100 Plus Música: sucesso musical dentro de portas

07 2015 | 7a edição
Texto/Jason Leong, Fong Son Wa e Leong Chan Iok

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100 Plus Música: sucesso musical dentro de portas

 

Gaby Ho, também conhecido no sector como Drumstick (baqueta de bateria), é um elemento chave da 100 Plus Música. A tocar num grupo de música, Ho começou a sua carreira nos anos 1990 e viveu de perto a era dourada do cantopop. No início da sua carreira musical, aventurou-se pela composição musical. “Em 2002, compus dez músicas em apenas dois meses. No final, consegui vender apenas uma música por três mil patacas.” Com este trabalho, Ho apercebeu-se da importância de ganhar a vida. Se tivesse sorte, poderia ganhar outras três mil patacas num período de dois meses mas, mesmo assim, este rendimento mensal não seria suficiente.

 

“Pouco depois, com o surto da SRAS, o governo comprometeu-se a revitalizar a economia aumentando o financiamento dado às artes. Nesse período foi-me dada a oportunidade de trabalhar na coordenação e apoio à organização de concertos.” Ho admite que a sua carreira foi influenciada por um misto de sorte conjugada com as oportunidades certas. “Um bom concerto não acontece sem boa iluminação e sonorização e, tendo isto em conta, decidi desenvolver as minhas capacidades nesta área”, conta. Em 2004, Ho estabeleceu com um parceiro a 100 Plus Música e a Companhia de Engenharia Áudio e Iluminação Venus Limitada.

 

Nos últimos 11 anos, a 100 Plus Música afirmou-se na área da dobragem, da gravação e produção de música, alargando também a sua actividade à organização de concertos. “Temos apoiado anualmente o HUSH!! Maratona de Rock do Centro Cultural. Além disso, organizações como o Centro de Ciência de Macau e outros complexos de entretenimento encomendaram-nos trabalhos de dobragem ou gravações em estúdio.” No entanto, apesar da produção musical continuar a ser a principal actividade da empresa, a maior fonte de rendimento é o aluguer de equipamento de iluminação e de efeitos sonoros.

 

“É praticamente impossível viver da composição e arranjos musicais em Macau. Ainda que a maioria da população em Macau goste da música feita por artistas locais, tende a apoiar apenas aqueles com quem está familiarizada.” Não é difícil imaginar os desafios presentes no mundo da música pop de Macau. Por outras palavras, a popularidade dos músicos não depende tanto de aspectos como a inovação, o tema da música ou o estilo performativo dos artistas, mas das relações e da familiaridade com o público. Afinal, a população de Macau ainda não está preparada para a música local. Por outro lado, a 100 Plus Música persistiu na sua estratégia de composição musical e produção de concertos, o que provou ser eficaz. “Para dizer a verdade, a composição musical é apenas uma parte do nosso trabalho, e ainda não conseguimos fazer dinheiro com isso.”

 

Apesar de tudo, a 100 Plus Música começou a trabalhar com duas bandas: Blademark e Catalyser. Ho acredita que o trabalho árduo é a chave para o sucesso. “Este ano, contratámos uma equipa profissional para publicitar as duas bandas. A jovem banda Catalyser adquiriu bastante experiência ao tocar em Macau, enquanto os Blademark, um grupo de música mais maduro, participou em festivais de música em Taiwan, Tunghai e Beishan, divulgando o seu trabalho fora de Macau.”

 

A música pop do território seguiu desde sempre as tendências musicais do exterior mas, agora que a música chinesa atingiu um ponto de saturação em toda a região, o seu futuro desenvolvimento tornou-se numa fonte de preocupação para os músicos e para o público. Ho não consegue prever o que aí vem. “Na minha opinião, a música de Macau pode ser dividida em quatro fases: o período anterior a 1995, em que se imitava o estilo de música de Hong Kong; seguindo-se um período mais focado na música pop local entre 1995 e 2005; o desenvolvimento e melhoria dos nossos próprios produtos e produção criativa entre 2005 a 2015; e a fase de ‘estranheza’ em que entrámos agora.”

 

E o que é que implica esta “estranheza”? “Por exemplo, estamos a transformar a composição musical ao criar músicas que não ultrapassam um minuto. Ao mesmo tempo, esperamos que as letras sejam profundas e correspondam a alguns aspectos da realidade, para que assim o público tenha maior facilidade em relacionar-se com elas. Neste sentido, as músicas são uma reacção ao que está a acontecer na sociedade”, diz Ho.

 

“Penso que é quase impossível promover a música de Macau nos mercados estrangeiros da mesma forma que se fazia antigamente. Mesmo para um artista talentoso, a presença em vários concertos requer um orçamento ilimitado para a promoção. Por outras palavras, na música pop, não se inova sem reformas.”