e da indústria cultural e, ao mesmo tempo, prestar atenção à integração das duas”. Ieng Weng Fat também deu a sua opinião sobre este aspecto: “Primeiramente, as empresas culturais incluem aspectos formados em conjunto por uma comunidade, como o património mundial. O governo tem de liderar a participação cívica. O objectivo é, sobretudo, gerar efeitos sociais, fazendo com que estas empresas se tornem numa parte da cultura de Macau. Os residentes vão reconhecer de forma gradual esta cultura histórica e estabelecer um sentido de pertença. Já a indústria cultural refere-se às actividades comercias que envolvem conteúdos culturais e que têm como finalidade gerar lucros comerciais. E como podem as empresas culturais integrar-se com a indústria cultural? O Departamento de Promoção das Indústrias Culturais e Criativas (DPICC), sob a alçada do Instituto Cultural, é um elemento importante. À superfície, o DPICC apoia a industrialização das empresas culturais. O processo de conversão ocorre de uma empresa para uma indústria. Sempre pensei que a alma das indústrias culturais era a literatura. Macau deve promover substancialmente o desenvolvimento da literatura e isso não acontece simplesmente da noite para o dia. Macau tem um pequeno número de habitantes e é necessário importar talentos para desenvolver a cultura local, fortalecendo, desta forma, a nossa indústria. Por essa razão, as empresas culturais e a indústria cultural devem conhecer a sua relação mútua, e não podem ser confundidas.”