Impressões sobre as exposições de animação e BD em Macau e Hong Kong

08 2015 | 8a edição
Texto/Joseph Leong, Tom Lei e Agostinho Jesus Liu

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Impressões sobre as exposições de animação e BD em Macau e Hong Kong

 

A segunda edição da Exposição ACT Macau (Macau Animation Comic & Toy Expo), organizada pela Macau Animação e Quadrinhos Aliança, realizou-se em Julho no Venetian Macau. Entre os expositores encontravam-se sobretudo associações de artistas amadores que publicam as suas próprias obras, empresas de animé e de manga, e agências de publicidade. Também estiveram presentes algumas editoras de animé, oriundas de cidades de segunda ou terceira linha do Interior da China. Nesta edição, o número de visitantes esteve longe de ser o ideal e o espaço esteve praticamente deserto. Apenas a exposição do artista da BD taiwanesa, Kid Jerry, atraiu um maior número de pessoas.

 

Michael Wong, co-fundador da Exposição ACT Macau, diz que a baixa taxa de participação já era esperada. “O objectivo da Exposição ACT Macau é promover as indústrias criativas locais e, por isso, esta é forçosamente financeiramente desvantajosa.” As associações de artistas amadores de BD, empresas de design e de publicidade fizeram uso desta plataforma para se promoverem, em vez de fazerem negócio. De acordo com os nossos repórteres, o design dos expositores não era atraente. Havia poucos expositores nesta área de 3,5 mil metros quadrados e era improvável que o vazio do espaço atraísse visitantes.

 

A Exposição ACT Macau é parcialmente financiada pela Direcção dos Serviços de Economia, Instituto Cultural e Fundação Macau e, por isso, não tem fins comerciais. A exposição Ani-Com & Games Hong Kong (ACGHK), na região vizinha de Hong Kong, pode servir de boa referência para Macau. De acordo com a Xinhuanet, em 2014 este evento de cinco dias bateu o recorde de número de participantes—752 mil. Além de consagradas obras de animação e manga do Japão, também clássicos da banda desenhada de Hong Kong como Oriental Heroes, Teddyboy e Storm Riders estiveram em destaque no evento. Com todo o apoio dos seus fãs, continuaram a lançar novos produtos derivados ao longo dos anos.

 

Hong Kong começou a produzir banda desenhada há 20 anos antes de Macau e já desenvolveu um certo sentido estético. Em Hong Kong, as editoras de BD adoptaram a linha de montagem japonesa, isto é, o argumentista é responsável pelo enredo, enquanto o principal artista de BD é responsável pelo design do storyboard e das personagens. Os assistentes têm as suas próprias funções, como a criação do enquadramento e das cenas, do desenho de acção e do preenchimento com tinta. Todo o processo é altamente industrializado. Se uma banda desenhada de qualidade for bem comercializada, então terá resultados frutuosos. Por exemplo, a banda desenhada Storm Riders, que Ma Wing Shing fez em 1989, é uma das bandas desenhadas de Hong Kong que se tornou num clássico nas regiões de língua chinesa. Ao longo dos anos, a história foi adaptada inúmeras vezes para outros média, como a televisão, cinema, animação, jogos de vídeo e até artes performativas.

 

Ao contrário das histórias aos quadradinhos e da animação de Hong Kong, que são tão populares, em Macau a situação parece sombria. Leo Lei, fã incondicional da BD de Hong Kong e do Japão em Macau, diz: “Ok, agora há artistas de banda desenhada por aí em Macau, mas nenhum de nós se cruzou com eles. Isto revela que a banda desenhada local é de qualidade inferior”. Leo Lei explica que não foi à Exposição ACT Macau, porque nunca ouviu falar do evento. “Eu acredito que se o teu trabalho é sólido e de alta qualidade, vai naturalmente chegar aos leitores.”

 

No entanto, Wong explica que a Macau Animação e Quadrinhos Aliança é formada por diferentes grupos de artistas amadores de BD. Eles olham para a produção de banda desenhada como um passatempo e não como um negócio. “Precisamos de artistas profissionais de BD para criar uma indústria em Macau. Por essa razão, é essencial promover a cultura da leitura de histórias aos quadradinhos, e fazê-lo para que um maior número de pessoas fique a saber mais sobre banda desenhada, e mesmo com o objectivo de atrair talentos para trabalhar na indústria.”