Pal Lok

Lok é alguém que gosta de pessoas com sentido da vida, objectos e plantas. Trabalha nas áreas de curadoria dos sectores comercial, artístico e cultural, marketing de marca e gestão de eventos. Tem um mestrado em Arte e Gestão de Eventos e possui a Licenciatura em Turismo e Gestão de Eventos. Vagueia entre a sensibilidade do coração e a racionalidade do cérebro.

Diário de Planeamento do "Festival BOK"

45a edição | 07 2021

Tendo tido laços com o Festival BOK há muitos anos, fui convidado, este ano, pelo Director de Arte Johnny Tam e pelo Director Administrativo Bobo Leong, para participar nos trabalhos de planeamento e de marketing de marca do Festival BOK, na esperança de trazer uma melhor experiência aos espectadores. Vou reescrever a definição do Festival começando por reorganizar o seu posicionamento e as suas ideias centrais.


O Festival BOK, cujo nome deriva do caracter “lutar” no Pinyin cantonês, tem como conceito “a aventura por algo significativo”, no sentido de conectar, lutar e arriscar, reunindo os esforços de diferentes entidades e indivíduos tornando-os em possibilidades infinitas no explorar do conteúdo das obras e do desenvolvimento do teatro.


Gosto imenso do espírito experimentalista do “BOK”. Quando um período da História da Arte é derrubado por outro e reinterpretado numa nova página, nesse momento, a arte contemporânea encontra-se numa ambiguidade sem fronteiras, e, ao mesmo tempo, possui possibilidades infinitas. Nos capítulos dos altos e baixos da vida, penso por vezes nas letras da banda indie de Hong Kong Pusshitachi: “tropeçar com força e levantar-se de novo”. Apenas depois de experimentar e arriscar é que podemos entrar numa nova situação e ter uma nova imaginação. O Festival tem desenvolvido obras com criadores de diferentes sectores, e definido o teatro à sua maneira.


Tema 


No que toca à atmosfera e ao estilo do Festival, assim como às características musicais dos programas principais deste ano, o desenho visual e o tema tiveram algo bem inovador. Após várias rondas de discussão, foi decidido o tema deste ano: ‘‘Demo for Mary’’.


‘‘Demo for Mary’’ O que é Demo e Quem é Mary?


 No mundo da música, Demo significa uma obra em progresso e em experimentação. A vida é mesmo cheia de altos e baixos, possibilidades desconhecidas, mas nós só podemos focalizar-nos no presente. Todos os fragmentos do pensamento na vida são um Demo. Perante o sofrimento do mundo, será que uma canção ou uma obra artística são palavras repetidas no cérebro de uma pessoa ou são uma esperança de obter a salvação de Deus? Quem é Mary? Deixamos para os criadores e o público imaginar, desenvolver e reflectir como quiserem.


Programa


A extensão do programa do BOK era relativamente grande no passado, o que exigia aos espectadores mais tempo para entenderem as suas diferentes categorias. Este ano, para facilitar o entendimento do público quanto à escolha e quanto ao arranjo do programa, a promoção é simplesmente dividida em duas unidades principais: “Movimento BOK|Perspectivas teatrais de arte contemporânea” e “Modo M 24|Autodefinição em comunidade”.


Movimento BOK|Perspectivas teatrais de arte contemporânea


Ao convidarmos criadores de outros sectores, ao lançarmos espectáculos exploratórios, ao tentarmos descobrir novas perspectivas de interpretação sob a mistura de diferentes formas artísticas, estamos a desenvolver e a enfatizar a criatividade e as obras com perspectivas teatrais de arte contemporânea. 


O Festival deste ano conta com a presença de grupos criativos provenientes de várias regiões da Ásia, em que seis obras são de diferentes sectores, incluindo dos músicos Iat U Hong, Akitsugu Fukushima e Ivan Wing, de VJ OS Wei, da artista contemporânea de tinta-da-China Cindy, da poeta famosa de Macau Un Sio San, do grupo de criação multimédia AWPlanet, assim como dos criadores de conteúdo de XR e do artista e investigador Daming Zhang. Eles usam a sua própria linguagem artística para deixarem a sua mensagem na nossa era.


Modo M 24|Autodefinição em comunidade


Modo M 24 foi concebido por mim e pela minha equipa em 2019. Uma vez que se diz que o teatro não tem fronteiras, a vida de cada pessoa também pode ser entendida como um teatro, por isso, gostaríamos de criar um festival cheio de vida dentro de outro festival.


O “M” de Modo M 24 pode ser interpretado como “Macau” ou “Manual” (de modo manual de uma câmara), enquanto “24” reflecte a característica de Macau ser uma cidade de fantasia que nunca adormece. As duas ideias dão origem a este festival de 24 horas de arte e cultura, uma verdadeira maratona, que é organizado e planeado por pequenas lojas e pelos utilizadores eles próprios. Prosseguimos o que fizemos em 2019 no Bairro de São Lázaro, continuando a realizar actividades neste local fascinante. Por mais de 48 horas em dois fins-de-semana consecutivos, em parceria com mais de 40 entidades, incluindo lojas pequenas, artistas, músicos, operadores da marca, criadores e curadores, organizámos mais de 100 actividades, tais como feiras, instalações artísticas, concertos, oficinas, encontros ao pequeno-almoço e projecções. Trata-se de uma experimentação de planeamento comunitário, que se concretizou com os pequenos esforços de cada pessoa, guiada pelo espírito de ganhar mais arriscando pouco.


Por outro lado, enquanto plataforma de desenvolvimento de conteúdo teatral, claro que o Festival BOK espera avançar junto com os criadores e conceber obras com qualidade e, portanto, convidamos críticos de teatro, observadores in loco e espectadores a darem o seu feedback, planeamos uma ‘‘escrita paralela’’ e pretendemos realizar encontros após a actuação do ‘‘Clube BOK’’, algo que é, também, uma parte importante do Festival.


Festival BOK 2021

Demo for Mary

7.31-8.8

Detalhes da actividade: bokfestival.com


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Cartaz promocional de “Movimento BOK|Perspectivas teatrais de arte contemporânea”


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Cartaz promocional de “Modo M 24|Autodefinição em comunidade”