Todot Design: design de marca

09 2015 | 9a edição
Texto/Joseph Leung e Day Ng

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Todot Design: design de marca

 

Situado no Parque cultural e criativo 678, ao longo do Istmo de Ferreira do Amaral, o Todot Design é um estúdio de design gerido por uma equipa de seis pessoas. Os desenhos exuberantes desta empresa ganharam notoriedade e começaram a atrair uma forte carteira de clientes, que inclui departamentos governamentais, organizações artísticas e educacionais, e também marcas locais e do interior da China. Os acessórios visuais do filme Macau Stories 3: City Maze, por exemplo, foram desenhados por este estúdio.

 

Bob Lei, fundador e director do Todot Design, licenciou-se em design pelo Instituto Politécnico de Macau. Após terminar os estudos, Lei foi para Hangzhou, onde adquiriu alguma experiência no sector do design gráfico, antes de avançar para um novo desafio, juntando-se à KL&K Design, em Shenzhen, para trabalhar em gestão comercial de marcas. Face às exorbitantes taxas de imposto e diversas políticas restritivas no interior da China, Lei decidiu regressar a Macau para desenvolver a sua carreira na área do design.

 

“Quando regressei a Macau, apercebi-me que as companhias de design da cidade se focavam sobretudo em eventos como conferências e casamentos, e eu estava com mais vontade de explorar novas áreas, como o design de marca.” Determinado a alcançar algo seu, Lei decidiu estabelecer a sua própria empresa. Juntamente com Chiu Kwok Kwan e Ho Man Yu, criou em 2013 o estúdio Todot Design. Os três fundadores complementavam-se: um conhece os projectos governamentais, o outro é um guru da área multimédia e Lei tem experiência no design comercial que se faz no interior da China. De acordo com Lei, o grande forte deste estúdio de design é a integração de todo este conjunto de competências.

 

No interior da China, os principais clientes tendem a ser muito exigentes e podem descartar a qualquer minuto as propostas das agências de design. Por isso, estas agências são competitivas em termos da retenção dos clientes, que é principalmente alcançada através de um grande poder de persuasão e de lobbying. Por outro lado, a maioria dos clientes em Macau recorre às agências de design para serviços de pequena escala, tais como trabalhos de design de marca ou de acessórios de casamento, que são muito menos exigentes. Por isso, frequentemente, as empresas locais estão menos conscientes da importância da gestão de marca.

 

“Alguns clientes da área da restauração pedem-nos para desenhar um menu ou um folheto. Muitas vezes, temos de explicar que apenas um menu não vai alcançar grande efeito. Afinal de contas, qual é o cliente-alvo de um restaurante? O design é necessário para atrair mais negócio, e implica tudo, desde os uniformes dos empregados à forma como cumprimentam os clientes.” Por isso, o Todot Design quer promover o valor do design de marca entre os seus clientes.

 

Lei admite que, ao longo do tempo, o governo foi começando a reconhecer a importância do design. Actualmente, o governo apenas paga a uma empresa de design quando é feita a adjudicação de um contrato. Aquelas que não vencerem o concurso não poderão recuperar o capital investido no design, mesmo que se tenham empenhado consideravelmente neste trabalho. Em Taiwan e Hong Kong, porém, os governos estão dispostos a providenciar uma pequena ajuda adiantada a todas as empresas concorrentes e depois paga as restantes verbas consoante o vencedor do concurso, para que as agências sejam integralmente compensadas pelo seu trabalho. “É ridículo que avaliem as propostas no que diz respeito às estimativas de tempo e orçamento e não avaliem o próprio design.”

 

Ao contrário de outras indústrias criativas, as agências de design não produzem bens individuais, como filmes, música ou livros. Pelo contrário, o seu trabalho de design tem de ir de encontro aos planos do cliente no que diz respeito à produção, vendas e marketing. Dada a natureza do design, como é que se consegue ter uma certa independência face aos clientes? Para o Todot Design, a solução passa por criar produtos exclusivos. Lei revela que a empresa está a planear lançar a sua própria marca de design, a qual vai contar com produtos diferentes das populares sacolas com desenhos 2D ou t-shirts. “Por exemplo, também vamos explorar a funcionalidade do design, como por exemplo criando relógios bem desenhados, que são mais intuitivos e confortáveis.”

 

O lançamento de uma marca independente de design coloca a questão da produção, um problema que tem limitado a indústria do design de Macau. “Enquanto é fácil fazer um cartaz ou um banner, é difícil desenhar uma caneta e conseguir que seja produzida localmente.” Para superar esta dificuldade, o Todot Design tem em mente fazer uma parceria com fabricantes do interior da China para lançar a sua própria colecção de design.

 

Uma breve análise aos vários tipos de design no mundo revela as diferenças no design e no gosto: a elegância do design francês, a simplicidade escandinava e o estilo complexo japonês…Então, o que pode oferecer o design de Macau para se destacar dos outros? “Se estivéssemos a falar de há uma década, diria que o design na cidade incorporaria um forte sentido da riqueza portuguesa. No entanto, nos anos mais recentes, outras influências tornaram impossível ligar Macau a um único estilo.” Como se pode ver no design dos seus produtos, o Todot Design não se define por um estilo único e distinto. Lei refere que a arte do design é diferente das artes plásticas: mais do que exibir o seu sentido de estética e fazer um juízo artístico, o designer faz a ligação do cliente à comunidade. Lei espera que as empresas de Macau se diversifiquem e continuem a desenvolver-se, em vez de estarem tão dependentes da indústria do jogo, para que o sector do design tenha mais oportunidades de mostrar o que consegue fazer.