Cheong Sio Pang

Cheong vive em Pequim, trabalha em investigação académica e gosta de escutar música clássica. As suas publicações incluem An Oral History of the Concert Band in Macao. Ele é também o autor de Macau 2014 – Livro Musical do Ano e Macau 2015 – Livro Musical do Ano. Cheong adora aprender.


Música – Uma Companheira para a Vida

17a edição | 10 2016

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Foto cedida pela Associação de Regentes de Banda de Macau


A Associação de Regentes de Banda de Macau organizou o Concerto de Antevisão da Digressão por Taiwan, no Pequeno Auditório do Centro Cultural de Macau, que serviu de ensaio para a participação da Orquestra Sinfónica Jovem de Macau no Festival Internacional de Orquestras da cidade de Chiayi. O reportório incluiu a English Folk Song Suite de Ralph Vaughan Williams; Night on Fire de John Mackey; Hymn to the Infinite Sky e Christmas Fantasia de Satoshi Yagisawa; e Concertino para Piano e Orquestra de Yasuhide Ito. A taxa de ocupação do concerto foi de mais de 90 por cento, com pais e amigos a marcarem presença para mostrarem o seu apoio.


Com os recursos online bem desenvolvidos, as famílias podem agora ter aparelhos de áudio a muito baixo preço, e não parece muito relevante assistir a concertos. No entanto, assistir a um concerto numa sala de espectáculos não se trata apenas de apreciar – também envolve uma funcionalidade social e religiosa. A académica norte-americana Nancy Baym refere de forma simples que a música cria ligações entre pessoas no tecido social; mas este trata-se apenas de um laço frágil e facilmente quebrável. O fortalecimento e a sublimação genuínos das relações devem contar com outros canais de comunicação. Por exemplo, as pessoas acabam por conversar durante os intervalos dos concertos em salas de espectáculos, ou simplesmente reúnem-se depois concerto – estas são formas de a música juntar as pessoas e melhorar o seu relacionamento. Além da música, outras formas de expressão como o teatro, a dança, a pintura e as sessões de leitura podem também inspirar as pessoas através da arte.


Fiquei especialmente impressionado com Nigh on Fire, de Jonh Mackey, durante a performance. Tive a felicidade de assistir à actuação da orquestra sinfónica da Universidade do Texas, em Austin, na Universidade de Macau, e troquei algumas palavras com John Mackey durante o jantar de gala. Percebi o quão forte a sua orquestra sinfónica era, e a qualidade do som e os arranjos requintados entre as frases eram simplesmente de tirar o fôlego. Um compositor notável e a qualidade garantida daquela hábil orquestra complementaram-se bem. Night on Fire é um reportório em 6º Grau (os reportórios de orquestras sinfónicas estão divididos em graus de um a seis, sendo que o sexto é o mais elevado), o que não é fácil para orquestras amadoras. No entanto, a orquestra deu o seu melhor e demonstrou o esforço que colocou naquele concerto. A única questão é que eles precisam de gastar mais tempo na coordenação entre as diferentes partes. A percussão estava demasiado alta, o que a acredito que possa estar relacionado com o tamanho da sala que foi usada. Há muito que Macau carece de uma sala profissional para música, que mostre ao público que os sons são fruição auditiva. A projecção de sons inclui projecção linear, reflexo em palco, reflexo nos tectos e reflexo nas paredes. No entanto, a falta de um reflexo sonoro ideal reduz muito a expressividade da música e os sons estarão “mortos” quando atingirem os ouvidos dos espectadores. Diferentes compositores têm as suas próprias normas relativas ao cálculo da reverberação. A Toccata and Fugue in d Minor de Bach, por exemplo, tem o melhor efeito auditivo em quatro segundos.


O desenvolvimento das artes é útil para o desenvolvimento da diversidade de uma cidade, de modo a reduzir a contradição entre ambos. O processo demonstrativo das artes carrega uma projecção emocional sofisticada, bem como uma compreensão racional. Portanto, a arte é uma forma essencial de auto-aperfeiçoamento. Além disso, a relação e compreensão das artes numa idade jovem tem um impacto decisivo na aceitação de coisas novas no futuro por parte das crianças. O académico norte-americano Steven A. Melnick provou que a melhoria da cognição infantil através da educação das artes não só se baseia nas escolas, mas também depende da capacidade artística dos pais. A partilha de conhecimento artístico com os filhos por parte dos pais pode efectivamente melhorar a cognição das crianças. As responsabilidades dos pais são maiores no que toca a inspirar e nutrir os seus filhos no chamado processo de educação, e eles devem entender o significado das artes de uma forma aprofundada, se querem que os seus filhos tenham maior capacidade.