CRAXH – O Guru Multimédia de Macau

04 2017 | 20a edição
Texto/Lei Ka Io

Há seis anos, vários licenciados em design multimédia tinham a ardente ambição de causar impacto em Macau com as suas próprias produções multimédia. Baptizaram o seu estúdio de “CRAXH”, uma variante da palavra “crash”. Além de pretenderem ter impacto nos efeitos visuais, procuravam uma mudança no mercado. Até há não muito tempo, os departamentos governamentais, bem como empresas das mais variadas dimensões, encomendavam a produção de vídeos promocionais animados a empresas de fora de Macau. Mas, agora, segundo Marble Leong, da CRAXH “os anúncios animados feitos em Macau não são nada maus.”


Em 2011, os fundadores deste projecto decidiram iniciar um negócio. Um dos sócios, Wallace Chan, conta: “Na altura, pensei que só faria o que realmente me interessa após deixar a escola”. O seu âmbito de serviços abrange o que aprenderam quando estudavam no Instituto Politécnico de Macau. Destacam-se sobretudo em web design, efeitos especiais para animação e produção de vídeo.


Outro sócio, Hugo Chang, lembra que, de início, a CRAXH não tinha nome na indústria. Sendo gestor da empresa, ele teve de assumir a total responsabilidade pelos vários aspectos do negócio. Descobriu, então, que, depois de deduzidos todos os custos, pouca receita restava. Nesses anos, a economia de Macau estava a crescer e a maioria dos seus colegas de curso que obtiveram empregos a tempo inteiro conseguiram ganhar bom dinheiro. A área do design gráfico é extremamente competitiva. Em vez disso, a CRAXH concentrou-se no design multimédia e, actualmente, lidera neste sector, que em Macau ainda se encontra numa fase embrionária. Chan complementa: “Parece que tomámos a decisão certa ao concentrarmo-nos no design multimédia desde o início”.


Numa economia em crescimento, as pequenas e médias empresas (PME) têm mais recursos disponíveis para construir uma marca. Com o papel essencial das redes sociais no marketing e a rápida mudança de tendências no design, as empresas e os departamentos governamentais já não adoptam uma abordagem conservadora quando se trata de publicidade. “Não vou dizer que o design pode desempenhar um papel na mudança da sociedade. Mas ele tem realmente o seu valor e pode acrescentar valor cultural, bem como comercial, a uma marca.”


Chan está encarregue do web design na CRAXH. Ele salienta que, no passado, as empresas tinham de confiar em especialistas de tecnologia da informação (TI) para criar um site. A funcionalidade vinha, muitas vezes, em primeiro lugar, sendo a estética secundária. Nessa altura, um design amigável não era uma necessidade. “As pessoas podem não ver nada de errado nessa abordagem, mas, para mim, esses designs feriam a vista.” Só em 2010 o design plano no interface do utilizador se tornou tão popular que elementos estilísticos como o uso de sombras foram eliminados. Seguindo a tendência, muitas PME e associações renovaram os seus sites oficiais, o que se tornou numa oportunidade de negócio para a CRAXH.


Outra grande fonte de rendimento da CRAXH é a produção de curtas-metragens de animação. Não é tarefa fácil fazer um vídeo que comemora o Natal com uma figura animada pulando para cima e para baixo, ou um vídeo com uma fotografia em 360 graus de um produto. É necessária perícia para criar com precisão cada movimento animado. Jogando pelo seguro, algumas entidades recorrem a empresas estrangeiras para assumir tais produções. Mas essas empresas, por vezes, subcontratam a CRAXH para concluir algumas tarefas do processo. “Não existem muitas pessoas a trabalhar no campo dos efeitos especiais e animação em 3D em Macau. Isso faz com que se pense que, na nossa cidade, ninguém sabe fazê-lo”, diz Leong. “E nós somos, na verdade, uma prova de que há pessoas capazes de concretizar grandes projectos em Macau.”


Leong sempre foi apaixonado por animação. Em 2015, foi responsável pela campanha de aniversário de um banco. Em vez de recorrer aos tradicionais dísticos com foguetes para a celebração, ele pensou em combinar a dança do leão real com uma animação 3D no vídeo promocional. Porém, o cliente tinha dúvidas quanto a isso. Leong pesquisou sobre a possibilidade de uma tal campanha, reviu a proposta, reuniu-se novamente com o cliente e, passo a passo, persuadiu-o a renovar a imagem corporativa. Até pagou do seu bolso a quem fez a dança do leão e à equipa de filmagens. Depois de três meses de esforço, na véspera do Ano Novo Chinês, a edição final do vídeo ficou pronta. “Quando a promoção foi divulgada, as pessoas perguntaram-me se o vídeo tinha sido feito por mim.”


Outra história de sucesso da CRAXH refere-se à sua colaboração com um fabricante de electrodomésticos no Interior da China. A empresa queria apresentar-se numa feira nos Estados Unidos da América, pelo que contratou uma firma de design norte-americana para fazer um vídeo publicitário. No entanto, este ficou longe da perfeição e, no final, a empresa recorreu à CRAXH para consertar o estrago.


Actualmente, a CRAXH é composta por quatro sócios, uma pessoa a tempo inteiro e outra a tempo parcial. Há planos para contratar mais talentos. Chan e Leong lembraram que começaram do zero. Todos os membros da equipa trabalharam arduamente para pôr de pé o estúdio com os equipamentos necessários. Será que eles já pensaram em desistir? Se sim, por que motivo? Com um sorriso, Chan diz que só ponderaria desistir da sua carreira por motivos de saúde. Leong explica que os designers têm muito pouco tempo para si próprios, pois é comum os clientes quererem mudanças de última hora e os designers terem de as fazer de imediato. “Certa vez, tive uma agenda tão caótica que fiquei um mês sem ir a casa.” Mas todos adoram o que fazem. Leong declara: “Tenho uma série de momentos maravilhosos vividos na CRAXH e sinto-me orgulhoso disso. Estaria arrependido se me tivesse decidido empregar como funcionário de escritório”.