Yi-Hsin Lin

Formado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres. Vive e trabalha actualmente em Londres como escritor. Lin fez curadoria de pintura para o Museu Vitória e Alberto, bem como para o Museu Britânico. É também professor de Arte Chinesa na Christie’s Education e colabora com várias revistas de arte em língua chinesa.


Uma colaboração entre Shekou, em Shenzhen, e o Museu V&A

21a edição | 06 2017

03_林逸欣_01.jpg

Sea World Culture and Arts Center, Shekou, Shenzhen  Foto cedida por Maki e Associados


Parece que a cena artística no Delta do Rio das Pérolas está a passar por mudanças entusiasmantes. Localizado em Shenzhen, o Museu do Design de Shekou prevê abrir portas em Outubro de 2017. É uma colaboração entre o China Merchant Grupo Shekou (CMSK) e o Museu Victoria e Albert (V&A). As colecções e exposições vão concentrar-se no design contemporâneo e nos produtos criativos, com vista a desenvolver uma forma completamente nova de operação multinacional e de criar uma experiência cultural local única. Com o M+ no West Kowloon Cultural District, em Hong Kong, a cena de arte e design contemporânea no sul da China não vai parecer a mesma e merece atenção a longo prazo.


Cidade, design e criatividade


A um passo de Hong Kong e de Macau, Shekou situa-se na Península de Nantou, em Shenzhen. A partir de 1979, o CMSK começou a desenvolver a área como uma zona industrial. Após décadas de crescimento económico, Shekou passou de vila piscatória a cidade. Em 2008, Shenzhen foi indicada como Cidade do Design UNESCO, o que ajudou a melhorar a reputação de Shekou na cena artística e cultural. Para fortalecer mais o comércio e a renovação urbana, o CMSK lançou, em 2009, a ambiciosa campanha “Remake Shekou”. As principais iniciativas passam por “informação online, tecnologia e criatividade”. Em 2014, o CMSK e o V&A, um museu de destaque em Londres, assinaram um acordo de cooperação para construir o primeiro museu da China dedicado ao design.


Fundada em 1852, a V&A é uma organização líder em arte e design no mundo e bem conhecida pelas suas fabulosas e diversificadas colecções, em que se incluem pinturas clássicas, esculturas e decorações. As colecções abrangem ainda uma gama de artigos criativos, como fotografia contemporânea, mobiliário, moda e peças de espectáculo. Recentemente, o museu tem estado muito pró-activo na obtenção de visibilidade no exterior, com o objectivo de expandir o seu excelente modo de funcionamento para lá de Londres e estabelecer filiais noutros sítios. A parceria entre o V&A e o CMSK assenta numa forte vontade de colaboração mútua. O núcleo duro da equipa espera que esta seja uma oportunidade de os vários elementos aprenderem com as experiências e o conhecimento profissional uns dos outros. Espera igualmente que seja formada uma base activa para a indústria criativa na Cidade do Design, com o objectivo de fomentar ideias e reflexões mais inovadoras nesta área.


Design Society        


Em Março de 2016, o CMSK anunciou que encomendara o Sea World Culture and Arts Center ao afamado atelier de arquitectura japonês Maki e Associados, encabeçado por Fumihiko Maki. A ideia é ligar os rios e as montanhas, os mares e a cidade aos visitantes, e orientá-los para que entrem em diálogo com a natureza e a cultura. Simultaneamente, a entidade organizadora, juntamente com o V&A, lançou uma nova iniciativa de arte, a “Design Society”. A instituição pretende “usar o design para inspirar a vida quotidiana e ligar a indústria”, esperando-se que uma plataforma aberta e integrada possa ser construída na sociedade civil. Consta que o V&A planeia expor as suas refinadas colecções de artigos de design dos séculos XX e XXI na sala de exposições especiais da instituição. Estão ainda previstas duas mostras de grande dimensão para 2018 e 2019. Trata-se da primeira cooperação deste género entre a empresa chinesa e uma organização cultural e artística britânica.


Ole Bouman, o director fundador da Design Society, é um académico holandês especializado em história cultural e arquitectónica. Foi docente no Instituto de Arquitectura dos Países Baixos e dirigiu a Volume, uma revista independente com foco no design e na arquitectura. A partir de 2009, participou na Bi-City Biennale of Urbanism\Architecture e familiarizou-se com a cena de arte no Sul da China. Bouman acredita que o “design não é apenas uma profissão; é uma acção concreta que liga as pessoas”. Esperamos que a Design Society, uma co-instalação internacional completamente nova, se torne uma força motriz da Cidade do Design, não apenas para promover fluxos entre diferentes sectores como para fomentar um design inovador e o colocar em prática.