Comuna de Dialeto—Mostrar a beleza da fotografia através de publicações impressas

04 2019 | 32a edição
Texto/Hazel Ma

Na era da informação, os hábitos de leitura das pessoas mudaram drasticamente. Publicações impressas tradicionais, como jornais e revistas, estão a ser substituídas pelos seus equivalentes digitais. No entanto, muitas pessoas ainda acreditam que o toque ao segurar um livro impresso nas mãos é difícil de substituir. A organização editorial Comuna de Dialeto, por exemplo, tem-se esforçado por publicar portfólios de fotografia impressos de forma independente, na esperança de apresentar melhor a beleza da fotografia através de um design e método de impressão únicos, e trazer novas sensações visuais aos leitores.


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Criar um reino artístico que é compreensível por todos


A Comuna de Dialeto, anteriormente conhecida como “PhotoIntel Macau”, foi criada em 2017. A associação é co-fundada por cinco fotógrafos independentes, servindo como uma plataforma de publicação independente baseada em Macau e que tem como alvo a produção de portfólios de fotografia. “A fotografia é um derivado da linguagem, porque cada imagem tem também o seu próprio significado. As pessoas são capazes de entender a mensagem da imagem sem qualquer explicação em forma de texto”, diz Rusty Fox, membro da Comuna de Dialeto, explicando o nome especial da sociedade. “Esperamos usar esse tipo de ‘dialecto fotográfico’ para criar um reino artístico que possa ser compreendido por todos.”

 

A fotografia não é uma cultura popular em Macau. Não é tarefa fácil concentrar esforços na promoção da fotografia. O objectivo da Comuna de Dialeto é reunir um grupo de amantes da fotografia e impulsionar o desenvolvimento da cultura fotográfica local através da publicação de portfólios físicos. A Dialeto dedica-se a construir uma plataforma para o público, onde os leitores podem explorar a estética e a beleza.

 

Edições independentes mostram perfeitamente a fotografia

 

Embora existam de facto algumas agências editoriais comerciais que produzem livros no mercado, os livros que produzem são na maioria seleccionados e editados por eles mesmos. O seu design é praticamente o mesmo. Em comparação, a publicação independente pode quebrar estes limites. Os autores desfrutam de maior liberdade no conteúdo e podem escolher um design que seja mais adequado ao seu livro para maximizar a apresentação das fotos, proporcionando mais opções para o mercado. “Originalmente, também nos foi difícil decidir entre a publicação comercial e a publicação independente. A publicação comercial permite que os autores transfiram o custo para o editor. Mas o produto final pode não ser o que eles imaginaram que fosse”, diz Rusty. “Nós amamos fotografia. Então, naturalmente, queremos apresentar as fotos da melhor maneira possível. Por isso, escolhemos seguir o caminho da edição independente.”

 

O membro da Dialeto, Tang Kuok Hou, afirma que a parte mais desafiadora da publicação independente é a coordenação. “Não é como se simplesmente enviássemos um ficheiro para a tipografia e tudo estivesse pronto. A publicação independente também requer coordenação constante com o designer e a tipografia. Por exemplo, precisamos considerar qual o custo de escolher um design e um método de impressão específicos. Também é tida em consideração a consistência das páginas e a aparência do produto final, entre outros aspectos. Essas cadeias da edição independente estão intimamente ligadas umas às outras. É muito desafiador”, diz Tang. De acordo com Rusty, o portfólio Dummy, publicado no ano passado pela Dialeto, tem apenas 300 exemplares. Mas o custo chegou às 130 mil patacas porque eles tentaram aperfeiçoar todos os aspectos da publicação, fosse o design ou a impressão. Durante o processo de publicação, foi preciso coordenar continuamente com diferentes partes. Houve algumas divergências. Mas, quando viram o produto final, a sensação de realização fez com que tudo valesse a pena.

 

Procurar activamente o reconhecimento do mercado

 

A publicação independente exige naturalmente mais esforços em vendas do que a publicação comercial. O membro da Dialeto, Alan Ieong, revela que a participação activa em feiras do livro é uma obrigação para procurar o desempenho ideal de vendas. “Nós mostramos principalmente livros de capa dura publicados de forma independente. Todos os livros têm ISBN e podem ser vendidos em grandes livrarias. Uma desvantagem para os nossos livros é não sermos famosos e não termos exposição. É por isso que vamos a feiras do livro. Por exemplo, fomos à Booked: Tai Kwun Contemporary’s Art Book Fair, realizada em Tai Kwun no início deste ano. Ir às feiras do livro não nos ajuda apenas a ganhar exposição, mas também dá aos visitantes e agentes de livros um canal para comprarem os livros de que gostam”, diz Ieong.

 

Além de participar activamente em feiras do livro, a Dialeto também está ligada a organizações como a Fribooker de Taiwan, que colecciona livros de capa dura. “Estamos a tomar iniciativas activas para penetrar no mercado internacional. Um dos nossos membros é de Taiwan. Ele tem-nos ajudado a encontrar agências de livros em Taiwan ou noutros lugares”, diz Alan Ieong. “Ele literalmente batia a essas portas para nos promover. Às vezes era rejeitado, claro. Mas o sentido de realização já é muito forte quando as agências de livros recebem o nosso portfólio.”

 

Usar a fotografia para ligar o mundo

 

De acordo com Tang, a Dialeto vai concentrar-se mais em facilitar o intercâmbio entre fotógrafos de Macau e do exterior. “Continuaremos a organizar eventos SHOWCASE que convidarão artistas visuais de todo o mundo. Convidaremos também fotógrafos para uma série de seminários e exposições de fotografia e videografia”, explica. “Além disso, vamos também à 2019 Hong Kong Photobook Fair. Nesta feira do livro, estaremos a expor com vários editores internacionais, livrarias, fotógrafos e artistas.” Tang e outros membros da Dialeto estão muito entusiasmados com esta feira do livro. Esperam fazer intercâmbios com diferentes artistas e organizações e, ao mesmo tempo, promover a cultura fotográfica através da participação em diferentes actividades.


Comuna de Dialeto

www.photodialect.com