Mr. Shi and His Lover─A arte teatral que transforma “restrição” em “delicadeza”

02 2018 | 25a edição
Texto/Jasper Hou

Coproduzido pelo Grupo de Teatro Experimental de "Pequena Cidade", pela Point View Art Association, ambos de Macau, e pelo Music Picnic, Toronto, o teatro musical Mr. Shi and His Lover (adiante designado por "Mr. Shi") arrancou a digressão em Toronto e Ottawa, Canadá, entre Novembro de 2017 e Janeiro de 2018. Mr. Shi é reconhecido pela agência de notícias canadiana The Globe and Mail como uma das dez melhores peças de teatro de 2017. O encenador, Johnny Tam, levou para fora de Macau esta peça repleta de um teor de mistério e espionagem, conspiração política e imaginação romântica, e integrada nas culturas ocidental e oriental, permitindo que o teatro musical elaborado pela equipa teatral local seja conhecido pela primeira vez pela audiência internacional. 


Um "Teatro de Música" inovador que se posiciona entre um teatro musical e uma ópera 


Adaptado da ópera Madama Butterfly, Mr. Shi captou a atenção do mercado imediatamente depois de subir ao palco internacional. Ao interpretar uma única história a partir de perspectivas diferentes, a equipa de produção conseguiu conferir a toda a peça um véu de mistério. Paralelamente, os assuntos abordados pelo próprio conteúdo são controversos na sociedade, incluindo a homossexualidade, a crença religiosa e a identidade étnica. O director artístico e director do Grupo de Teatro, Johnny, possui uma rica experiência em encenação de peças teatrais e planeamento de dramas. "A história ocorreu na capital chinesa, pelo que, os actores precisam de falar mandarim e são inseridos na peça elementos da ópera de Pequim. Ao longo do processo de produção, a equipa aprendeu conjuntamente o mandarim de Pequim e a ópera local, tendo ainda estudado lá meio mês, com vista a elevar a essência da obra", disse ele. 


Neste sentido, a obra rompeu com as tradicionais formas de actuação teatral. Após a encenação, foi descrita por argumemtistas internacionais de drama como "nova forma de teatro de música". "Trata-se de uma forma artística que se posiciona entre um teatro musical e uma ópera, a qual ultrapassa a narração directa da história de teatros musicais e rompe com as tradicionais formas das óperas que se focam na música clássica", adianta Johnny. 


Um drama independente de Macau com fama no exterior


Ao falar sobre como levar obras locais para o exterior, Johnny apontou duas orientações. A primeira diz respeito à venda de obras. Por exemplo, no princípio de 2017, a equipa de Mr. Shi apresentou a obra no TPAM─Performing Arts Meeting em Yokohama, Japão, para a apreciação de produtores e directores artísticos de teatros de vários países, no sentido de encontrar "compradores" adequados. 


A outra orientação é participar em festivais de teatro em diferentes regiões, para que os actores tenham contacto com mais audiências e se desenvolvam através da expansão da notoriedade da obra. O Grupo de Teatro foi a Xangai e ao Canadá participar em festivais internacionais de teatro e foi durante a actividade em que Mr. Shi obteve o apreço de um teatro local do Canadá, tornando-se o primeiro teatro musical produzido de forma independente em Macau a ser encenado consecutivamente no estrageiro. Johnny planeia ainda levar a obra à Europa e aos Estados Unidos, entre outros locais, para ser encenado de modo itinerante. 


A manifestação da industrialização da arte teatral de Macau


Quando uma obra chega à fase de industrialização, dever-se-á estimular o desenvolvimento conjunto das indústrias com que se relaciona, alcançando um modo de operação relativamente estável. Actualmente, o Grupo de Teatro Experimental de "Pequena Cidade" tem uma relação de cooperação estável com equipas independentes de produção de teatro de Macau. Segundo Johnny, "De momento, o Grupo de Teatro foca-se principalmente na criação e interpretação, enquanto a equipa de produção se dedica à produção de música e efeitos de luz das obras, ou até à atracção de investimento no mercado, entre outros serviços, agilizando desta forma o desenvolvimento comum das equipas de produção locais de Macau e contribuindo para a complementaridade das suas potencialidades". No futuro, o Grupo de Teatro tenciona procurar mais parceria de cooperação em várias modalidades, com o intuito de concretizar o desenvolvimento simbiótico da cadeia industrial da arte teatral. 


Johnny considera que ter regularmente oportunidades de encenação se trata de uma parte importante da industrialização do teatro. O Grupo de Teatro assinou um contrato de actuação em épocas teatrais fixas com um teatro do Canadá, ao abrigo do qual este assume todas as despesas durante a encenação, o que manifesta as características da industrialização do Grupo de Teatro. 


A indústria da arte teatral que transforma "restrição" em "delicadeza"


Não faltam obras de boa qualidade no mercado da arte teatral de Macau, só que as mesmas são raramente atendidas pelas pessoas. De acordo com Johnny, todos os lugares têm a sua própria ecologia industrial, possuindo vantagens, mas ao mesmo tempo enfrentando "restrições". "Uma boa parte do teatro de Macau é de pequena dimensão. Com recursos e condições de produção 'limitadas', como uma obra de produção pequena mas delicada se pode distinguir dos teatros de outros lugares e deixar à audiência surpreendente é uma questão que merece a reflexão do mercado da arte teatral de Macau", disse. 


Johnny reparou ainda no surgimento de caras novas nos realizadores locais no mercado cinematográfico, os quais se destacam com as suas obras de excelência em festivais de filmes de locais diversos, tendo encontrado o mercado e a audiência-alvo. O encenador tem a mesma esperança em relação ao teatro. "Espero que os criadores de teatro possam transmitir mais pontos de vista em torno da vida, da arte e da cidade nas suas obras e ao mesmo tempo participem activamente em diferentes lugares, para que as obras excelentes possam ser exibidas no palco internacional, permitindo ao mundo conhecer as nossas características culturais singulares", disse.