Mo-Design: criar o carácter e o estilo de uma marca é fundamental

10 2015 | 10a edição
Texto/Yuki Ieong e Lam Kuan Long

Macon: O poder de uma base de dados de clientes   Handy Garden: dicas para o funcionamento online de pequenos negócios


Mo-Design: criar o carácter e o estilo de uma marca é fundamental

 

O director criativo da Mo-Design e consagrado designer Chao Sio Leong olha para o marketing online da seguinte forma: “Hoje em dia, comprar na internet não é apenas fazer uma encomenda online a partir de casa. A geração mais nova pode achar que está fora de moda navegar na internet para fazer compras. Agora a questão é como fazer com que as compras online se adaptem aos estilos de vida dos compradores. Por exemplo, algumas marcas de design podem colaborar com hotéis. Depois do check-in, um cliente pode utilizar a aplicação do hotel para ficar a saber mais sobre os produtos de design de Macau e mesmo para fazer logo uma encomenda. Assim, os produtos podem ser integrados para irem ao encontro dos estilos de vida dos consumidores de forma eficaz”.

 

E as marcas locais são suficientemente competitivas para estarem ligadas à internet? Chao acredita que a singularidade de um produto é de uma importância fundamental. Noutros países, algumas marcas concentram-se apenas no desenvolvimento de dois ou três produtos e fazem com que a venda desses produtos se torne viral. No caso da Mo-Design, em vez de abrir uma loja virtual, tem sido desde sempre um ponto de venda a retalho tradicional e já se estabeleceu em Macau.

 

Chao diz: “Por exemplo, se uma pessoa desenha um estojo para cartões-de-visita, está apenas a competir com algumas marcas em Macau, mas se vender o produto online, está a competir com milhares de marcas em todo o mundo. Algumas pessoas acreditam que é mais fácil gerir um negócio online do que um tradicional. Pensem novamente, que na realidade um negócio online precisa de muitos mais recursos para a promoção do que uma loja que tenha uma presença física. A promoção na internet pode ser ampla. Uma pessoa precisa de se direccionar para determinadas redes sociais ou websites conhecidos, ou colaborar com marcas consolidadas, de forma a conseguir atrair o público-alvo para que visite a sua loja virtual. E esses consumidores poderão passar apenas alguns segundos a navegar na internet. Até certo ponto, é mais arriscado gerir um negócio electrónico.” Chao aponta que, apesar de uma loja virtual não ter uma renda para pagar, algumas plataformas de comércio digital requerem que o vendedor atinja um determinado volume de negócios, porque de outra forma a conta do vendedor pode ser suspensa”.

 

O comércio electrónico melhora mesmo a nossa qualidade de vida? Ainda não se sabe se é verdade, diz Chao. “Se for uma peça de roupa ou um par de sapatos, tem-se pelo menos a ideia do que se está a comprar. Mas se for um produto inovador? Neste caso, é difícil comparar as compras virtuais à experiência das compras na vida real.”

 

Chao revela que, noutros países, algumas marcas têm uma loja tradicional como espaço de exposição, embora os clientes possam adquirir os produtos apenas virtualmente. Chao acredita que os vendedores tradicionais ainda têm um papel muito importante e podem complementar o comércio electrónico. Mas o mais importante é a criação do carácter e do estilo de uma marca. “Para conseguir criar uma marca, esta tem de estar claramente direccionada para determinadas faixas etárias; tem de se fazer passar a mensagem de um produto, e a visão do designer tem de se conseguir ver na marca. Por outras palavras, uma marca de sucesso significa que uma pessoa conseguiria de imediato pensar num adjectivo para descrever essa marca”.

 

Segundo Chao, os designers não deveriam estar apenas de olho na presença física ou digital das suas marcas. O mais importante é o desenvolvimento de uma boa marca. Chao está satisfeito por ver que os designers locais têm vindo a alargar os seus horizontes, fazendo referência aos trabalhos de artistas estrangeiros. Alguns estudantes de escolas de design estão dispostos a fazer estágios de Verão em empresas de design estrangeiras de destaque, para aprenderem mais com os países que têm uma indústria de design sólida. Finalmente voltarão a Macau para criar os seus próprios produtos. Chao sente que estes estudantes são muito dedicados às indústrias culturais e criativas e que o seu futuro é promissor.