Inky Leong

Vice-Presidente da Associação de Cultura de Moda de Macau, Presidente da Começar Empresa Da Projeto Internacional Lda., colunista da secção de moda da revista cultural de Macau, SD Media, estilista e fundador da loja de moda Inky Store e da marca I.N.K.

O sonho cultural e criativo

25a edição | 02 2018

Há muito tempo que não escrevo nada. Antes deste convite, fazia quase um ano desde que escrevi para os media. Hoje, um dos últimos dias do ano, escrevi este artigo, como se fosse um diário, ou melhor, um pequeno balanço do ano. 


Há dez anos, quando as plataformas sociais não estavam tão desenvolvidas como hoje, era difícil encontrar um meio para expressar ideias. Felizmente, tive a oportunidade de escrever e comentar temas da moda para uma plataforma de media relativamente famosa em Hong Kong. Alguns anos mais tarde, conheci por coincidência Sophie Lei e Ally Li, fundadoras da revista Soda, de Macau, e tornei-me colunista da secção de moda desta revista. 


Ainda me recordo da sensação nessa altura, que era um sentido de missão, como se fosse uma enviada para cumprir a ordem, a qual me podia finalmente dedicar à moda. E a seguir, o tempo voa. Os sonhos criados por entre as linhas em dez anos foram concretizados um a um, no final. Da revista de moda para a loja de moda com o meu próprio estilo, e mais tarde a minha marca original e loja de especialidade de marcas de Macau, testemunhei como as marcas de moda entraram num campo mais alargado e criaram mais possibilidades com todos os amantes da moda. Com este caminho, todos os amantes de moda de Macau ficariam surpreendidos, ou pelo menos eu, ou nós acreditamos nisso. 


Sempre que se fala das indústrias culturais e criativas de Macau, há pessoas à minha volta que vão falar, com toda a seriedade, da atmosfera ou da forma cultural em Macau. Entretanto, o que se fala mais frequentemente deve ser o que será o futuro que está à frente das indústrias culturais e criativas. 


Antes de tudo, queria mais uma vez recordar, como era há dez anos.


Nessa altura, eu adorava moda e não tinha qualquer objectivo senão o de entrar neste sector. Sonhava fazer aquilo de que gosto dia e noite e seguir os meus próprios sonhos e ideais. O que é o futuro? Nunca receei ao pensar nisso. A única coisa de que tinha receio era de não conseguir concretizar os meus sonhos. 


Falando das indústrias culturais e criativas de hoje, com o desenvolvimento rápido da sociedade e da cultura em Macau, podemos ver claramente que há mais oportunidades e possibilidades do que no passado. No mínimo, não haveria ninguém que estivesse disposto a comprar o meu artigo, se quisesse escrever algo sobre moda há dez anos. Ou se quisesse montar uma loja de roupas diferentes e fora do comum, rir-se-iam de mim. Até hoje, Macau entretanto já viu o mundo. Depois de se terem realizado vários eventos internacionais cá, a visão de Macau difere do que era antes. Também se notam mudanças na procura em várias áreas das indústrias culturais e criativas, às quais há cada vez mais pessoas se dedicam com todo o coração e cuidado. Mas temos que encarar o desafio da realidade. Se alguém vai persistir ou desistir depende do tamanho e da intensidade da sua paixão. 


Conheço a mãe de um cantor famoso de Macau. Sempre que se menciona o trabalho do filho, ela suspira e preocupa-se com coisas diferentes. Ela gostava que o filho dela desistisse do sonho de ser uma estrela e que conseguisse um bom emprego. Eu disse-lhe: "Ser artista também é um emprego. Os empregos não se limitam aos que correm das nove da manhã às cinco da tarde. Um emprego para o qual se tem o desejo de fazer sacrifícios e ter a devida recompensa é que é um emprego que vale a pena. Quer que o seu filho não seja corajoso, que tenha o receio de fazer sacrifícios, mas que fique à espera da recompensa?" Depois disto, ela pareceu mudar de ideias e sorriu. 


Acredito que estas palavras são as mais ouvidas pelos trabalhadores das indústrias culturais e criativas. De facto, o preconceito de trabalhar sempre com seriedade e enquadrarmo-nos na estabilidade, são os nossos maiores obstáculos . Na verdade, nunca se sabe o desfecho antes do momento da revelação. No entanto, estou convicto de que, hoje em dia, muitos designers, artistas e criadores são muito dignos e rigorosos. 


Em vez de se preocupar com a incerteza do futuro das pessoas que se dedicam às indústrias culturais e criativas, seria mais prático de pensar em como levá-las a atingir as suas metas nesta área no futuro. 


No dia em que escrevo este artigo, só faltam dois dias para entrar no ano de 2018. Estou aqui para demonstrar o meu respeito a todos os trabalhadores das indústrias culturais e criativas pelo seu desempenho em 2017. (Um brinde a todos! "Haha!", de forma criativa)