Os bastidores da música pop em Macau

07 2015 | 7a edição
Texto/Jason Leong, Fong Son Wa e Leong Chan Iok

Macau tem sido desde sempre fortemente influenciada pela indústria da música pop de Hong Kong e os artistas da cidade olharam sempre para o exterior em busca de novas oportunidades. Mas nos últimos tempos, com o aparecimento de empresas de produção e entretenimento em Macau, algumas das quais apostam em artistas com potencial, começam a vislumbrar novos caminhos e oportunidades de trabalho para os talentos na área do entretenimento. Para tentar perceber quais são as perspectivas dos artistas locais, falámos com três produtoras estabelecidas em Macau.

 

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A ambição da Chessman Entertainment

 

“Crescemos a ver e a seguir de perto o panorama dos média de Hong Kong. Fico a imaginar como seria se um dia a indústria da música de Macau conseguisse dar um salto e ultrapassar o panorama do entretenimento de Hong Kong—talvez tornar-se mesmo na melhor da Ásia”, dizem os fundadores da empresa Chessman Entertainment & Production Co., Jones Chong Cho Lam e Lawrence Che Fok Seng.

 

Criada em 2001 por Chong, Che e ainda Terence Chui Chi Iong, a empresa Chessman Entertainment especializou-se na produção de palco e formação profissional de músicos locais e profissionais de bastidores. Com o objectivo de promover as empresas de entretenimento de Macau, a produtora, composta inicialmente pelos três membros fundadores, expandiu-se e conta hoje com uma equipa de 50 pessoas. No ano passado, a Chessman Entertainment também estabeleceu uma empresa em Hong Kong para aí explorar o mercado do entretenimento.

 

Chong recorda: “No início, quando criámos a Chessman Entertainment, Macau tinha uma economia insignificante e os artistas de palco e profissionais de bastidores trabalhavam a tempo parcial ou de forma amadora. Os artistas cantavam apenas as músicas pop que já tinham tido êxito em Hong Kong e, por isso, essa falta de originalidade não conquistou os corações dos locais e muito menos do público no estrangeiro.” Após o surto da SRAS (síndrome respiratória aguda severa), a indústria do entretenimento de Hong Kong e Macau foi afectada e o negócio da Chessman Entertainment também foi fortemente atingido. Para enfrentar os tempos difíceis, a empresa teve de recorrer a empréstimos. Chong foi perseverante e, graças ao crescimento da indústria do jogo em Macau, a empresa renovou a confiança.

 

“Na última década, alguns artistas emergentes de Macau, tais como Terence Chui e Vivian Chan, ganharam notoriedade em Hong Kong, apesar de o seu sucesso ser inesperado”, nota Chong com orgulho.

 

Acontece que estes artistas de sucesso não se destacaram como artistas de Macau e são vistos pelo público de língua chinesa como cantores de Hong Kong. Tendo ambos alcançado a fama muito recentemente, o desenvolvimento da carreira musical de Vivian Chan ainda não é visível, enquanto Terence Chui, que trabalha na indústria há já algum tempo, é segundo um dos principais agentes, Paco Wong, um artista que ainda não se conseguiu transformar num cantor de topo. No entanto, músicas de Chui, como é o caso de Pets, provaram ser um grande êxito. A Song, por exemplo, venceu em 2012 o prémio Top Ten TVB Music Award de Hong Kong.

 

O sucesso da Chessman Entertainment no sector atraiu investimento de empresas e fundos privados. Nos últimos anos, a empresa aventurou-se com êxito no mercado fora de Macau. A Chessman Entertainment & Production (HK) Co. Ltd. foi então criada em conjunto com o artista Bob Lam, de Hong Kong, com o objectivo de chegar ao mercado lucrativo da região vizinha.

 

“Com um reduzido número de habitantes e um limitado mercado doméstico, temos de agarrar as oportunidades em Hong Kong”, diz Chong. O responsável aponta também que, sendo Hong Kong um dos mais importantes mercados de entretenimento de língua chinesa, a Chessman Entertainment está a planear a entrada na bolsa de valores da região. Além disso, a empresa também quer aventurar-se nas próximas duas décadas no Interior do país ou na região da Grande China, sendo Hong Kong o ponto de partida.

 

Che acredita que este é só o início do desafio. “O maior problema que enfrentamos é a falta de talentos. Em Macau, os trabalhos bem remunerados do sector privado e público fizeram com que muitos desistissem de seguir uma carreira na área do entretenimento. Por isso, o nosso novo desafio é fazer com que o público se volte a familiarizar com a indústria do entretenimento de Macau e se aperceba de que existem oportunidades para alguns artistas alcançaram fama e sucesso financeiro. A Chessman Entertainment tem interesse em formar talentos locais, dando-lhes oportunidades de se desenvolverem em Hong Kong e no Interior da China, e em criar uma equipa de artistas de entretenimento internacionalmente conhecida.”