Manner Production: Pioneiros das Curtas-Metragens online em Macau

A Manner Production é uma plataforma online criada há dois anos. No começo, as suas séries humorísticas foram um grande sucesso e chegaram a ter mais de 140.000 likes no Facebook. Recentemente, a Manner Production começou a fazer vídeos promocionais e comerciais. Para os fundadores, Sixtycents e Jacky Lei, a Manner Production é um negócio e também um passatempo. Esperam que o sucesso estrondoso que tiveram em Macau seja apenas o primeiro passo rumo a algo maior: o mercado global.

Tanto Sixtycents como Jacky Lei nasceram nos anos 1990. Sixtycents é mágico amador e Lei é realizador amador. Normalmente é Sixtycents quem apresenta as ideias, enquanto Lei converte essas ideias em realidade. No começo da Manner Productions, nenhum deles pensou em fazer dinheiro com a empresa. Era uma actividade de lazer e podiam fazer aquilo de que gostavam.

“Lembro-me que logo no começo fizemos um teledisco, Looking Back, apenas por brincadeira. Tivemos reacções muito positivas nas duas semanas seguintes a termos colocado o vídeo online. O vídeo é sobre os nossos brinquedos de infância, o nosso primeiro amor e os erros que cometemos quando éramos pequenos. Os cibernautas adoraram-no e nós ficámos conhecidos por causa disso”, diz Lei.

Distribuir Felicidade com Criatividade

Aproveitando o sucesso dos vídeos colocados online, Sixtycents e Lei acabaram por fundar a Manner Production. Decidiram usar “Sabor da Felicidade” como slogan e começaram a fazer curtas-metragens humorísticas de nove secundos. “Até agora, a nossa missão mais relevante é distribuir felicidade. A comédia é uma fonte de felicidade e esse é também o tipo mais popular de curtas-metragens que temos. No entanto, acreditamos que existem diferentes tipos de felicidade. Sentirmo-nos aconchegados e bem, é uma delas; e sentirmo-nos inspirados também conta. Agora tentamos fazer diferentes tipos de filmes para que a nossa audiência possa usufruir de diferentes tipos de felicidade.”

Sixtycents refere que a maior parte das pessoas em Macau é conservadora, e por isso a comédia não pode ir demasiado longe. Programas de “Apanhados” não são o prato forte em Macau. As curtas-metragens de comédia encaixam-se melhor e garantem felicidade à cidade.

Recentemente, o mesmo elenco aparece em vários programas da Manner Production. Os fundadores acreditam que, ao fazerem isto, dão aos actores e actrizes exposição regular e as pessoas começam facilmente a identificar que os filmes são produzidos pela sua empresa.

“Neste momento temos cinco actores e actrizes e somos os seus agentes. O modelo de gestão de carreiras artísticas é semelhante ao das regiões vizinhas. Actores e actrizes não recebem qualquer pagamento. Em vez disso, têm um honorário. Isto acontece porque estamos a colaborar uns com os outros. “Tagamo-los” assim que fazemos o Carregamento dos vídeos online. Os actores e actrizes ganham popularidade e nós podemos continuar a gerir o nosso negócio. É vantajoso para todos”, diz Sixtycents. Preocupa-o no entanto que a escassez de talento continue a ser um problema, seja em relação ao elenco ou à equipa técnica. Felizmente, as pessoas tendem a conhecer-se umas às outras em Macau e é simples procurar a ajuda de amigos sempre que necessário. É por isto que até agora a gestão da Manner Production tem corrido sem contratempos. “Se possível, eu gostaria de fazer 10 vídeos por dia. Claro que precisamos de mais pessoas e de mais ideias criativas para que isso seja possível”, acrescenta.

Abundância de Oportunidades na Internet

Presentemente todos os vídeos da Manner Production são lançados online, em plataformas como o Facebook e o Instagram. O Weibo, site de “microblogging” do interior da China, também é utilizado. Tanto Sixtycents como Lei consideram ser acertado investir no “branding” da marca online, já que o impacto dos meios de comunicação tradicionais tem vindo a decair. Ambos acreditam que a internet é o grande meio de comunicação do futuro.

“As pessoas que vivem nas zonas urbanas basicamente confiam na Internet para receberem informação. À semelhança de alguns “youtubers” em outras cidades, começámos o nosso negócio na internet. Usar os recursos disponíveis online é claramente a melhor opção”, diz Sixtycents. Acrescenta também que, apesar de a internet se revelar uma boa ferramenta que permite atingir uma grande audiência num curto período de tempo, os comentários publicados pelos utilizadores podem por vezes ser injustos.

“Manter uma plataforma online é uma grande pressão. Para os cibernautas, é fácil apontar o dedo a outra pessoa, tudo o que precisam de fazer é deixar um mau comentário online. Se devemos atender às necessidades do público, ou ser fiéis a nós mesmos, e como comunicar com o público – ainda estamos a aprender a gerir isto”, diz Lei.

Nem Sixtycents nem Lei têm disponibilidade para um trabalho a tempo inteiro, agora que investem a maior parte do seu tempo e esforço na gestão deste negócio online. No começo, Sixtycents trabalhava como mágico amador e Lei como produtor freelancer, para poderem aguentar o negócio. Agora, desde que os custos operacionais aumentaram para MOP 50.000,00 por mês, não importa quão brilhantes são as produções, continua a ser difícil gerir o negócio. Felizmente, a Manner Production encontrou uma nova saída.

“Fomos referenciados para um trabalho, que passava por fazer um vídeo para uma feira de negócios, que seria lançado através da nossa plataforma. Até agora já temos cinco vídeos corporativos em mãos. É suficiente para nós. Esperamos que os clientes possam manter o nosso estilo humorístico. Vendas directas não são bem a nossa especialidade. O mais importante é manter um equilíbrio entre o nosso estilo e quaisquer necessidades comerciais”, diz Sixtycents.

Sixtycents também considera que a maior dificuldade que enfrentam neste momento é o facto de a disponibilidade da equipa de filmagem estar basicamente nas mãos de amigos. Para que seja possível comercializar e fazer crescer o negócio, é preciso um sistema para calcular o dinheiro e o tempo necessários para fazer um vídeo.

Tanto Sixtycents como Lei consideram que, mesmo que as oportunidades abundem em Macau, o objectivo último é ser global e ganhar espaço no mercado internacional.

“A comédia é o nosso forte e continuaremos a fazê-la no futuro. O compromisso para com conteúdos especificamente locais será tão forte como antes, mas também queremos acrescentar elementos de que outras pessoas possam gostar. Por exemplo, recentemente colaborámos com To Siu Kiu, uma celebridade da internet em Hong Kong. Isto faz com que o público de Hong Kong fique a saber mais sobre nós. No futuro, as nossas curtas-metragens podem vir a incluir mais acção e a ter menos diálogos. Se possível, gostaríamos de acrescentar papéis para diferentes grupos étnicos, para que o mundo possa ver Macau através dos nossos filmes”, dizem Sixtycents e Lei.