Perseguidores de sonhos: levar os filmes locais de Macau para o mundo

08 2019 | 34a edição
Texto/Hazel Ma

Hoje em dia, é possível experimentar a videografia desde que se tenha um dispositivo simples de filmagem, como um smartphone ou uma câmara. Mas trabalhar como criador de conteúdo vídeo de um cineasta não é uma jornada fácil. A empresa local de produção de filmes Free Dream Production Studio foi fundada por um grupo de jovens talentos que têm uma grande paixão por filmes. A Free Dream faz filmes e vídeos curtos de diferentes tipos. Mas há muito mais que a Free Dream quer alcançar.

 

O sonho dos filmes começou com um smartphone

 

Iniciada em 2012, a Free Dream faz actualmente vídeos de promoção comerciais, anúncios, vídeos musicais e longas-metragens. Dois membros da equipa da Free Dream, o director de conteúdo de vídeo Keo Lou e o director de administração e planeamento Lei Ka Hon, começaram a fazer vídeos usando os seus smartphones e câmaras ainda no ensino secundário. Chamaram à sua startup “Free Dream” porque queriam registar a sua imaginação e ideias criativas livremente. Lou é responsável por dirigir projectos cinematográficos, enquanto Lei é responsável pela escrita de argumentos. Sam Choi, que se juntou à equipa durante a universidade, é agora director de relações públicas da Free Dream, supervisionando projectos de produção e reunindo recursos financeiros e talentos profissionais para a empresa. Os três começaram a gerir a Free Dream como um negócio oficial depois de terminarem a faculdade.

 

Inicialmente, a Free Dream não tinha muitos recursos. “Cada um de nós contribuiu com alguns milhares de patacas para a Free Dream comprar equipamento. Também tínhamos algum equipamento básico que comprámos juntos durante os tempos da universidade. Tínhamos uma câmara, um tripé e o computador de Lou”, lembra Lei. “Foi assim que começámos.” O que realmente ajudou a Free Dream a ganhar força e exposição para oportunidades de negócios foi um micro filme chamado The Lost Winner. “A Macao Casa dos Trabalhadores dos Indústria de Jogo abordou-nos para fazermos um micro-filme sobre os trabalhadores da indústria do jogo. O produto final, The Lost Winner, teve estreia nos cinemas UA Galaxy”, diz Lou. “Muitos representantes do governo e de outras organizações estiveram na estreia e viram o filme. Isto deu-nos a oportunidade de conectar com departamentos governamentais e com a sociedade civil, que mais tarde se tornaram nossos clientes. Mais pessoas estão a abordar-nos para fazermos micro-filmes.”

 

O sucesso da série The Sketchy Relative

 

Os vídeos The Sketchy Relative que recentemente se tornaram virais na Internet são na verdade uma produção da Free Dream. A série ganhou grande popularidade em Macau pelo seu conteúdo humorístico e capaz de tocar as pessoas. Um destes vídeos, Macau não é melhor que uma Aldeia Pobre? teve 250.000 visualizações numa semana, superando as expectativas da equipa. “Esperamos manter a nossa exposição junto do público antes de lançar o nosso próximo filme. Queremos chegar a mais pessoas”, explica Lei. “Por isso, estamos a fazer a série de vídeos The Sketchy Relative, que aborda temas como assuntos da actualidade e da agenda social de Macau. O público gosta porque o conteúdo é sobre a vida local e as pessoas relacionam-se com isso.”

 

A popularidade dos seus vídeos curtos também traz à Free Dream apoios financeiros e ofertas de colocação de produtos. Mas isto ainda não tornou a série The Sketchy Relative rentável. “Estamos a fazer algum dinheiro com a colocação de produtos. Mas esta não pode ser nossa principal fonte de rendimentos. Os patrocinadores costumavam disponibilizar os locais de filmagem, os adereços ou cobrir o custo de contratação de actores e actrizes”, explica Lei. “Mas isto apenas cobre os custos do projecto do filme. Os vídeos comerciais e projectos de vídeos promocionais são a nossa fonte de rendimentos estável. É por isso que esperamos que a produção cinematográfica possa tornar-se um meio de vida sustentável no futuro. Queremos ser capazes de gerir um negócio de produção de filmes em Macau!” Keo acrescenta que agora é cada vez mais difícil penetrar no mercado com curtas-metragens, já que se pode encontrar tudo o que se deseja ver online. “Então, não faz sentido ser extremamente competitivo. Os vídeos curtos são para entretenimento. Apenas os filmes podem transmitir mensagens mais profundas e estimular a inspiração”, diz.

 

Mostras de filmes ajudam filmes locais a obter exposição internacional

 

O primeiro projecto de longa-metragem da Free Dream, Singing Man, participará na edição de 2019 da Feira de Investimentos na Produção Cinematográfica na Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau. A Free Dream acredita que a indústria cinematográfica de Macau ainda está na sua fase inicial e que feiras de investimento e mostras de filmes podem proporcionar oportunidades promocionais para estar em contacto com investidores. Estas iniciativas podem também ser boas plataformas para estabelecer contactos com cineastas de outras regiões.

 

O governo tem feito muitos esforços no apoio à indústria cinematográfica. Do ponto de vista de Lou, é relativamente fácil obter financiamento de programas de subsídios, como o Programa de Apoio à Produção Cinematográfica de Longas Metragens de Macau. Além de dar financiamento, ele acredita também que o governo pode fazer mais para estimular talentos e atrair profissionais de outras regiões. “Quando precisamos de algumas pessoas experientes, por exemplo produtores executivos, actores e técnicos, não é possível encontrá-las porque Macau não tem talentos suficientes”, diz Lou. Há também uma falta de exemplos locais anteriores sobre como distribuir fundos para filmes de baixo orçamento. Existem muito poucos exemplos de quanto deve a equipa de produção distribuir pela produção, promoção e distribuição. “Se pudéssemos contratar um produtor executivo experiente de Hong Kong para nos ajudar, poderíamos fazer melhor uso dos nossos recursos”, explica Lou.

 

Enfrentar desafios no mercado

 

Lou revela que já completaram 90% do projecto Singing Man e que posteriormente lançarão mais promoções oficiais. A Free Dream lançou o filme no Festival Internacional de Cinema de Xangai no início deste ano e irá realizar a estreia oficial no Festival Internacional de Cinema de Macau no final do ano. De acordo com Lou, este novo filme vai enfrentar directamente o mercado e os seus desafios. “O objectivo aqui é pelo menos ter rendimentos suficientes para cobrir os custos ou até mesmo alcançar lucro. Também ponderamos fazer outro filme. Depois que descobrirmos como devemos operar, poderemos ter um melhor desempenho empresarial”, conclui Lou. Ele também está a considerar a venda de direitos autorais dos seus filmes a plataformas online, para testar o mercado.


Free Dream Production Studio 

www.facebook.com/freedreammacau