Photo Macau Art Fair estreia-se em Macau

06 2018 | 27a edição
Texto/Jasper Hou

A primeira Photo Macau Art Fair decorreu com sucesso. Posicionando-se como a primeira iniciativa artística de Macau dedicada à fotografia e à videoarte, o evento atraiu artistas, colecionadores de arte e negociantes de arte locais e do exterior. A fundadora e directora-executiva da feira, Cecilia Ho, refere que o evento foi uma experiência completamente nova. A Photo Macau não expôs um grande número de obras de arte, mas o que apresentou ao público foi arte de classe mundial. 


Transformar Macau num centro artístico de novos media na Ásia-Pacífico


Nascida em Macau, Cecilia Ho mudou-se para França para estudar artes quando era jovem. Foi a primeira artista chinesa a fazer parte da exposição de verão organizada pela Royal Academy of Arts no Reino Unido por quatro anos consecutivos. Enquanto artista, Cecilia Ho tem vindo a fazer experiências no campo das artes performativas, instalação, vídeo e novos media. Desta vez, regressou a Macau como artista e organizou com sucesso a Photo Macau. “Estive fora de Macau durante 30 anos. Espero fazer de Macau um novo centro artístico e de novos media na Ásia-Pacífico, apresentando tecnologias e conceitos artísticos de classe mundial através da Photo Macau”, diz. 


A primeira edição da Photo Macau convidou sete galerias da Alemanha, França, Coreia do Sul, Taiwan, Hong Kong e Macau a exporem os seus trabalhos. “O evento tem um posicionamento de classe alta. As obras de arte e as galerias foram seleccionadas com consideração cuidadosa. Há três temas de exposição para apresentá-los. Entre eles, o “Corpo de Confúcio” foi criado pela Universidade Cidade de Hong Kong e a Universidade Tsinghua. O projecto levou 12 anos a completar e é uma apresentação em forma de vídeo dos escritos de Confúcio, grafados há dois mil anos. Este vídeo será a mostra padrão do legado de Confúcio”, diz Ho. 


Proporcionando o diálogo e uma plataforma de negócios para os participantes


A Photo Macau não pretende promover a cultura do território. Segundo a perspectiva de Cecilia Ho, já existem algumas comunidades e organizações que se dedicam a promover a cultura local em Macau. O que Ho quer é trazer à cidade galerias, obras de arte e tecnologias de novos media de nível mundial, através da sua rede de contactos e do seu conhecimento dos novos media. Ela espera proporcionar uma plataforma para que os artistas locais troquem ideias e se inspirem mutuamente através da Photo Macau, em última análise melhorando globalmente o ambiente artístico na cidade. 


Os três dias da Photo Macau Art Fair atraíram galerias de diferentes regiões para expor e vender as suas obras de arte e chamaram mais de 5.000 amantes de arte de todo o mundo. Vários artistas de renome, coleccionadores de arte e negociantes de arte também participaram da feira de arte, convidados pela própria Cecilia. A Culturegathery, de Taiwan, uma das galerias em exposição, revelou ter vendido algumas obras de arte e estabelecido contactos com representantes de galerias da Coreia do Sul e de França durante a Photo Macau. A galeria de Taiwan foi recentemente convidada a expor na Coreia do Sul e em França. Isto ajudará as obras de arte de Taiwan a entrar num mercado mais amplo. “Os compradores presentes na Photo Macau desta vez eram maioritariamente coleccionadores da Europa, que têm uma compreensão bastante elevada da arte. Isto prova que a Photo Macau tem uma boa reputação na indústria”, diz Ho. 


Qualidade constrói competência 


O processo de organização da Photo Macau foi uma jornada acidentada. De acordo com Cecilia Ho, o orçamento para a feira de arte foi um grande desafio, porque ter financiamento suficiente é fundamental para organizar um evento artístico de qualidade. “Há muitos eventos artísticos no Sudeste Asiático. Se Macau não conseguir fazer feiras de arte de qualidade, perderemos o ímpeto e perderemos nesta competição. Precisamos assegurar a qualidade para garantir a competência”, refere. O financiamento de mais de 10 milhões da Photo Macau veio de Cecilia Ho e do governo de Macau. De facto, Ho não esperava retorno do seu investimento na Photo Macau. Ela entrou com dinheiro por dedicação em dar um contributo para a cena artística de Macau e criar algo no mercado local. 


Desenvolvimento da Photo Macau depende da participação


Cecilia Ho planeia estender o período da exposição na próxima Photo Macau Art Fair, a fim de reservar mais tempo para dar aos amantes de arte locais mais oportunidades de serem expostos a obras de arte de classe mundial. Ela acredita que a Photo Macau pode ser promovida para mercados estrangeiros através da cobertura dos meios de comunicação e dos artistas presentes. 


Enquanto muitos amantes da arte voaram do exterior para Macau para a feira de arte, os residentes locais de Macau não demonstraram grande paixão por ela, recorda Cecília. “Se eu sou artista, tentarei de todas as maneiras possíveis participar de feiras de arte internacionais como a Photo Macau. Foi uma pena não ter visto muitos artistas locais no evento”, diz Ho. Do seu ponto de vista, mais recursos devem ser investidos para educar os residentes locais sobre arte e cultivar a sua capacidade de apreciar obras de arte, pois a participação da cidade na arte é o que realmente impulsiona o avanço da Photo Macau.