Lo Che Ying

Lo é o produtor de animação veterano, tendo começado a trabalhar na área de animação independente desde 1977. As suas obras ganharam consecutivamente quarto vezes o prémio do Hong Kong Independent Short Film Festival do grupo de animação e, posteriormente, foi convidado para ser membro do júri. No ano seguinte, assumiu funções como animador do Departamento de Televisão da RTHK até 1993. Nós últimos anos tem-se dedicado à promoção da indústria de animação de Hong Kong e ao planeamento e organização de festivais de anime, sendo o curador da Exposição “50 Years of Hong Kong and Taiwanese Animation”. Actualmente ele é o secretário-geral da Associação da Animação e Cultura de Hong Kong.

Inspiração das animações de Masaaki Yuasa

26a edição | 04 2018

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Recentemente, o Centro da Cultura Cinematográfica de Hong Kong convidou Masaaki Yuasa para proferir uma palestra na Masterclass do Animé Japonês.


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Masaaki Yuasa (segundo à direita) interagindo com participantes


Para as pessoas que gostam de desenhos animados japoneses (anime), o nome Masaaki Yuasa não deve ser estranho, mas também é provável que, para alguns, ele seja sinónimo de anime estranhos. Na verdade, desde a publicação do seu original Mind Game em 2004, toda a gente o considera a nova estrela do universo anime, prezado pela sua narrative única e peculiar e a sua apresentação “louca”. E de facto a palavra “louca” não é aqui um exagero, basta atentar na cena em que os protagonistas escapam da boca da baleia. Uma cena que em regra se faz com meia dúzia de capturas, com Masaaki, pode prolongar-se por vários minutos, repleta de mudanças e com uma criatividade explosiva. 


No entanto, depois de Mind Game, Masaaki não se integrou no anime mainstream, continuando apenas a criar obras de que gosta. Depois de algumas pequenas produções, Masaaki adaptou em 2010, de uma forma extraordinária, o romance best-seller de Tomihiko Morimi para um filme de animação – The Tatami Galaxy que lhe granjeou reputação dos seus admiradores e do público em geral. Em 2014, Masaaki adaptou com sucesso uma outra obra notável para filme de animação: “Ping Pong”, de Taiyō Matsumoto. O alto nível desta produção surpreendeu grande parte do público, pois não só manteve o charme da obra original como também alcançou o nível estético altamente dinâmico da animação. A partir daí, Masaaki tornou-se um dos criadores mais promissores do universo de animação japonesa. 


O ano passado foi um ano frutífero para Masaaki. No curto espaço de um ano, produziu duas longas-metragens de animação e uma série de animação: The Night is Short, Walk on Girl, com estreia em Abril, Lu Over the Wall, com estreia em Maio e Devilman Crybaby, lançado em finais do ano na Netflix. Cada uma das três obras tem as suas caraterísticas próprias e diferentes estilos, pelo que receberam boas críticas. Entre elas, Lu Over the Wall recebeu o Prémio de Cristal no Festival de Cinema de Animação de Annecy, em França, a maior honra no círculo de cinema de animação do mundo e que veio comprovar o reconhecimento mundial alcançado pelas obras de Masaaki! 


No dia 24 de Fevereiro deste ano, o realizador Masaaki visitou Hong Kong pela primeira vez e participou na palestra organizada pelo Centro da Cultura Cinematográfica de Hong Kong, na Universidade Aberta, a que assistiram cerca de 400 pessoas, incluindo alunos da especialidade de animação e pessoas da indústria. Eu tive a honra de ser o apresentador da palestra, e naturalmente agarrei a oportunidade de partilhar com o artista, no curto espaço de uma hora, toda a experiência possível sobre as suas estórias. Antes do evento, já tinha formulado algumas perguntas importantes, relacionadas com a sua forte criatividade e inspiração, os tratamentos tratamen tos das suas adaptações e a utilização do software Flash em longas-metragens, e é com orgulho que afirmo que o artista respondeu a todas estas perguntas, uma por uma. 


Em primeiro lugar, uma das singularidades da apresentação das obras de Masaaki é a posição das câmaras e a utilização de diferentes capturas, por exemplo, com objectivas olho de peixe e ângulos de câmaras colocadas em cima de mesas. Tudo isto é devido às experiências por ele adquiridas através de visionamento de filmes e da observação da vida quotidiana. Ele afirma que raramente vê bandas desenhadas e desenhos animados, mas admira vários realizadores, incluindo o norte-americano, Brian de Palma. Masaaki é capaz de falar durante horas na utilização de lentes nos vários filmes de Brian, e de como este inspirou a sua produção. 


Até ao momento, as obras de Masaaki são principalmente adaptações, mas que tiveram muito sucesso, e o segredo para isso é ele ler as obras originais, antes de adaptar romances ou bandas desenhadas. Por um lado, o realizador identifica as melhores partes do original e mantém-nas tanto quanto possível, e por outro lado, analisa os personagens ou cenas que se podem desenvolver, aqui adicionando a sua imaginação pessoal, para apresentar a obra adaptada no seu melhor. Outro princípio importante é o facto de, mesmo em diálogos longos do original, o artista conseguir adicionar dinamismo tanto quanto possível pois, no final de contas, é uma animação e, sem dinamismo, ela não pode ser boa! 


Por último, ao abordar a utilização de Flash, Masaaki foi sincero quando disse que, se for compatível e adequado com o design da animação, o Flash pode ser uma tecnologia boa, cujo efeito não é de nenhuma maneira inferior ao desenho manual e que pode poupar bastante no processamento e na mão-de-obra. A grande obra de Masaaki que ganhou um prémio, Lu Over the Wall, foi toda produzida com Flash. Acredita-se que o Flash será um dos caminhos para altos benefícios e baixos custos nas animações japonesas no futuro. Se tiverem oportunidade, têm mesmo de ver esta obra maravilhosa que tira pleno partido do Flash.