Durante o verão a cada ano, há sempre uma série de actividades destinadas aos adolescentes e crianças. Afinal, são as férias de verão!

Nos últimos anos, além de exposições e outras actividades para pais e filhos, há também dois festivais de cinema dedicados às crianças que acontecem no verão em Hong Kong.

Organizado pelo Leisure and Cultural Services Department, o Festival Internacional de Cinema para Crianças e Jovens existe há muitos anos. Este certame de grande escala trouxe este ano ao público 13 longas-metragens e três curtas-metragens de animação. Os filmes seleccionados foram projectados em vários espaços governamentais e estiveram em exibição por mais de um mês. Metade das longas-metragens são animações. Algumas destas animações são produções novas, enquanto outras são clássicas. Fiquei encantado por o festival ter escolhido uma animação clássica chamada O Gigante de Ferro, uma produção americana realizada por Brad Bird. Esta animação foi realmente uma jóia perdida. Não chegou aos cinemas de Hong Kong em 1999 devido a algumas preocupações de promoção. Apenas alguns anos depois a versão em DVD foi finalmente lançada no mercado. Os fãs ficaram com loucos com ela. Mesmo assim foi uma pena que o filme não tivesse chegado aos cinemas. Em 2015, Brad Bird tornou-se num realizador reconhecido. Foi então dada à equipa de produção de O Gigante de Ferro a oportunidade de reestruturar e reinventar o filme. Além disso, a equipa de produção acrescentou novas cenas e publicou uma versão final do filme. Aquele filme clássico pôde finalmente aparecer nos ecrãs de cinema. A projecção desta vez mostrou a versão final. Apesar de haver apenas duas sessões para o filme, foi ainda assim incrível ver esta animação clássica nos ecrãs de cinema.

A história de O Gigante de Ferro passa-se numa pequena vila dos Estados Unidos da América, nos anos 1950, quando a União Soviética e os EUA estavam em guerra fria. O filme narra a amizade entre um pequeno rapaz e um robô gigante que cai na Terra vindo do espaço. O Gigante de Ferro foi produzido com técnicas de animação 2D e 3D, design de arte e design animado impressionantes, destacando-se das principais animações americanas. O filme ainda parece incrível apesar de ser uma produção de há mais de uma década.

Outro festival que vale a pena recomendar é o Festival Internacional de Cinema para Miúdos de Hong Kong. Este ano, a segunda edição do festival aconteceu entre o final de Julho e o começo de Agosto. Os filmes seleccionados pelo festival estiveram em exibição em cinemas comerciais. Uma vez que as distribuidoras de filmes comerciais fazem parte da organização, os filmes projectados podem também ser lançados para projecções públicas. A exibição dos filmes foi pensada com grande detalhe. Além de pequenas exposições, espaços de actividades em centros comerciais e workshops, o festival convidou também diferentes especialistas de cinema, como realizadores, actores e animadores, entre outros, para partilharem os seus pensamentos com o público depois das projecções.

Também estive numa sessão de partilha. Tratava-se de uma animação irlandesa chamada The Breadwinner, realizada por Nora Twomey. O filme recebeu inúmeros prémios da indústria. Pessoalmente, adoro a mensagem que o filme tenta transmitir e participei na sessão de partilha após a projecção, que acabou por ser um evento memorável. 

Uma menina de quatro anos perguntou-me “porque é que existe guerra?”. Isto deixou uma grande marca em mim. Como responderiam as pessoas a esta pergunta?

The Breadwinner foi adaptada da literatura infantil. O livro original conta a história de uma rapariga que tem apenas 11 anos e vive sob o regime Talibã. As autoridades locais não permitem que mulheres caminhem sozinhas nas ruas, enquanto o pai da rapariga já está na prisão. Para se sustentar, ela corta o cabelo curto para passar por rapaz. A partir daí ela embarca numa perigosa mas incrível aventura. O filme não mostra apenas a crueldade da guerra, mostra também aos espectadores que há muitos costumes ou mesmo leis que criam desigualdades e privam certos grupos sociais. O facto de ser apresentada em forma de animação permite à produção chegar aos adolescentes e crianças e expô-los a estes tópicos. The Breadwinner é um filme significativo pela sua função educacional e a sua crítica dos valores sociais. Mais importante, a animação foi produzida através de técnicas interessantes. Foi inspirada na estética tradicional afegã e produzida através de duas técnicas de animação. As duas linhas acabam por tornar-se numa enquanto a história avança para o seu clímax.

Neste verão, os fãs de animação em Macau podem também encontrar projecções interessantes na cidade. O Festival de Animação do Mundo no Verão, organizado pela Cinemateca．Paixão acaba de começar. O festival selecciona as animações com maior qualidade, incluindo a já mencionada The Breadwinner. As outras duas animações em stop-motion, Anomalisa e Isle of Dogs, são também favoritas de todos os tempos. A parte mais apelativa do festival é a colecção especial de Satoshi Kon. O realizador japonês que já faleceu não produziu muitos filmes quando estava activo na indústria. Mas as produções que nos deixou são todas maravilhas. Desta vez, o Festival de Animação do Mundo no Verão vai mostrar quatro longas-metragens realizadas por este cineasta famoso, dando ao público a incrível oportunidade de saber mais sobre este gigante da indústria. Seminários e salões serão também organizados para o público.

De qualquer forma, a melhor actividade para o verão deve ser fruir da animação!