Hsu Hsiu-chu

Doutorada em Educação Artística pela Universidade de Illinois em Urbana–Champaign em 1996, Hsu Hsiu-chu foi directora das escolas de arte da Universidade Nacional de Educação de Hualien e da Universidade Nacional de Dong Hwa. Em Agosto de 2011, foi nomeada directora da Escola Superior de Artes do Instituto Politécnico de Macau.

Amor, Cultura, Criatividade – tornar as indústrias criativas competitivas e populares

4a edição | 04 2015

As indústrias culturais e criativas apanharam o mundo de surpresa. Em Macau, onde há uma convergência entre a cultura ocidental e oriental, estas indústrias conseguiram prosperar nos últimos anos com a abertura dos sectores do jogo e do turismo, que inundaram a cidade de produtos estrangeiros. Temos de pensar na forma como podemos aproveitar esta cultura única de Macau para desenvolver as indústrias culturais e criativas locais. Para alcançar este objectivo, proponho que nos guiemos pelo princípio orientador “Amor, Cultura, Criatividade”. Para isso, é importante elevar o padrão da educação cultural em Macau e o investimento nestas indústrias.


Capital cultural e criativo


O capital cultural e criativo – ou os recursos – são a base do desenvolvimento das indústrias culturais e criativas e permitem que estas se tornem globalmente competitivas. Ao fomentar a criatividade, podemos melhorar a atitude dos residentes para com o mundo criativo e gerar uma nova forma de interpretar a cultura, aumentando o capital cultural e criativo da cidade. No entanto, os governos ainda estão demasiado focados no dinheiro necessário para estas indústrias, em vez de pensarem na forma como este capital é administrado e usado. Macau deve utilizar o seu próprio património cultural e encontrar formas de pensar sobre ele, criando assim um novo paradigma cultural. Pode juntar a isso produtos comerciais para desenvolver uma nova imagem de marca cultural e criativa. Neste momento, falta uma forma inovadora de pensar as indústrias culturais e criativas. À semelhança da indústria do jogo, este sector é dominado por um problema estrutural de liderança. É necessária uma solução criativa para acabar com este impasse.


O desenvolvimento das indústrias culturais e criativas de uma cidade está intimamente ligado à mais profunda tradição e atmosfera cultural desse espaço. Por isso, a criação de um dia-a-dia onde a cultura desempenhe um papel central pode ser a solução. Depois então vêm as atitudes, produtos, serviços e sistemas que conduzem ao desenvolvimento destas indústrias e permitem a sua sustentabilidade.


Educação cultural e criativa


A educação pode ajudar a melhorar as qualidades e competências pessoais e é fundamental para consolidar e acumular capital cultural e criativo. O desenvolvimento das indústrias culturais e criativas depende tanto da educação como das forças externas e internas do mercado ou das políticas governamentais. A educação na área cultural e criativa deve começar na creche e fazer parte do currículo do ensino primário e secundário. Na universidade, deve-se encorajar os estudantes a criar, investigar e a pensar sobre a protecção da propriedade intelectual. Os governos devem sublinhar a importância da educação no desenvolvimento das indústrias culturais e criativas e ter uma visão a longo prazo sobre a forma como as vão sustentar e criar o tipo de talento local mais apropriado. Saber de que forma é possível manter-se competitivo no contexto da globalização é outra questão importante. Implementar políticas educativas focadas na estética local e na criatividade pode mesmo ajudar Macau a desenvolver as suas próprias indústrias culturais e criativas.


Competitividade cultural e criativa


As indústrias culturais e criativas devem ser competitivas. Neste momento, Macau tem a vantagem de poder contar com o forte apoio de empresas e do mercado. Mas falta claramente uma política educativa. Actualmente, a avaliação que o público faz destas indústrias e da criatividade é insuficiente e, por isso, há falta de capital cultural e criativo. Sem a competitividade necessária, é difícil desenvolver indústrias culturais e criativas sustentáveis. Com este ensaio proponho que a educação seja o elemento essencial para elevar a competitividade destas indústrias. Gostaria que o governo, as escolas e a comunidade empresarial não esquecessem a importância da educação e que juntos conseguissem encontrar uma estratégia educativa comum e construtiva. Só acumulando capital cultural e criativo de forma sistemática e acarinhando o princípio “Amor, Cultura, Criatividade”, o público poderá afirmar-se nas indústrias culturais e criativas e Macau poderá encontrar o seu lugar nesta tendência global.