A Mi Manera é um famoso restaurante de pizza em Havana. Situado no centro da cidade, o restaurante fica num bairro que raramente é visitado por turistas. A maioria dos clientes da A Mi Manera são residentes locais. Esta pizzaria não só vende iguarias saborosas, mas também um legado construído pela sabedoria do povo cubano para superar as dificuldades.

Em 1993, o governo cubano levantou restrições às actividades comerciais e começou a permitir que o povo cubano abrisse restaurantes particulares nas suas casas. Desde então, começaram a aparecer todo o tipo de restaurantes criativos que agora se podem visitar em Cuba. Quem visita Cuba já não precisa de suportar mau serviço e pratos simples em restaurantes estatais. Mas é claro que é preciso pagar preços semelhantes aos dos restaurantes ocidentais para provar as especialidades oferecidas nestes restaurantes particulares. Uma despesa como esta não está acessível ao povo cubano, pois o rendimento mensal médio em Cuba é de apenas 25 dólares norte-americanos.

A Mi Manera significa “à minha maneira”. O restaurante fica no último andar de um prédio, o que é bastante inconveniente para os clientes subirem e descerem. Também há falta de espaço para refeições. Dadas estas restrições físicas, o A Mi Manera decidiu fazer “voar” a sua pizza do telhado para os seus clientes. As pizzas são descidas do quarto andar para o piso térreo através de uma grade frontal de uma ventoinha. Depois, o cliente pode simplesmente pegar na pizza e seguir caminho. Embora as pizzas do A Mi Manera tenham um preço mais alto do que outras pizzarias que os locais costumam frequentar, elas têm no entanto um óptimo sabor (a melhor refeição que eu já comi em Cuba). Por causa das suas saborosas pizzas, o A Mi Manera é frequentemente inundado de clientes, vendendo cerca de 900 pizzas por semana. Diz-se que muitas pessoas vêm de outras cidades para comprar pizzas no A Mi Manera.

O famoso restaurante privado San Cristóbal não fica muito longe do A Mi Manera. San Cristóbal ganhou uma grande reputação após a visita do ex-presidente dos EUA, Barack Obama. A decoração do restaurante é semelhante à da casa de uma avó. Vêem-se pilhas de antiguidades no San Cristóbal. Com um design interior chique, o restaurante apresenta uma toada nostálgica aos seus clientes, o que certamente satisfará a expectativa daqueles que visitam Cuba. Cuba não tem recursos para moda ou luxo. Em geral, não se encontram muitas coisas interessantes nas lojas comuns. É por isso que é natural que restaurantes e lojas cubanas procurem um design chique, que combina com a própria voz de Cuba. Quanto aos pratos oferecidos no San Cristóbal, pessoalmente acho que podem encaixar na categoria de “são ok, considerando a falta de recursos aqui”. No entanto, é possível experimentar facilmente dois mundos diferentes de Havana nestes restaurantes. Os empregados aqui usam relógios da Apple. Muitas pessoas abandonam os seus empregos para vir servir à mesa aqui, porque têm a oportunidade de receber em moeda estrangeira. As gorjetas que recebem num dia podem igualar o salário que as pessoas comuns ganham por mês.

A urgência em utilizar a criatividade é estabelecida pela falta de materiais. As duradouras sanções económicas imposta pelo governo dos EUA não vergaram Cuba, pequeno país do Caribe. Cuba abriu posteriormente as suas fronteira aos turistas e lançou várias reformas que ainda parecem por fazer agora. O governo incentiva os locais a usar as suas casas para alojar turistas quando há falta de quartos de hotel. Talvez o Airbnb tenha sido inspirado por isto? Quando há escassez de combustíveis fósseis, Cuba incentiva o seu povo a andar mais de bicicleta. Na verdade, Cuba comprou um milhão de bicicletas à China. Quanto a situações em que há falta de comida, os locais são incentivados a cultivar os seus próprios produtos frescos no quintal, o que é mais económico e saudável. Estes são exatamente os estilos de vida de baixo carbono que estão em voga hoje. Mas eles estão já muito nos genes do povo cubano. A diferença aqui é que o povo não teve muitas opções ao escolher o seu modo de vida.

Os viajantes que estiveram em Cuba queixam-se sempre do serviço de Internet. Não é apenas lento, mas também muito caro e inconveniente. No entanto, é surpreendente a familiaridade dos locais com a cultura pop ocidental. A sua exposição à influência da cultura ocidental é atribuída a El Paquete.

Como é que o povo cubano fura as restrições da Internet impostas pelo governo e a sua velocidade extremamente lenta? Para ter mais acesso à Internet, o povo cubano desenvolveu o El Paquete. Trata-se de um método muito simples de partilhar informação. Os cubanos que vivem no exterior descarregam conteúdo interessante da Internet para discos rígidos todas as semanas e depois fazem-nos chegar a Cuba por via do contrabando. Os locais precisam apenas pagar um ou dois dólares para terem acesso à rede paralela e fazerem download do conteúdo dos discos rígidos. O conteúdo disponível inclui filmes de Hollywood, jornais digitais e outras publicações, aplicações para smartphones e computadores, etc. Isto também inclui informação de comércio electrónico semelhante à do Taobao. El Paquete é actualizado semanalmente, permitindo que os cubanos que têm acesso limitado à Internet também acompanhem o desenvolvimento do mundo.

A Internet contribui inegavelmente para o mundo. Agora, porém, vivemos num mundo sobrecarregado de informação, onde sempre estamos distraídos com os nosso smartphone e a Internet. Isto não nos traz necessariamente mais alegria. É agradável viver em Cuba? Esta não é uma pergunta simples de responder. O que pude ver foi a capacidade do povo cubano para usar a criatividade ao viver sua vida, mesmo com recursos limitados, e encontrando alegria sem usar diferentes tipos de tecnologia avançada.