A carreira musical nunca para——Uma cantora de Macau em Dali

12 2017 | 24a edição
Texto/Salie

À cidade de Dali, nunca faltaram histórias comoventes. As culturas histórica e contemporânea convergem nesta cidade antiga cheia de persistência e histórias emocionantes. Aqueles artesãos criativos, retratistas com personalidade única, cantores residentes embrenhados nas notas musicais, tornam-se uma paisagem atraente da cidade. Eles são vistos em cantos diferentes, ora entretendo-se a seu bel-prazer, ora perseguindo alvos. Com este ambiente cultural na cidade, vale a pena os peões desacelerarem e pararem para desfrutar. 


Quando uma cantora de Macau encontra a indisciplinada Dali


Quando encontrei Eva (Lam Si Man) pela primeira vez, estava num bar localizado na Rua Renmin, em Dali. Segurando uma grande guitarra, ela tocava e cantava uma música Bossa Nova suave e encantadora, ligeiramente estilada por Jazz. A sua voz era tão melodiosa e agradável que, ao terminar cada canção, a plateia aplaudia efusivamente, embriagando a cantora no deleite da música. 


Eva é de Macau e é uma cantora-residente bem conhecida em Dali. Para perseguir a atitude e o valor da música, ela foi para Dali desenvolver uma carreira diferente. "Antigamente, viajava todos os anos à província de Yunnan. Passados alguns anos, comecei a ficar enfeitiçada por Dali. Os seus costumes culturais, o clima e o ambiente criativo apaixonaram-me ao ponto de nunca mais a conseguir abandonar". Eva confessou que fazer trabalhos relativos à música em Macau não é fácil, devido ao rendimento reduzido e à vida repleta de stresse, o que impossibilita a composição musical livre e confortável. Por isso, decidiu, no ano passado, mudar-se de malas e bagagens para Dali, esperando que, lá, pudesse reencontrar uma alma enamorada pela música. 


Desenvolvendo uma carreira ideal com notas musicais


Três meses após se mudar para Dali, o esposo de Eva, chamado Sin (Wong Chi Tat), que é músico e autor de Macau, também veio para Dali trabalhar. Por muitos anos, Sin dedicava-se ao ensino de guitarra. Era um verdadeiro musicófilo, porém, numa cidade com um ritmo acelerado como Macau, era igualmente difícil encontrar um lugar a ele pertence. "O ritmo de vida em Dali é mais lento. Quando actuo, muitos transeuntes param de andar, algumas até se sentem no chão e desfrutam verdadeiramente a música. Para um cantor, este é o maior incentivo possível". Sin sabia que se alguém quisesse fazer carreira da música por toda a vida, então deveria ir para um local onde existisse uma cadeia industrial perfeita. Só desse modo poderia concretizar os seus sonhos ao mesmo tempo que desenvolveria uma carreira com valores comerciais. É exactamente Dali, que considera as indústrias culturais e criativas como o pilar fundamental, o local perfeito para este casal materializar as suas ideias. 


Embora a vida em Dali seja relaxante, eles nunca pararam de progredir. Eva disse, "todos os anos há inúmeros cantores que vêm e saem. Se quisermos consolidar a nossa carreira aqui, temos de criar a nossa própria marca para melhorar constantemente a competitividade". Há alguns meses, encontraram um baixista, um baterista e mais um guitarrista, com os quais formaram a banda MAISHA. A actuação da equipa desperta paixão pela música e possui estilos variados, o que, em pouco tempo, os tornaram famosos em Dali. Durante o dia ensaiam, à noite actuam. Sem pressão dada pela renda de casa e pela vida, foram-lhes proporcionados mais espaço e respeito, permitindo prestar mais atenção à criação e ao desenvolvimento da carreira musical 


Explorando a carreira, em busca de nutrientes musicais


A respeito dos efeitos económicos, Eva acredita que os rendimentos em Dali lhes são mais estáveis do que imaginava. Com um bom salário-base, recebem também gorjetas dos clientes que reconhecem que cantam bem. Além da actuação em vários restaurantes e bares fixos, também são convidados a participar em actividades comerciais, como concertos. Eva, sempre disposta a enfrentar desafios em áreas desconhecidas, planeia actuar em grandes hotéis ou em outros lugares, juntamente com os seus colegas de banda, de modo a ampliar os seus horizontes. Querem que a possibilidade para o futuro seja ilimitada. 


A ideia de “Todo o mundo faz o que prefere e torna o que prefere numa mais valia” é provavelmente essencial para desenvolver as indústrias culturais e criativas. Existe sempre um conflito entre os negócios e os sonhos. Contudo, Eva e Sin creem que, estejam onde estiverem, para prosseguir uma carreira musical bem-sucedida, não basta injectar capitais, mas é preciso criar um "espaço cultural" para a música, um palco onde diferentes tipos de música e novas criações possam brilhar, conviver e competir livremente. Um local apropriado às actividades artísticas estimula a criatividade dos compositores; um palco criativo valioso, por sua vez, pode promover o desenvolvimento sustentável da indústria.