Eu Sou a Minha Própria Paisagem

04 2018 | 26a edição
Texto/Jasper Hou

Crystal Chan, fascinada pela arte desde pequena, que viajou até à longínqua cidade de Nova Iorque em busca do seu sonho artístico, e estreou recentemente a sua exposição individual em Nova Iorque – “Eu Sou a Minha Própria Paisagem”, com o apoio do Chinese American Arts Council de Nova Iorque e da Galeria 456. Para além disso, no ano passado, a escola nomeou Crystal para participar no Will Barnet Student Show, no qual ganhou o primeiro lugar tendo, assim, tido a oportunidade de realizar uma nova exposição individual a ter lugar no National Arts Club de Nova Iorque em Abril deste ano. As suas realizações são impressionantes. 


Procurar oportunidades para desenvolver o sentido artístico


Tendo nascido numa família não rica, foi com grande dificuldade que Crystal completou um curso de arte de três anos na Escola de Artes Visuais de Nova Iorque. Crystal admite que no início não se atreveu a escolher esta carreira e lembra que “apesar de as condições financeiras da minha família não serem muito boas, os meus pais sempre me deram liberdade desde pequena, deixando-me escolher livremente o meu caminho futuro. Uma vez que gostava mesmo de arte, quando estava no 3º ciclo, já dava aulas de explicação a tempo parcial para juntar dinheiro, de modo a comprar máquinas fotográficas e frequentar aulas de arte, em busca de todas as oportunidades para me aproximar do universo artístico.” 


Depois de terminar o ensino secundário, Crystal foi para Taiwan tirar um curso de design de interiores. Mais tarde, voltou para Macau para tirar um curso de gestão hoteleira. Nesse período, fez um estágio na Grécia e fez, pela primeira vez uma viagem por toda a Europa, durante a qual desenvolveu o seu sentido artístico. Depois de regressar a Macau e juntar-se à Art For All Society, despontou-lhe a ideia de estudar em Nova Iorque e seguir o sonho artístico. “Depois de me juntar à Art For All Society, surgiram-me cada vez mais oportunidades de participar em exposições no estrangeiro, uma das quais foi realizada em Nova Iorque, onde as minhas obras exibidas receberam boas críticas dos visitantes e foram vendidas com êxito. Fiquei encorajada. Quando voltei para Macau, inscrevi-me logo no exame de acesso àquela escola de Nova Iorque, para fazer o curso de arte.” 


Formar um estilo único através da educação artística de Nova Iorque


Crystal lembra que, sendo Nova Iorque o centro artístico mundial, há exposições e museus de arte estão espalhados por todo o lado, onde não faltam de grandes mestres internacionais, cujos trabalhos continuam a ser relevantes no presente. Uma vez que a criação artística local é altamente sensível aos tópicos sociais, podem ver-se em Nova Iorque diversas obras controversas, que nos fazem pensar. E Crystal refere ainda: “O que os professores fazem nas aulas não é ensinar técnicas de pintura, mas sim levar os estudantes a ponderarem sobre os problemas da sociedade actual através da leitura e do debate, o que é muito diferente da educação que recebi em Taiwan ou em Macau.” 


Durante o período em que estudou em Nova Iorque, Crystal formou gradualmente um estilo de pintura com características próprias. Quer seja pintura de pessoas, quer seja pintura de paisagens, Crystal cria obras que transmitem emoções fortes: “As minhas pinturas têm traços e linhas bastante distintas, o que tem decerto a ver com a influência da caligrafia, que aprendi em pequena. Expresso sentimentos como tristeza e raiva através da pintura.” Depois de ter chegado a Nova Iorque, a solidão resultante de morar sozinha num lugar estranho fez com que Crystal sentisse uma constant mudança da sua identidade, pelo que começou a reflectir sobre a sua própria existência. Isto também se tornou numa das inspirações de criação das obras temáticas da exposição “Eu Sou a Minha Própria Paisagem”, em Nova Iorque. 


Para ter oportunidades é preciso ter iniciativa própria


Ao falar sobre a oportunidade de inaugurar a sua exposição individual em Nova Iorque, Crystal disse, “a Chinese American Arts Council lançou um convite à apresentação de obras online. Todos os anos, esta organização escolhe 12 artistas para apresentarem as suas exposições individuais. O ponto de partida das minhas obras é o meu corpo, o que se ajusta ao tópico actual do feminismo, e por isso foram seleccionadas pela entidade organizadora.” Crystal espera poder expressar a sua opinião através da criação artística, e assim dialogar e trocar ideias com mais pessoas. As oportunidades de apresentação de obras estão em todo o lado, mas o mais importante é definir claramente o que você quer expressar com o uso da arte para apresentar as suas ideias por iniciativa própria, em vez de esperar que alguém lhe diga que é artista. 


Nesta exposição individual em Nova Iorque, Crystal ganhou bastante reconhecimento. Crystal disse: “No passado, participei em várias exposições artísticas em Macau e no estrangeiro. Em cada exposição, vendi sempre algumas obras minhas, o que me deixava bastante motivada. Ao mesmo tempo, também tentei cooperar com diversas organizações e artistas. Teve uma cooperação interdisciplinar com Nick Knight, um fotógrafo de moda conhecido internacionalmente. Criei obras inspiradas pelas marcas internacionais da Semana de Moda de Milão – Itália e, actualmente, esses trabalhos estão a circular em exposições e vendas em Londres e na Europa.” 


No futuro espera trabalhar em educação artística


No futuro, Crystal quer trabalhar na área da educação artística: “Espero que Macau possa ter mais recursos, mão-de-obra e instituições de educação para formar talentos artísticos locais. A razão pela qual Nova Iorque se tornou num centro artístico foi porque a educação artística tem sido extraordinária. A arte inclui cultura, contexto histórico, condições sociais e outros conhecimentos, sendo permitido formar a nossa percepção estética e o modo de pensamento na resolução de problemas, tornando-nos mais críticos. Ao mesmo tempo, espero que no ensino secundário de Macau, seja promovida uma generalização mais ampla de conhecimentos artísticos, a fim de que os alunos que gostam de arte não se percam no seu caminho por falta de informação sobre o mundo artístico.”