Restaurantes que integram elementos culturais e criativos

02 2018 | 25a edição
Texto/Jasper Hou

Ao passo que a comida não é simplesmente algo para agradar à língua e ao estômago, mas antes uma satisfação a nível espiritual, e as marca não dependem apenas da publicidade, mas desenvolvem os seus negócios através do conteúdo. O aumento do conteúdo cultural do sector da restauração consiste numa tendência da actualidade. À medida que as indústrias culturais e criativas se desenvolvem, surgem cada vez mais ideias inovadoras no sector da restauração. A secção “Destaque” da presente edição vai apresentar três restaurantes de marca de Macau, nomeadamente o Café Voyage, o Kiss Manner e o Poli Café, os quais integraram elementos culturais e criativos através de exposições criativas, entretenimento interactivo e introdução de desenhos animados de marca registada, concretizando a elevação da restauração enquanto necessidade para ser um estilo de vida.

 

Poli Café   Kiss Manner   


Café Voyage

 

Para além de proporcionar um serviço de restauração de boa qualidade aos clientes, o Café Voyage realiza frequentemente exposições de fotografia, cerimónias de lançamento de música e outras iniciativas artísticas, introduzindo elementos culturais. O proprietário do Café, Don Lao, tem a esperança de comunicar e trocar ideias com todos os amigos por meio de cafés, viagens, músicas e fotografias. Tendo abandonando a característica comercial intensa dos cafés tradicionais, o Café Voyage integra cultura e criatividade, transmitindo imediatamente uma sensação inovadora de “operação intersectorial”.

 

Do trabalhador da função pública ao empresário

 

Don, que tem sempre um grande interesse em fotografia, foi funcionário público; entretanto despediu-se do seu cargo e iniciou a sua vida de empreendedor em 2013. Ele disse: “Na altura foram estabelecidos muitos cafés no mercado da restauração de Macau, mas a maioria dos quais limitava-se a proporcionar comida. A meu ver, podia-se adicionar ainda elementos culturais e criativos. Como adoro fotografar, segui o caminho das exposições desde o início.”

 

São realizadas regularmente actividades culturais no Café Voyage, com o pleno uso dos recursos espaciais de todo o estabelecimento. Don considera, “o mercado de Macau é pequeno, sendo relativamente difícil a organização de exposições individuais. Portanto, no pressuposto de não afectar o funcionamento quotidiano do café, são aproveitadas as paredes, o sótão e outros lugares da loja para exibir artigos de exposição, disponibilizando espaço e serviço de organização a autores que estejam interessados na realização de exposições individuais”. Além disso, Don também produz postais das obras e põe os mesmos à venda no café, sendo a receita doada à Visão do Mundo. Na sua perspectiva, esta iniciativa é uma maneira de retribuir à sociedade, tanto para empresários como para artistas.

 

Divulgação” e “recursos humanos”-os dois desafios no processo de operação

 

A questão da “divulgação” é uma das dificuldades encontradas por Don no processo da operação. “Em Macau, a promoção exige sempre uma grande quantidade de dinheiro. Sendo uma PME com limitações a nível de recursos financeiros, fazer a divulgação através das plataformas sociais é mais económico, mas ao mesmo tempo está sujeito a mais limitações, sendo a audiência abrangida relativamente restrita”, disse Don. Outro desafio refere-se à falta de espaço de exposição e recursos humanos. O desenvolvimento do negócio de exposições culturais necessita de mais espaço. Por outro lado, como admitiu Don: “Actualmente, todos os negócios só são tratados pelos sócios, havendo uma falta de recursos humanos. Da minha parte, além de ser responsável pela divulgação, ainda tenho de tratar da comunicação em relação aos trabalhos de design e impressão. Quando o tempo para a preparação de uma exposição é relativamente diminuto, é possível não conseguir fazer tudo ao mesmo tempo.”

 

Aproveita-se o “núcleo” e dois modos de realização de actividades culturais

 

O Café Voyage conta com dois modos de realização de actividades culturais. O primeiro é manter a operação diária da loja, reservando um espaço para a actividade do cliente. Neste caso, os participantes têm de comprar uma senha de entrada que vale uma certa quantia, com a qual os mesmos não apenas podem participar na actividade, mas também podem gastar o valor indicado no café. O segundo modo diz respeito apenas ao fornecimento de espaço. Não é cobrado ao cliente nenhum valor pelo fornecimento do espaço, mas os participantes da actividade recebem descontos na conta ao aderirem ao evento a ser realizado no café. Don julga que o primeiro modo pode garantir que o volume de negócio do café não diminui devido à realização de actividades, e ao mesmo tempo os consumidores vão sentir que vale a pena, ao passo que o segundo modo pode melhorar a imagem do café, exercendo um efeito promocional muito positivo em virtude da área geográfica reduzida de Macau e da proximidade entre as pessoas.

 

Don destacou ainda: “O núcleo de um restaurante consiste no serviço de restauração, que abrange as escolhas e o sabor da comida. Ainda que a adição de elementos culturais e criativos possa aumentar a atractividade do restaurante e contribua assim para a sua sustentabilidade no mercado de Macau, a raiz de um restaurante encontra-se ainda na sua comida e bebida, pelo que eu atribuo muito valor aos produtos do café.”

 

A designação “Cidade Criativa na área da Gastronomia” trata-se de uma oportunidade, mas em simultâneo também é um desafio

 

Macau foi designada como “Cidade Criativa na área da Gastronomia” pela UNESCO, o que trará ao desenvolvimento do sector da restauração de Macau uma oportunidade, mas ao mesmo tempo um desafio, do ponto de vista de Don. Mais turistas serão atraídos para o território, o que poderá entretanto acrescer mais custos para a adaptação dos restaurantes a uma nova realidade. “No futuro, o Café Voyage vai-se expandir em direcção a tornar-se num grupo de restauração, com vista a ultrapassar as limitações presentes no mercado da restauração de Macau. Além de se aprimorar de modo constante, é preciso tomar em conta e aumentar a quota de mercado conquistada. Neste sentido, o desenvolvimento deve ser orientado pelo objectivo de se transformar num grupo e contar com subsidiárias dos géneros mais variados, no sentido de dividir o custo de operação e partilhar o risco de mercado com as mesmas. Além disso, a estrutura de gestão interna também tem de ser aperfeiçoada, formando-se gradualmente uma equipa profissional e, deste modo, a eficiência da empresa será melhorada”, disse Don.