O futuro incerto do Centro de Design de Macau

09 2015 | 9a edição
Texto/Joseph Leung e Day Ng

Hylé Design Macau: conservar a originalidade do design na produção em massa   Todot Design: design de marca


O futuro incerto do Centro de Design de Macau

 

Iniciado pela Associação de Designers de Macau, o Centro de Design de Macau entrou em funcionamento em Novembro do ano passado. Em vez de adoptar uma estratégia orientada para o negócio, a missão do centro está na promoção do design criativo e energético na cidade, e na criação de um espaço criativo de trabalho, fornecendo aos designers de diferentes meios ou disciplinas uma plataforma de colaboração e de troca de ideias.

 

Além de oferecer estúdios a preços acessíveis aos designers que exercem em Macau, o centro também serve como espaço de exposições para a apresentação dos seus trabalhos. No rés-do-chão, encontra-se um espaço de venda de produtos criados por esses designers e também um pequeno café. É necessário ser membro para poder utilizar as instalações e para receber as últimas informações actualizadas do centro. O presidente James Chu diz que a decisão de incluir no espaço um ponto de venda a retalho tem como objectivo principal mostrar os trabalhos destes criativos, encorajando aqueles que preferem este tipo de produtos a abordarem directamente os designers, uma iniciativa que ajuda a criar mais oportunidades para estes profissionais.

Neste momento, todos os 17 estúdios estão ocupados por designers de diferentes competências especializadas. “O centro não tem a intenção de acolher designers de disciplinas idênticas. É importante cultivar diferentes talentos, em vez de promover um estilo específico de design.”

 

Na realidade, um designer não pode ficar no centro mais do que três anos e está sujeito a uma avaliação anual. Como o centro foi criado em parceria com o Fundo das Indústrias Culturais, o painel de avaliação dos designers é composto por dois representantes do governo e um representante do centro. James Chu considera o mecanismo insatisfatório. “Aqueles que representam o fundo deveriam demonstrar pelo menos algum conhecimento prático sobre o sector do design. Caso contrário é injusto para os designers serem avaliados por pessoas de fora da indústria.”

 

Organizações como o Centro de Design de Macau dependem geralmente de patrocínio comercial ou, se não for esse o caso, de subsídios do governo ou de promoção. Mas actualmente o centro não recebe qualquer tipo de apoio corporativo e a ajuda do governo chega apenas na forma do subsídio do Fundo das Indústrias Culturais. O centro candidatou-se a um fundo de cinco anos, mas recebeu apenas capital suficiente para operar durante dois anos, diz Chu. Actualmente, as despesas são principalmente suportadas pela Associação de Designers de Macau (ou seja, continua a operar sem financiamento integral). Por outras palavras, o futuro do Centro de Design de Macau é de alguma incerteza.

 

Chu acredita que as indústrias criativas em Macau ainda não se estabeleceram de forma sólida e enfrentam um futuro incerto devido à falta de um claro apoio governamental. “O governo não disse se vai intervir no mercado ou encorajar o mercado a encontrar o seu próprio equilíbrio. Isto inibiu as pequenas e médias empresas de apoiar as indústrias criativas. Muitas destas empresas estão à espera que o governo assuma o comando antes que elas o façam. Consequentemente, a falta de financiamento corporativo impediu o desenvolvimento do sector criativo.”

 

Quando questionado sobre as perspectivas que existem para os designers de Macau, Chu responde: “Apesar do trabalho inovador dos designers, as pessoas em Macau ainda são bastante conservadoras no que diz respeito ao gosto estético e, por isso, os designers locais encontram dificuldades em ligar-se a este mercado. Apesar disso, um bom designer não deve apenas atender ao mercado, mas desempenhar um papel mais activo que contribua para a inovação. O design é uma profissão, e o design criativo tem o poder de transformar a atmosfera e a aparência de uma cidade.”