Novos Talentos no Panorama do Entretenimento

12 2016 | 18a edição
Texto/Jason Leong e Lei Ka Io

O número crescente de produtoras e de agências que têm aparecido em Macau é revelador de que a indústria do entretenimento está em fase de crescimento. Ainda assim, há já um pequeno número de artistas emergentes que, através dos seus trabalhos, têm conseguido fazer ouvir a sua voz. Mas que espaço existe para que eles  conquistem o seu nicho e façam a sua carreira na cidade? Para sabermos mais, convidámos os artistas Germano Guilherme, Vivian Chan e Hyper Lo a partilhar um pouco da sua experiência, à medida que vão conhecendo os mercados de Macau e Hong Kong. Também conversámos com os responsáveis por detrás da Like Entertainment, uma produtora bem estabelecida em Macau, para conhecermos melhor os bastidores do entretenimento e as tendências do mercado.

 

Vivan Chan: estender os limites da performance   Hyper Lo: de cantor a agente de talentos—Os mercados de Hong Kong e de Macau são muito distintos

Like Entertainment & Productions: como uma agência de talentos transforma desafios em oportunidades


Germano Guilherme: Promover a cultura de Macau através da música

 

O macaense Germano Guilherme tornou-se conhecido em 2009 quando participou no concurso One Million Star, promovido pela ATV de Hong Kong, com uma prestação que lhe valeu o prémio de melhor actuação. Guilherme, que tem a alcunha de “One Million Star Eurasian”, é um optimista por natureza. Há alguns anos, decidiu regressar a Macau para aqui continuar a sua carreira na música e assinou um contrato com uma produtora local.

 

No início deste ano ficou em primeiro lugar no concurso de letristas promovido pela Associação dos Compositores, Autores e Editores de Macau (MACA, na sigla em inglês) e em Setembro foi o Melhor Intérprete Masculino nos “Ooh! Macau MV Awards”. Factos que evidenciam que Guilherme foi bem-sucedido neste regresso a Macau onde tem já nome feito.

 

“Quando assinei contrato para ser um dos artistas da ATV, consegui garantir quatro a cinco espectáculos por mês, por isso o meu rendimento como artista era bastante atractivo”, conta Germano Guilherme. No entanto, quando o contrato acabou, algumas pessoas em Macau aliciaram o artista a voltar e a continuar aqui a sua carreira. Hoje em dia, Guilherme divide-se entre a apresentação e os concertos. Pelo facto de ser trilingue (é fluente em português, inglês e cantonês), o artista consegue apresentar programas e eventos em diferentes línguas, o que faz com que seja muito requisitado. “A empresa paga-me um salário base e sempre que faço concertos recebo um bónus. Até ao momento, estou bastante satisfeito com este modelo de parceria, já que a produtora me apresenta os trabalhos, o que me deixa mais livre para me concentrar nos aspectos mais criativos.” Quando não está a trabalhar, Guilherme gosta de ir ao ginásio e, no Verão, de se bronzear. Todos os dias vai correr depois do almoço, um ritual que não dispensa independentemente do estado do tempo. “Assim, mantenho-me sempre em forma”, diz.

 

“Quando fui contratado, a empresa pediu-me para iniciar um programa de emagrecimento. Depois disso, continuei a frequentar o ginásio regularmente. Por norma, os artistas novos que entram para a empresa costumam ter também aulas de canto, mas como já tenho muita experiência, eles deixaram cair esse pedido.”

 

Como a maior parte dos seus trabalhos é às sextas-feiras e aos fins-de-semana, Guilherme aproveita o seu tempo livre durante a semana. “Penso que tenho uma vida confortável como artista em Macau. Comparando com outras profissões, como médico ou polícia, sinto que o meu trabalho é bastante fácil. Claro que não estou a ganhar muito neste momento, mas faço algo que adoro e, por isso, o aspecto financeiro deixa de ser tão importante.”

 

É impossível não ser contagiado pela energia positiva e pela autenticidade de Guilherme. O artista reconhece, no entanto, que não teria conseguido concretizar o seu sonho se não fosse o apoio dos amigos e da família. “A minha família apoia muito o meu trabalho e incentivou-me a escolher o meu próprio caminho depois da universidade. Com o incentivo deles, decidi participar no concurso em Hong Kong [como cantor] mal me formei. Agora que voltei a Macau, algumas pessoas vêm ter comigo e dizem que gostam do meu trabalho. Essas palavras são muito importantes. Penso que isto é o mais gratificante para qualquer artista. Guilherme conta-nos, por exemplo, como Maria Cordeiro, que fez parte do painel de jurados do concurso One Million Star, lhe ensinou os princípios básicos de estar em palco e também os seus lemas de vida.

 

Além de Maria Cordeiro, Guilherme cruzou-se com muitas outras celebridades do mundo do espectáculo. Neste momento, o artista costuma ter pelo menos um ou dois trabalhos por mês em Hong Kong.?Na sua opinião, Hong Kong é um óptimo lugar para se aprender, já que a indústria da música tem uma longa história e, como tal, pode aprender com os artistas já ali estabelecidos, que partilham com ele valiosos conselhos. De momento, o artista não sente a necessidade de se limitar a um estilo musical ou a um nicho, sendo que a prioridade é consolidar a sua carreira em Hong Kong e Macau, até que consiga encontrar o seu caminho artístico. “Às vezes, penso que não é preciso o estilo de um cantor já que ele ou ela podem oferecer a sua interpretação diferente da música com um leque variado de estilos”, diz Guilherme.?Quando questionado sobre projectos futuros, diz que está satisfeito com as suas conquistas até ao momento. Para ele, é importante estar receptivo a novos desafios. “Apesar de frequentar o ginásio há anos, o meu corpo está longe de ser perfeito. Quero estar no topo da minha forma de cada vez que subo ao palco, para que o meu público fique satisfeito.” Ainda assim, Guilherme tem um desejo que está por concretizar: “Gostava que houvesse mais música feita em Macau que pudesse captar a essência deste local e promover Macau em locais como Hong Kong e lá fora. Por ser macaense, sinto responsabilidade em relação a isso.”