mush.Room: Gerir um Bazar Sofisticado

06 2017 | 21a edição
Texto/Lai Chou In

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Com água-marinha e branco como principais matizes, e adornada com plantas trepadeiras, a mush.Room é uma boutique suavemente iluminada, localizada numa comunidade tranquila, longe das multidões. Mas, num fim-de-semana de Fevereiro, esta loja, que não chega a ter 100 metros quadrados, foi inundada por pessoas especialmente interessadas no bazar que ali se realiza esporadicamente. “Nunca vi a minha loja tão cheia. No início, preocupava-me que ninguém a visitasse”, recorda Sony Cheong com um sorriso.

 

Cheong e o marido, Faye Choi, músico, fundaram a mush.Room em 2009. A loja vende sobretudo moda e acessórios provenientes do Japão, da Coreia do Sul e de outras partes do mundo. Alguns dos artigos são criados pelo próprio casal. Há cinco anos, a loja foi transferida de um outro ponto para o actual, tendo-se a área das traseiras tornado o estúdio dos Evade, a banda electro de Choi. O nome da loja – “Room” – diz tudo: este par engraçado quer oferecer aos visitantes um espaço para descontrair. “Juntamos todas as coisas boas numa divisão, para que todos possam desfrutar delas.”

 

Ter um bazar fez sempre parte das suas intenções, mas não encontravam o lugar certo para o fazer. A situação alterou-se no ano passado, quando um cineasta japonês quis filmar uma actuação dos Evade. Sem dispor de um local adequado para a mesma, o casal transformou a sua própria loja num espaço apropriado para um mini-concerto. Para dar espaço à performance, tiraram todas as roupas da loja. “Após o evento, descobrimos que era possível realizar um bazar no espaço desde que o esvaziássemos. Assim, não precisamos de alugar outro local e controlamos todo o processo.” Choi salienta que, como a loja é pequena, é necessário maximizá-la durante o período de realização do bazar. Ganchos e prateleiras de parede são usados para aumentar o espaço de armazenamento e exposição.

 

Quando o local deixou de ser um problema, o casal começou a preparar o conteúdo do “mush.Room Mini-Market”. Em primeiro lugar, o mercado precisava de um tema. Depois, tiveram de procurar, em Macau e no exterior, marcas com a mesma filosofia a participar. Por exemplo, a primeira edição do bazar, realizada em Fevereiro, foi uma colaboração com o Girl’z, um grupo taiwanês especializado em artigos para raparigas. Uma série de peças encantadoras direccionadas para raparigas foram selecionadas para mostrar em Macau. O tema da segunda edição do mercado, em Abril, foi a nostalgia. Resultou de uma parceria com marcas de Macau e de Hong Kong. No dia do bazar, houve música ao vivo. Sendo também o estúdio da banda de Choi, a loja possui um conjunto completo de equipamentos de som, pelo que o casal tocou e cantou.

 

“[Organizar um bazar] é como preparar uma festa. Temos muitos temas para as próximas edições e precisamos de pensar de forma criativa”, diz Cheong. Choi complementa: “Não queremos comprometer a qualidade. Esperamos que cada bazar traga novos elementos para todos. Não realizamos os bazares numa base mensal porque queremos fazê-los apenas se tivermos bons temas para eles”. Organizar um evento é física e mentalmente exigente. Esta é outra das razões pelas quais não os podem fazer com maior regularidade. Por norma, o tema e os parceiros têm de ser confirmados com dois meses de antecedência. O fabrico de materiais promocionais também demora. Na véspera do bazar, a loja tem de ser arrumada. Às vezes, é necessário encontrar formas de alojar os representantes das marcas que vêm de fora. Somar tudo isto à gestão diária da loja é uma tarefa árdua.

 

Mas o reconhecimento do público pelo seu esforço dá a este casal confiança para continuar a realizar o evento. Segundo Choi, os canais promocionais em Macau são muito limitados. Além da publicidade nas redes sociais, também poem cartazes em cafés aos quais estão estreitamente ligados. “Confiamos no passa-palavra. O que estamos a fazer é uma actividade de nicho. Preocupávamo-nos se ninguém se interessasse por ela. Mas, nas vezes em que a levámos a cabo, as respostas foram boas. Muitas pessoas disseram-nos para fazermos isto com mais frequência.” Cheong acrescenta que a organização do bazar não visa o lucro. As marcas não são obrigadas a pagar a renda. “Nós compreendemos que o trabalho artesanal não é fácil.” Choi explica ainda: “O evento tem um estilo experimental e indie porque adoramos divertir-nos”.

 

Durante a entrevista, os dois membros do casal mostraram um apoio tácito entre si, e têm realizado um perfeito trabalho em equipa no seu negócio. “Eu tenho uma série de ideias engraçadas. Muitas vezes, digo-lhe para não me fazer perguntas, que quando a minha mente estiver clara logo partilho os meus pensamentos. E ela ajuda-me a concretizar o que idealizo”, diz Choi. Cheong concorda com um sorriso: “Limito-me a seguir o que ele diz”.

 

Em relação a planos para o futuro, Cheong espera encontrar um espaço maior, para ter uma área mais ampla para organizar bazares, concertos e até servir comida e bebida. O que têm em mente é gerir um estabelecimento como se fosse um espaço de animação de estilo japonês. “Descobri que, durante as férias em Macau, não há aonde ir. Gostaria muito de ter um lugar na cidade onde pudesse passar o dia inteiro a desfrutar de boa comida e de um bazar”. O marido conclui: “O nosso objectivo é promover a indústria cultural de Macau e tornar a cidade mais animada”.