Arranca a 1.ª edição da Semana do Design de Macau: reunir ideias sobre design

11 2015 | 11a edição
Texto/Lam Kuan Long

A primeira edição da Semana do Design de Macau, uma organização da Associação de Designers de Macau com o apoio do Centro de Design de Macau, realizou-se em Agosto. O evento tem como objectivo construir pontes entre o design e o público através de fóruns de design, exposições, mercados de design, cinema e concertos. Convidámos Case Wong e Leong Chi Hang, dois dos designers que participaram no evento, para partilharem as suas experiências e sugestões para o desenvolvimento da indústria do design.


Case Wong: ganhar experiência primeiro, não ter pressa em abrir um negócio


Case Wong abriu em 2005 a Case Station Advertising and Planning Company Limited, uma empresa virada para o design de revistas, animação e produções 3D. Com a participação na Semana do Design, Case pretendia mostrar aos clientes trabalhos antigos de design comercial, reforçar a sua popularidade e conhecer mais designers de diferentes áreas. A sua ideologia define-se pela combinação da arte e do negócio para criar produtos que satisfaçam as necessidades dos clientes. Logo na primeira visita que fez ao Centro de Design, apaixonou-se pela atmosfera e ambiente de trabalho do espaço. No entanto, como as salas de trabalho já estão todas arrendadas, só pode planear exposições aqui no futuro.


Wong trabalhou numa grande empresa de design em Xangai e apercebeu-se do enorme mercado no interior da China e da diversidade de clientes. Acredita que para se juntar à indústria o investimento necessário não é elevado, e grande parte vai para os custos com o pessoal. A solução é dedicar paixão e tempo. Por exemplo, às vezes os clientes aparecem com as suas próprias ideias, mas têm dificuldade em expressá-las. Então, os designers precisam de preparar uma série de trabalhos para que estes possam escolher, e passam muito tempo a alterar modelos até satisfazerem os clientes.


Case Wong regressou mais tarde a Macau para começar a sua própria empresa de publicidade. Devido à falta de contactos e ao insuficiente entendimento sobre as necessidades do mercado, teve de suspender temporariamente o negócio. “Ia atrás da beleza, mas não olhava para as necessidades dos meus clientes”, conclui. Após adquirir mais experiência noutras empresas de design, reactivou as operações da sua própria empresa.


Recordando a sua experiência na área do design comercial, Wong aconselha os jovens com ambições nesta indústria a não terem pressa, apesar de o governo estar a estimular o empreendedorismo. Em vez disso, devem passar por um período de “moldagem”, no qual absorvem experiência social, antes de dar resposta às necessidades da sociedade com as ideias que têm para o design.


Leong Chi Hang: os designers locais precisam de firmar o seu próprio nome


Leong Chi Hang especializou-se em design artístico cultural e, em 2012, abriu a sua empresa de consultoria em design de marca, a Chiii Design, ao lado de Mann Lao, que tem experiência em design de marcas comerciais. Sediada em Macau, a empresa está focada na imagem de marca, design de embalagens e de publicidade, e já entrou em mercados internacionais, como Hong Kong, interior da China, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.


Leong acredita que a primeira edição da Semana do Design é um ponto de partida, e que é positivo ter alcançado esta escala e número de participantes. Espera que, no futuro, cada vez mais designers jovens locais participem na Semana do Design. Leong trabalhou durante vários anos no Instituto Cultural e as suas funções incluíam a promoção do festival de artes e do festival de música. Por exemplo, os pósteres do festival de artes de Macau podem ser mais inovadores, ao contrário do que é pedido no circuito empresarial. Normalmente, no design comercial, as empresas querem dar destaque à sua marca e, por isso, é necessário que as ideias dos designers sejam integradas com as exigências das empresas.


No que diz respeito ao design de produto, Leong acredita que actualmente em Macau ainda se desenham sobretudo souvenirs. Apesar de ser compreensível que a ênfase seja dada ao desenvolvimento do turismo, vale a pena apostar noutros produtos, como o mobiliário e a moda. Mas como em Macau falta uma cadeia de produção completa, e é bastante difícil colaborar com fábricas no interior da China, os amadores que querem trabalhar na área do design de produto enfrentam dificuldades. Além disso, o número de consumidores locais é relativamente baixo – o mesmo acontece com o consumo e a produção – tornando difícil transformar ideias em produtos.


Há quem diga que os designers precisam de ganhar nome noutros locais antes de ter a atenção da população de Macau. Leong não concorda. “Criar primeiro um nome em Macau e participar em eventos internacionais como designer local também pode ser o caminho para o sucesso. Quando trabalhei com o Instituto Cultural, os meus trabalhos foram premiados por diversas vezes no estrangeiro, o que faz com que os designs locais se tornem mais conhecidos. Neste sentido, os designers podem contar com os meios de comunicação social para promover a cultura e a criatividade.”