Há dez anos, Carole Delavelle mudou-se da França para Macau, uma cidade sobre a qual ela sabia pouco naquela época. “Quando cheguei aqui pela primeira vez, percebi que havia muitas flores na cidade. As pessoas compravam flores para os feriados, quando visitavam templos ou para homenagear os seus ancestrais”, diz Carole. Mas desde os arranjos de flores que via nas floristas, às decorações ou apenas às próprias flores que viu na cidade, tudo diferia muito do que existia em França. Foi por isso que Carole decidiu criar a Oulala Flower, uma empresa de design floral, para trazer uma revolução floral a Macau. “É justo dizer que mudei o ecossistema da indústria de design floral de Macau nos últimos dez anos”, diz Carole, confiante.
Ser um talento profissional leva dez anos
A confiança de Carole está alicerçada numa experiência sólida. Antes de se estabelecer em Macau, ela já era uma reconhecida designer floral em França, com mais de 20 anos de experiência. Carole já trabalhara para o Festival de Cinema de Cannes e para marcas de moda de lixo, como Dior, LV, etc. Quando era ainda criança, mostrou um talento especial para a arte e carinho para floricultura. O seu objectivo nunca é apenas abrir uma loja de flores. “Desde criança, sempre desejei poder um dia compartilhar a minha experiência com os alunos numa sala de aula”, diz. “Isto é muito importante para mim.”
Depois de concluir os estudos na Escola de Design Floral de Paris, Carole passou dez anos a viajar por França para aprender com famosos designers de flores. “Conseguir um diploma é apenas o começo. Também precisamos de aprender com a prática da nossa arte. Quanto mais técnicas aprendemos, melhor podemos fazer o design”, refere. “Dito isto, entre estudar a arte floral e até ser capaz de praticá-la, são necessários pelo menos dez anos para ser um designer floral profissional.”
Estimular inovações
Macau nunca estivera nos planos de Carole há dez anos. Mas o destino marcou um encontro com o produtor de The House of Dancing Water, Franco Dragone, que mudou o rumo da carreira. Franco convidou-a para trabalhar em Macau e conceber a decoração de palco do espectáculo. Carole nunca tinha estado na Ásia antes, mas mesmo assim aceitou a proposta.
Está nos genes do povo francês valorizar a liberdade e a independência. “Cheguei em Macau em Novembro de 2009. Depois de trabalhar por algum tempo, comecei a pensar em começar o meu próprio negócio, porque para mim significa muito ser independente”, diz Carole. Assim começou a Oulala Flower. Carole admite que o negócio enfrentou muitos desafios na fase inicial, pois ela não falava chinês ou português e só sabia um pouco de inglês básico. Mas a qualidade vem sempre ao de cima. A sensibilidade floral e o gosto primoroso de Carole diferenciaram-na dos restantes floristas muito rapidamente. “Forneço serviços personalizados para os meus clientes de acordo com as flores que escolhem. Nunca faço o mesmo design para os meus clientes”, explica Carole com orgulho. “Tenho ideias diferentes para diferentes eventos. É por isso que os clientes me procuram.”
Sem concessões
Além de fornecer clientes locais, a Oulala Flower também presta serviços de design para eventos no exterior: em Taiwan, no Japão e noutros lugares. Os principais clientes da Oulala Flower são hotéis de luxo, resorts internacionais, marcas de joalharia e marcas de moda. “Toda a gente conhece o design floral francês. Nós só usamos flores de qualidade e sabemos como fazer magia com elas”, diz Carole, explicando que o design floral francês presta atenção à elegância clássica e aos elementos modernos, e não coloca flores de cores diferentes juntas. O design francês enfatiza as texturas distintas das plantas. “Não faço trabalhos de design que envolvam balões e Hello Kitty. Isso não é para mim. Se alguém não gostar do meu design, pode sempre encontrar outros designers”, afirma. “Eu sei que não fazer concessões pode fazer com que perca alguns clientes, mas também há clientes que vêm ter comigo por causa disso.”
Educar futuros designers florais
A Oulala Flower também oferece oficinas de design floral para o público em geral e coopera com o Instituto de Formação Turística para organizar cursos de certificação de design floral. A inscrição é barata em comparação com cursos semelhantes em Hong Kong. Carole lembra que, quando chegou a Macau, não havia muitas floristas na cidade e todas vendiam produtos muito semelhantes. Ela desejou, ao dar mais oportunidades de aprendizagem a pessoas que estão interessadas nesta indústria, poder trazer mudanças para o mercado. “Acho que já ensinei mais de mil alunos em Macau nos últimos anos”, diz com uma expressão de espanto, contando os seus alunos. “Muitos dos meus alunos abriram as suas próprias lojas de flores ou fazem trabalhos relevantes em casinos ou hotéis depois de concluírem os cursos. Até certo ponto, mudei a vida deles.”
Carole não só precisa de fazer designs perfeitos para os seus clientes, mas também de ensinar aos alunos os seus conhecimentos de design floral. Quando está muito ocupado, fica acordada por duas ou três noites consecutivas. Mas nunca se queixa do seu trabalho ou dos desafios que enfrenta, porque afinal está a fazer algo que ama. “Eu só tinha uma bagagem de 20kg quando cheguei a Macau. Embora não tenha ficado rica depois destes anos, estou muito orgulhosa de tudo o que fiz e consegui nesta cidade”, diz Carole.
Rua de Sacadura Cabral, N.º 9C, Macau
