Mais do que apenas moda: designs divertidos e práticos de Macau

04 2020 | 38a edição
Texto/Por Lai Chou In

Se abrir o guarda-fatos e olhar para a sua colecção de vestuário, quantas das peças são da autoria de marcas de moda de Macau? Nos últimos anos, a indústria da moda em Macau tem emergido. Várias marcas têm vindo a tentar atrair mais consumidores e a aumentar a sua exposição no mercado através da integração de aspectos funcionais nos seus designs, tornando os artigos mais confortáveis de vestir e apresentando novas funcionalidades. Nesta edição, convidamos três marcas de moda locais do sector dos pijamas, calçado e fatos-de-banho a partilhar connosco a sua jornada empreendedora e a sua filosofia de negócio.


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Pijamas MACON: sensações divertidas e agradáveis

 

O sector de produção têxtil em Macau já não está em rápida ascensão. Porém, nos últimos anos, os fabricantes locais de vestuário têm continuado a esforçar-se por provocar mudanças, na esperança de encontrar novos rumos para a actividade com base nos negócios que já possuem. Foi assim que nasceu a marca de moda original MACON. Desde a sua criação, a MACON tem produzido colecções de moda direccionadas para a roupa de vestir em casa (também conhecida como homewear). A empresa começou por lançar pijamas com fragrâncias, que, além de integrarem aspectos estéticos e de design, apelam à diversão e ao olfacto.

 

Aumentar a procura de roupa elegante para vestir em casa

 

A MACON foi fundada em 2013. Tendo em conta que a Fabrica de Artigos de Vestuario Fu Son, de Macau, tem tido sucesso na produção e exportação de roupa informal e que Macau passa uma imagem de cidade de turismo e lazer, a directora-geral da marca, Jane Chan, afirma que a MACON está direccionada sobretudo para o vestuário informal feminino. A empresa abriu duas lojas físicas em Zhongshan e tem pontos à consignação em Hong Kong e Macau. “Após vários anos de desenvolvimento, a MACON conseguiu uma base de fãs que nos consultam regularmente para saber se há produtos adequados para os seus filhos ou para as pessoas de quem gostam”, revelou Chan. Nos últimos anos, assistimos a um crescimento da cultura slasher, em que as pessoas se dedicam a duas ou mais actividades profissionais, e muitas dessas pessoas optam por trabalhar a partir de casa. Por esse motivo, agora há padrões mais elevados para a homewear. Isto impulsionou Chan e a sua equipa a preparar uma nova linha de produtos de homewear no ano passado.

 

Uma combinação de diversão e moda

 

Os primeiros produtos lançados pela linha lateral de homewear foram os Fragrant Pyjamas, co-produzidos pela MACON e pela jovem designer local Cheng Chi Auntie. Os pijamas com fragrância possuem um design delicado e são produzidos com tecidos confortáveis e capazes de difundir odores agradáveis. Os consumidores podem escolher de entre seis aromas, entre os quais se contam o chá de bolhas, o mel ou o pêssego. Segundo Chan, o produto adopta uma tecnologia que permite que a fragrância dos pijamas seja activada pelo calor corporal dos consumidores. “Quando os nossos clientes vestem os pijamas, o seu calor corporal activa o aroma e os pijamas começam a difundir o odor perfumado”, explica Chan. “A fragrância é capaz de permanecer nos pijamas pelo menos um ano e não sai com as lavagens.”

 

Depois da sua presença em dois desfiles de moda em Hong Kong e Macau em Setembro e Outubro últimos, os pijamas com fragrâncias da MACON começaram, em Dezembro, a ser vendidos à experiência em várias lojas das duas cidades. A Galeria de Moda de Macau foi um desses pontos de venda. “Recebemos respostas satisfatórias do mercado, muito acima das nossas expectativas. O produto chamou a atenção de muitos jovens consumidores e famílias”, conta Chan. Segundo a directora-geral da marca, a empresa continuará a aprimorar esta linha de produtos lateral e planeia lançar almofadas e roupa de cama com elementos divertidos, como almofadas com cheiro. “Tal como acontece com os pijamas, queremos que as roupas não só assentem bem, como tragam novas experiências aos nossos clientes. Queremos que os clientes tenham outras experiências sensoriais a partir de uma peça de vestuário”, diz Chan.

 

Para as marcas de moda de Macau, os produtos com características especiais podem contribuir para uma aproximação aos clientes. “Neste momento, as marcas locais de Macau não são ainda muito reconhecidas pelos clientes. A maior parte dos consumidores locais não compra os nossos produtos por conhecer a marca. Por isso, as marcas locais precisam de lançar alguns produtos apelativos que atraiam os consumidores, criando assim uma oportunidade para que as marcas ganhem exposição. Esta nossa linha de produtos de homewear ajudou a criar um canal para os consumidores conhecerem a MACON.”

 

Cooperação transversal acende a inspiração

 

A linha de produtos de homewear vai continuar a trabalhar com outros designers, ilustradores e artistas para implementar uma maior cooperação transversal, a qual por sua vez acenderá a inspiração e contribuirá para gerar uma melhor colaboração no sector. “Macau tem vários designers e artistas com talento. Podem ter falta de capacidade e de experiência na produção de artigos e no marketing, mas esse é um problema que estamos a tentar resolver através desta colaboração transversal, que nos permite obter maior exposição para estes designers e fazer com que a MACON seja conhecida por mais pessoas”, refere Chan.

 

Originalmente, a MACON tinha planos de lançar a nova linha de produtos em Fevereiro ou Março deste ano. Porém, o impacto do novo coronavírus fez com que tal fosse adiado para Julho ou Agosto. Estes produtos serão vendidos através de consignações e plataformas online, direccionados numa primeira fase sobretudo para os mercados de Hong Kong e Macau. “Prestamos muita atenção às vendas temporárias online porque as plataformas online nos permitem alcançar clientes de diferentes origens”, explica Chan. “E as vendas temporárias conseguem permanecer mais na memória.”

 

Ir além de Macau

 

Chan acredita que os designs de homewear como os pijamas se prestam mais à aplicação de tecnologias e materiais do que os designs anteriores de roupa informal. “Na roupa informal, valoriza-se mais a estética e o design. A homewear é relativamente mais simples. Mas representa um maior desafio no que toca ao modo de aplicação de tecnologias inovadoras nos nossos produtos”, salienta Chan. “Por exemplo, os pijamas com fragrância apresentaram como principal desafio a tecnologia relacionada com o olfacto. Tivemos de aprender a controlar a intensidade da fragrância. O meu nariz sofreu muito enquanto tentávamos dominar esta nova técnica.”

 

Para sobreviver no sector, as marcas locais de moda de Macau precisam de olhar para além do território. “Muitos designers de Macau referiram o facto de ser difícil encontrar fabricantes que produzam as suas criações, pois o mercado na cidade é demasiado pequeno e, como tal, o volume de encomendas também é naturalmente reduzido. Muito poucas fábricas estão dispostas a aceitar encomendas tão pequenas. Mesmo que haja fábricas disponíveis para as aceitar, o custo será sempre elevado, o que em certa medida diminui a nossa competitividade no mercado”, explica Chan. “Por isso, o mais importante para as marcas locais é entrar noutros mercados, seja na Área da Grande Baía ou noutros lugares.”

 

MACON | (853) 2831 5888