Lawrence Lei

Lei é colunista no Jornal Ou Mun e publicou livros como “Eye of God”, “Embarassing Action”, etc. Ganhou o Concurso de Literatura de Macau três vezes, o Concurso de Histórias Curtas do Festival Literário de Macau duas vezes, o Concurso de Novelas e o Concurso de Mini-Romances de Macau, entre outros. Em 2001, foi convidado pela Associação Internacional de Críticos de Arte, sob a alçada da UNESCO, como crítico de arte em Hong Kong.


Recurso humano potencial do desenvolvimento das indústrias culturais e criativas locais

23a edição | 10 2017

Alguns académicos já escreveram artigos sobre as vantagens de Macau no desenvolvimento das indústrias culturais e criativas locais. Ao estar familiarizado com a realidade das artes performativas e com a publicação literária em Macau, tento analisar o potencial de desenvolvimento das indústrias culturais e criativas de Macau nos termos de uma perspectiva prática sobre estes campos.


Antes de falar da situação em Macau, vamos primeiro dar uma olhada às conquistas das artes performativas em Taiwan. As peças de teatro originais, “Secret Love in the Peach Blossom Land” e “The Village”, apresentadas pelo Performance Workshop de Taiwan, não só são bastante populares como também são trabalhos ex cepcionais da arte da performance. Desde o seu início, há mais de 30 anos, a peça “Secret Love in the Peach Blossom Land” tem sido uma marca nos teatros chineses e tem passado pelas principais cidades no Interior da China, enquanto que desde a sua primeira exibição em 2008, “The Village” já teve mais de 200 performances para as sociedades chinesas pelo mundo fora, resultando num lucro considerável de bilheteira e outros derivados, tendo transformado a cultura das aldeias de Taiwan num conjunto de trabalhos culturais consumíveis pelo público através de documentários, livros, peças televisivas e de teatro, etc. 


As indústrias culturais e criativas em Macau cobrem quatro áreas principais, nomeadamente o design criativo, a performance cultural, a colecção de arte e os media digitais, em termos das suas respectivas características industriais. A performance cultural inclui o drama, a opera chinesa e o teatro musical, bem como outras actividades relacionadas com a performance, enquanto que os media digitais incluem livros, cinema e vídeo, entre outros. Como está o desenvolvimento potencial destes dois sectores? Já se reuniram condições e uma fundação sólida para integrar as indústrias culturais e criativas em Macau? Se algo constituir uma propriedade intelectual, a sua originalidade e o reconhecimento por um público alargado são determinantes. Em Macau há algumas boas histórias originais que são reconhecidas fora de Macau. Por exemplo, a curta-metragem “Crash”, com realização de Hong Heng Fai, foi nomeada para a 53.ª edição dos “Golden Horse Awards” de melhor curta-metragem de ficção, para o Festival Internacional de Curtas-Metragens de Berlim e para o Festival Internacional de Curtas-Metragens SHNIT da Suíça, tendo ganho o prémio de melhor curta-metragem num conjunto de festivais de cinema organizados nos dois lados do estreito. Além disso, o filme “My Dreamer Daddy”, por Wong Teng Teng, ganhou o Prémio de Melhor Projecto Cinematográfico entre 26 projectos de filme na Feira de Investimento na Produção Cinematográfica entre Guangdong-Hong Kong-Macau 2017. 


Uma vez vi um filme que me foi dado pela hospedeira aérea, chamado “Sisterhood”, que foi realizado por Choi Ian Sin (Tracy), no avião que ia de Hong Kong a Toronto. O filme foi produzido sob o Programa de Apoio à Produção Cinematográfica de Longas-Metragens do Instituto Cultural de Macau. Penso que este é o primeiro filme de Macau a rodar num voo de longa distância. Tendo prestado muita atenção à escolha dos passageiros, reparei que muitos passageiros chineses escolheram ver o “Sisterhood”, e viram-no do início ao fim, o que pode reflectir a popularidade deste filme até certo ponto. Apesar de que muitos dos filmes são de regiões e assuntos diferentes, incluindo um grande número de filmes chineses, os passageiros são livres de escolher aquilo de que gostam realmente, como se estivessem em casa com o comando da TV nas mãos e podem mudar para outro filme se estiverem a ver algo entediante. 


No caso das artes performativas de Macau, o drama musical, “Mr Shi and His Lover”, co-produzido pela Point View Art Association e pelo Grupo de Teatro Experimental de “Pequena Cidade”, que adaptou de “M. Butterly”, participou no “SummerWorks Performance Festival de Toronto”, que é realizado todos os anos em Agosto, à semelhança do um festival fringe ou de arte dramática pioneira, acabou por receber muitos bons comentários. Depois disso, recebeu um convite para ser realizado em Toronto e Otava no final do ano. Como uma nova ópera histórica de Pequim, “The Soul of Macao”, co-produzida pelo escritor Mok Ian Ian e pela Jiangsu Peking Opera Company, recebeu muitos elogios em geral. Na publicação literária de Macau, muitos escritores têm publicado vários trabalhos fora do território, os quais têm atraído muita atenção, inclusive os romances completos de KAIK, publicados em Hong Kong, um romance completo de artes marciais “Carnage Stance” pelo produtivo escritor Tai Pi, que recebeu uma adaptação para filme. 


Os filmes, as artes performativas ou a literatura acima mencionados contam uma boa história, uma história local, e encarnam a natureza de incorporar arte fina e a cultura massificada. Isto mostra que Macau já possui o factor mais importante para as indústrias culturais e criativas, nomeadamente talentos criativos. Assim que os talentos criativos de Macau saírem da asa do apoio governamental e enfrentarem directamente os desafios do mercado, encontrando no valor da arte um equilíbrio entre os princípios artísticos e o gosto do mercado, estarão prontos para fazer um contributo para o PIB de Macau.