FILMART–Novas Oportunidades Interculturais

06 2016 | 15a edição
Texto/Jason Leong

Este ano marca o 20º aniversário do Mercado Internacional de Filmes e TV de Hong Kong (FILMART). Pela primeira vez, a Direcção dos Serviços de Turismo e o Instituto Cultural do Governo da RAEM trabalharam juntos para montar um “Pavilhão de Macau” no FILMART. O FILMART arrancou a 14 de Março, no Centro de Convenções e Exposições, e decorreu durante quatro dias consecutivos, com o objectivo de facilitar a cooperação no seio da indústria cinematográfica e televisiva. O FILMART foi sempre um mercado importante para o financiamento de filmes, distribuição, produção, etc. Este ano, o evento acolheu um número esmagador de compradores, mais de 7,300.


Nesta edição, o FILMART apresentou 800 expositores de mais de 30 países e regiões, incluindo os EUA, França, Japão e Índia. A maior parte dos expositores eram da China, com províncias e cidades como Pequim, Xangai, Guangdong e Hangzhou terem os seus próprios pavilhões. Entidades de Hong Kong ligadas ao cinema e à televisão, como a Sun Entertainment, Emperor Entertainment Group, Media Asia e a Television Broadcast Limited também estiveram entre os participantes. A juntar a isto, o governo da RAEM apresentou o “Pavilhão de Macau” no FILMART, mostrando pela primeira vez ao mercado internacional a cultura cinematográfica e televisiva da cidade através de agências locais como a Chessman Entertainment e a Pride Entertainment. De acordo com as observações feitas durante o evento, os investidores lusófonos mostraram interesse no pavilhão de Macau e nos seus produtos, e discutiram-se várias possibilidades de negócio. O propósito promocional parece ter sido atingido.


Mercado de Animação do interior da China ganha terreno


Além da área de exposição, o FILMART organizou 400 projecções e mais de 70 seminários profissionais com talentos das áreas do cinema, televisão, pós-produção, animação e música. Representantes de vários conhecidos estúdios de animação partilharam as suas receitas para o sucesso durante a conferência “Como Pode um Pequeno/Médio Estúdio de Animação Ser Bem-Sucedido no Mercado Global?”. Samuel Choy, director-geral da Bliss Concepts Limited, que produziu a famosa animação de Hong Kong McDull, disse: “A produção de McDull possibilitou que atingíssemos o mercado do interior da China e percebemos que existe um tremendo potencial de desenvolvimento. Por exemplo, o mercado do interior da China não tem séries de animação semelhantes às dos super-heróis dos filmes norte-americanos. É neste sentido que queremos caminhar.”


Kazuhiro Nishikawa, director do estúdio Dandelion Animation Studio, do Japão, também referiu que estão a estudar as preferências das audiências chinesas e a inserir elementos da cultura chinesa nas suas animações, para entrarem no mercado do interior da China. Nishikawa disse que o Japão está neste momento a ser afectado por um declínio da taxa de natalidade e que há um declínio de audiências para a animação. É preciso estudar e planificar para entrar no mercado internacional, para que seja possível desenvolver de modo sustentável a indústria da animação.


Novas Oportunidades e Desafios na Indústria de Cinema e TV com a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”


Por outro lado, o Fórum Internacional TV World 2016 aconteceu simultaneamente nas instalações do FILMART, com o tema “Oportunidades de Negócio da Iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” para a Indústria Global de TV”, explorando novas oportunidades para a indústria cinematográfica e televisiva trazidas pela iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”. A indústria previu que as parcerias cinematográficas transnacionais se tornarão numa importante tendência de desenvolvimento do sector no futuro. Durante o Fórum, o Vice-Presidente Sénior da DMG YinJi Film, Television, Entertainment & Media Company Ltd, Chen Bin, disse: “A indústria televisiva no interior da China está em rápido desenvolvimento. As receitas estão a par daquelas conseguidas na América do Norte, e existe um grande potencial de desenvolvimento. Se a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” for desenvolvida da melhor forma, isso permitirá que a indústria cinematográfica e televisiva do interior da China se internacionalize e que vá mais além do mercado chinês. Prevemos que venha a existir muita cooperação transfronteiriça, e muitos intercâmbios culturais e linguísticos no futuro.”


No entanto, Vasily Korvyakov, sócio da Veles Media, da Rússia, assinalou outro ponto: “Devido às diferenças culturais, as preferências das audiências em países diferentes podem ser bastante diversas. Parcerias cinematográficas transfronteiriças podem por isso revelar-se difíceis, já que haverá limitações no processo criativo. Por exemplo, a história tem de se adaptar à cultura dos dois lugares. Mas através da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” as trocas comerciais sino-russas tornar-se-ão mais frequentes e podem ser encontrados tópicos de interesse comum. História de amor ou traição entre cidadãos chineses e russos, por exemplo, podem ser bem recebidas”. O produtor italiano Giovanni Robbiano concordou e referiu que a abertura do mercado internacional vai acolher a integração de produções de cinema e TV por diferentes culturas. No futuro, haverá mais projectos colaborativos de alto nível.