Feira de Arte do Tap Seac: um ambiente favorável para o artesanato

02 2015 | 2a edição
Texto/Tai Chou Wai

O florescimento de mercados de artesanato um pouco por todo o mundo fez renascer nos consumidores o interesse pelas técnicas artesanais e criativas. O facto de cada vez mais produtos serem promovidos com slogans como “feito à mão” e “original” mostra que a indústria vai tornar-se mais competitiva. No entanto, jovens oriundos de toda a Ásia têm beneficiado dos muitos incentivos de Macau, onde a indústria do artesanato começa a emergir.


Macau não tem falta de talentos, apenas falta de espaço


A Feira de Arte do Tap Seac, por exemplo, é o maior mercado de artesanato de Macau. Atraiu mais de 300 organizações culturais e criativas, vindas do Interior da China, Hong Kong, Macau, Taiwan, Coreia do Sul, Singapura e Malásia.


Fion Lei, um artesão com mais de sete anos de experiência, considera que esta feira de artesanato é uma óptima plataforma para fazer chegar o trabalho dos artistas ao público. “A entrada na Feira de Arte do Tap Seac é mais acessível do que nas feiras em regiões vizinhas. Uma vez que o espaço para os artesãos é gratuito, não nos temos de preocupar com a renda e os que estão agora a iniciar-se nesta arte têm também oportunidade de mostrar os seus artigos.”


Lei acredita que o grande potencial de crescimento da indústria do artesanato tem vindo a atrair cada vez mais pessoas. No entanto, as elevadas rendas praticadas na cidade são um problema para os artesãos locais. O aluguer dos espaços leva metade dos lucros, afirma Lei, que arrendava um armazém com dois colegas e viu recentemente a renda aumentada de três mil patacas para dez mil patacas, forçando-os a abandonar o espaço. “Macau não tem falta de talentos, apenas falta de espaço.”


Por esse motivo, a Feira de Arte do Tap Seac não só atraiu artistas locais como vários outros de toda a Ásia, à procura de expandir o seu negócio. A artesã de Hong Kong, Ziuhey, veio a Macau propositadamente para participar nesta feira. Tal como em Macau, também os alugueres em Hong Kong dispararam. Uma vez que só pode vender os seus produtos caseiros, como óleos e unguentos, através da Internet ou em feiras de artesanato ocasionais, espera que esta feira seja uma plataforma de promoção.


Ziuhey revela que a inscrição é bastante facilitada, sendo apenas necessário fornecer algumas fotos e um resumo do produto com cerca de 200 palavras. “O Governo de Macau disponibilizou muitos serviços de apoio, tais como alojamento e transporte gratuito, e workshops de estratégias de vendas e marketing antes do início do evento. O que foi uma grande ajuda para os participantes estrangeiros e entusiasmou-os a repetir a experiência.”


A aparência e o marketing também contam


Ziuhey acredita que, muito embora estas iniciativas beneficiem os artesãos, estes também devem perceber como comercializar os seus produtos. “Sobreviver neste mercado não é fácil. É preciso imaginação e entrega na criação das embalagens, nas descrições do produto e no design do stand, de modo a atrair compradores. Alguns artesãos afirmam que o “feito à mão” por si só já não é suficientemente aliciante para o cliente; é necessário apostar também na embalagem e na promoção. A paixão não é suficiente.”


A artesã sul-coreana Duri Lee também tem vontade de explorar o mercado de Macau. Lee fabrica sabonete artesanal há um ano. Participa na Feira de Arte do Tap Seac com a esperança de promover o seu produto e ficar a conhecer melhor o mercado chinês. O sabão artesanal de ginseng, inspirado na predilecção que os chineses têm por esta planta de raiz aromática, gerou uma receita média diária de três mil patacas, um montante bastante satisfatório para um artesão.


“Muitos principiantes não têm muito capital para lançar um negócio. Na Coreia do Sul, a maioria das feiras exigem o pagamento de aluguer ou comissões. Mas a Feira de Arte do Tap Seac, livre de encargos em termos de arrendamento de espaços, deu-me a oportunidade de investir em produtos e embalagens. No próximo ano pretendo voltar a participar na feira, espero poder trabalhar com empresas locais para melhorar os meus produtos e, quem sabe, possa encontrar outros espaços para os comercializar.”