Estilistas reúnem-se no Festival de Moda de Macau

12 2015 | 12a edição
Texto/Yuki Ieong

No cenário da moda internacional, não se conhece muito vestuário de qualidade criado por estilistas de Macau. Mas a pequena cidade tem as suas próprias vantagens – várias feiras de comércio organizadas anualmente em Macau constituem janelas de oportunidades para os designers locais procurarem compradores internacionais. Estilistas talentosos do interior da China, Macau, Hong Kong e Taiwan reuniram-se no Festival de Moda de Macau e, na sua opinião, as oportunidades para o desenvolvimento da moda em Macau estão por todo o lado.


Observando as características dos consumidores de moda do interior da China, Macau, Hong Kong e Taiwan, a consagrada estilista taiwanesa Hsu Yenlin, que tem lojas de marca em França e no interior da China, diz que todas as regiões têm diferentes estilos e preferências de moda, que variam consoante factores como a geografia e o clima. “No interior da China existe uma maior capacidade de execução, mas é dada maior importância à reputação da marca; o mercado de moda de Hong Kong reúne elementos de todo o mundo e tem melhor gosto; os consumidores de Taiwan atribuem importância ao estilo individual, dando assim origem a muitas marcas locais; Macau é sobretudo informal, mas o mercado não é suficientemente grande para acolher mais designers. Acredito que existe um enorme potencial para o desenvolvimento futuro”, diz.


A dificuldade que o mercado da moda internacional enfrenta está relacionada com um crescimento contínuo das marcas famosas, enquanto o espaço para as marcas pequenas e jovens continua a diminuir. Hsu diz que é necessário um ambiente adequado e sabedoria na promoção para desenvolver marcas de moda. As necessidades e a mentalidade das pessoas não se podem ficar pelo “vestir-se para ocasiões, como casamentos, sem dar importância às saídas informais”. “Para os jovens designers, a dificuldade mais difícil de ultrapassar é encontrar consumidores para as suas marcas e o facto dos seus pontos de venda estarem muito dispersos.” Por isso, os designers amadores não devem estar focados apenas no desenvolvimento das suas marcas, mas também precisam de ganhar experiência na área do marketing e da gestão de armazém”, refere. A estilista sugere que, além de proporcionar uma plataforma de cooperação regional, as autoridades de Macau organizem também mais exposições de materiais, de forma a valorizar os elementos da moda local.


À semelhança de muitos estilistas de Hong Kong e Macau, Harrison Wong, de Hong Kong, cujo trabalho está mais concentrado na moda masculina, teve de superar a questão do arrendamento da sua loja. Felizmente, as autoridades da região vizinha lançaram no ano passado medidas especiais, unindo designers locais na abertura de lojas no mesmo bairro a baixas rendas. Foi assim que Wong teve a oportunidade de abrir a sua própria loja. Neste momento, metade das receitas têm origem no consumo local e as encomendas do estrangeiro perfazem a outra metade. Wong considera que “o custo inicial da indústria da moda é elevado. Para os designers de moda de Hong Kong e Macau é difícil depender exclusivamente dos mercados locais – eles têm de se desenvolver no exterior.” Wong vai regularmente a exposições em diferentes regiões à procura de compradores estrangeiros. Com o desenvolvimento da internet, os caminhos e as oportunidades para atrair compradores multiplicaram-se. “Em vez de participar em feiras e visitar expositores, muitos compradores europeus viraram-se para a internet à procura de novos designers. Os designers têm de trabalhar mais para manterem a sua exposição online”, diz.


Sendo um estilista com experiência, Wong entende as dificuldades enfrentadas pelos novos profissionais. Para manterem um negócio, estes profissionais precisam de economizar e participar em exposições e mais exposições até terem compradores em número suficiente. Para sobreviver a este longo percurso, também precisam de manter acesa a sua paixão pela moda. Wong acredita que, apesar do desenvolvimento da moda em Macau não ser tão maduro como o de outras regiões, os designers têm de preservar o seu próprio estilo e abster-se de seguir cegamente as multidões para conservar clientes.


A marca local Jose Design, focada no vestuário para pais e filhos, foi criada apenas há um ano. A designer Bing Cheong aprendeu a fazer vestidos de noite antes de estabelecer a sua própria marca, e participou activamente em espectáculos de moda. Só há poucos anos começou a envolver-se no fabrico de roupa. “Trabalhar na indústria do design de moda em Macau é um caminho minado por dificuldades. Os designers que não tenham apoio de fabricantes precisam de encontrar fabricantes, materiais, de gerir linhas de produção, dedicar-se ao marketing e à promoção da imagem, entre outros. É extremamente difícil para os estilistas aguentar tudo isto sozinhos”, diz. Por isso, a equipa envolvida na sua marca é composta por três designers que trabalham a tempo parcial e que são responsável por diferentes assuntos.


Neste momento, Cheong ainda está a tentar definir o seu consumidor-alvo, o estilo da sua marca, o método de produção e os preços. Apesar das várias ajudas do governo no sentido de ajudar a encontrar oportunidades, existem muito poucos eventos como as semanas de moda. Além disso, as plataformas de venda ligadas à moda estão muito fragmentadas. A estilista acredita que os conhecimentos dos designers de moda locais em vendas comerciais ainda não são sólidos, e é possível que ainda necessitem de algum tempo para que, simultaneamente, se formem como empresários.