Criatividade inspirada por Cheung Po Tsai

11 2015 | 11a edição
Texto/Ng King Ling

Cheung Po Tsai, a mais recente série da TVB, conta a história do infame pirata que governou os mares à volta de Guangdong durante a dinastia Qing. A história de 200 anos é apenas um cliché, sem quaisquer truques novos e, por isso, o autor da série fez com que o protagonista recuasse no tempo e se encontrasse com Cheung Po Tsai.


A gigante estação televisiva não é única a instituição a envidar esforços para recuperar histórias antigas. Também o museu nacional o tem feito.


Em Setembro, a Universidade da Cidade de Hong Kong (CityU) e o Museu do Palácio de Taipé (TPM, na sigla inglesa) organizaram conjuntamente a exposição de arte digital Rebuilding the Tong-an Ships New Media Art Exhibition, utilizando a arte digital para recriar a cultura da vida no mar e os progressos da marinha durante a dinastia Qing, no século XIX.


Através da utilização de óculos 3D e de uma caneta para ecrã táctil, o público pode estudar em detalhe os navios Tong-an, desmontando a embarcação virtualmente; ao gesticular com os braços, pode também fazer com que um Cheung Po Tsai animado e que conte antigas histórias em cantonês ganhe vida. Os dois modelos das embarcações Tong-an, construídos há dois anos, e esta exposição multimédia baseiam-se na ilustração anexada ao memorial do palácio da corte da dinastia Qing, que pertence à colecção do TPM.


O TPM começou a desenvolver produtos culturais e criativos nos anos 1980. O museu estabeleceu até ao momento uma base de dados com 21 colecções digitais, lançou um website abrangente e global em nove línguas, publicou jornais electrónicos em chinês e inglês, e estabeleceu uma base de dados de aprendizagem online—tal como um museu sem paredes. O TPM também se dedica à criação de arte digital: por exemplo, transformou o quadro Hundred Horses de Giuseppe Castiglione, pintor da corte Qing, numa animação; e a exposição Rebuilding the Tong-an Ships New Media Art Exhibition também tem estado em digressão por Taiwan.


Fung Ming-chu, directora do Museu do Palácio de Taipé, diz: “Uma exposição convencional não é dinâmica; os arquivos históricos estão a um canto, mas através de tecnologia multimédia, Cheung Po Tsai pode contar pessoalmente a sua própria história.” Além disso, a exposição multimédia inspira uma série de processos de design e conduz a um desenvolvimento positivo das indústrias culturais e criativas.


A Escola de Media Criativos da CityU criou duas instalações digitais para esta exposição: Linear Navigator of Chinese Maritime History e Paint and Sail your Tong-an Ship. Na realidade, nos últimos anos, têm sido realizadas outras exposições multimédia, como é o caso da exposição Pure Land: Inside the Mogao Grottoes at Dunhuang, organizada há quatro anos. As grutas de Dunhuang foram apresentadas em realidade virtual. Em 2013, a CityU colaborou com o Museu Marítimo de Hong Kong e digitalizou o pergaminho da dinastia Qing, We Are Like Vapours: Pacifying the South China Sea. A pintura foi projectada num ecrã de 360 graus e ao público foi dada a oportunidade de ampliar a imagem para ver as figuras da pintura.


O TPM e a CityU, líderes na organização de exposições de arte digitais em Taiwan e Hong Kong, entendem que as exposições que recorrem aos novos media são uma tendência global. No ano passado, as duas partes assinaram um memorando de entendimento para futuras colaborações. A exposição Cheung Po Tsai foi o primeiro passo desta colaboração em Hong Kong. A segunda colaboração, Giuseppe Castiglione-Lang Shining New Media Art Exhibition, vai realizar-se em Itália no final de 2015 para celebrar os três séculos da chegada à China do missionário e pintor italiano da corte da dinastia Qing. O trabalho de Castiglione também vai ser transformado em versões digitais.


Com o desenvolvimento de novos hábitos de leitura, é um desafio fazer com que, nos dias de hoje, os jovens peguem num livro de história sobre Cheung Po Tsai. Também não podemos esperar que uma série de televisão consiga restituir todos os factos históricos. Se uma pessoa quiser ficar a saber mais sobre Cheung Po Tsai sem ter de ler um livro enfadonho, a exposição multimédia poderá ser uma opção.