Com o aprofundamento e a popularização da tecnologia blockchain, foram introduzidas aplicações relevantes nas indústrias culturais e criativas, abrindo mais espaço para desenvolvimentos futuros. Nesta edição, convidamos o professor Wang Zhong, reitor associado da Faculdade de Humanidades e Ciências e Sociais da Universidade Cidade de Macau, a apresentar uma imagem clara da aplicação dada à tecnologia blockchain na indústria criativa e cultural e do impacto do blockchain nos modelos de negócios.
Parte I A origem do blockchain
O blockchain, enquanto tecnologia emergente, é o resultado do avanço e integração tecnológica. Na verdade, o seu background cultural pode remontar a um movimento anarquista chamado movimento cypherpunk na década de 1970, no ocidente. Os anarquistas mostram uma extrema desconfiança em relação aos governos e não acreditam em nenhuma instituição. Eles defendem que os governos devem ser transparentes e que os indivíduos devem ter direito à privacidade. Além disso, também acreditam firmemente que a sociedade deve proteger a liberdade individual. De acordo com os anarquistas, não existe uma sociedade livre se não houver privacidade. Para garantir a privacidade, eles usam a criptografia e códigos para lutar contra os governos e construir uma Internet segura e gratuita. Julian Assange, conhecido por liderar o WikiLeaks, é também membro dos cypherpunks.
A 9 de Março de 1993, o cypherpunk Eric Hughes publicou A Cypherpunk's Manifesto, obra com mais de 1.600 palavras, indicando claramente que uma sociedade aberta exige transacções anónimas e que, portanto, é importante desenvolver o dinheiro electrónico. O manifesto marcou o início do movimento cypherpunk. Os esforços envidados por inúmeros hackers e cypherpunks de alto nível acabaram por levar à publicação do artigo Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System, publicado a 1 de Novembro de 2008. Mais tarde, a 1 de Janeiro de 2009, o primeiro conjunto de bitcoins foi criado com sucesso. O bitcoin é a primeira moeda digital descentralizada do mundo e que não tem emissor. Em resumo, os bitcoins estão assentes numa tecnologia emergente chamada blockchain.
Parte II O que é blockchain?
O governo chinês encontrou vários especialistas profissionais para elaborar regulamentos e padrões de uso do blockchain. Um especialista define o blockchain como “uma lista crescente de blocos distribuídos que estão ligados através através da criptografia”. Esta é uma descrição bastante académica dos blockchains. Neste artigo, usaremos uma linguagem simples para explicar exactamente o que são blockchains.
1. Registos blockchain
A função da tecnologia blockchain é criar uma base de dados segura. O que diferencia os bancos de dados criados pela tecnologia blockchain das restantes é a maneira como estão escritas estas bases de dados. Para dar um exemplo, podemos imaginar que estamos a tomar notas numa folha de papel. Quando acabamos uma folha, continuamos noutra. Depois, tiramos uma foto da primeira folha depois de terminarmos a segunda. De seguida, anexamos a fotografia da primeira folha à segunda folha. Depois passamos para a terceira folha e continuamos este processo novamente. Através deste método, seremos capazes de verificar se o conteúdo da primeira e segunda folhas foi alterado, uma vez que temos os registos anteriores junto à terceira folha. Continuemos com esta cadeia de lógica. Quando as notas chegarem às 10.000 folhas, a 10.000ª folha incluirá os registos das 9.999 folhas anteriores. Qualquer alteração pode ser então detectada imediatamente através de um algoritmo. É a isto que chamamos registo blockchain. De facto, é incrivelmente difícil alterar os registos blockchain, porque seria preciso copiar todos os blocos novamente e depois repetir o processo de registar todos os blocos anteriores. Além disso, seria precisa fazer tudo isto sem ser notado. É por isso que é quase impossível alterar dados nos registos blockchain. Até ao momento, não houve nenhum caso em que os registos blockchain tenham sido modificados.
É importante referir que os blockchains não fazem registos tirando fotos. Esta é apenas uma analogia. Os blockchain não registam todas as informações. O que eles gravam e depois distribuem é mais uma impressão digital dessas informações. A impressão digital é um ficheiro-padrão de 256 bits gerado por um algoritmo chamado HASH. Por outras palavras, os dados de um blockchain são apenas impressões digitais de dados. Apenas é possível aceder aos registos completos da base de dados após receber autorização.
2. Encriptação assimétrica
A encriptação assimétrica é a espinha dorsal da criptomoeda. No entanto, não é uma nova tecnologia. Podemos ver a sua aplicação em todo o lado na Internet. Este é outro exemplo que mostra que a tecnologia blockchain é na verdade uma integração de tecnologias existentes.Os registos blockchain precisam de encriptar as transacções que registam para garantir o anonimato e aumentar a segurança. Isto é feito através de uma combinação de chaves de encriptação: a chave pública e a chave privada. As chaves públicas, como o nome sugere, são públicas, enquanto as chaves privadas não são. Ao contrário da encriptação simétrica, a encriptação assimétrica não usa a mesma chave para encriptação e decifração. Nos blockchains, quando estamos a receber uma transacção, o endereço do destinatário (chave pública) é aberto. Após a conclusão da transacção, apenas a chave privada pode conceder acesso ao banco de dados.
3. Registos distribuídos
Tradicionalmente, um registo possui apenas uma cópia original ou algumas cópias e, portanto, o nível de segurança é baixo. Por exemplo, se a base de dados de um banco for atacada por hackers e alguns registos de transacções forem perdidos como resultado, o cliente do banco sofrerá perda de activos. Ou então o banco vai à falência ou não terá outra opção senão deduzir dinheiro aleatoriamente das contas de seus clientes. As perdas dos clientes não são rastreáveis. Fundamentalmente os blockchain resolveram este problema, pois cada bloco sincroniza todos os dados do registo. Por outras palavras, a tecnologia blockchain faz uma cópia do registo em cada bloco. Os dados do registo distribuído em blocos serão transmitidos na Internet. Todas as alterações no registo serão registadas e rastreáveis. Isto torna a transacção de activos e o fluxo de capitais muito mais conveniente.
4. Consenso distribuído e validação cruzada
Como todos os blocos de um blockchain estão a comunicar informações e a ser gravados no registo, é importante garantir que cada bloco está a gravar no mesmo registo. Como é que a tecnologia blockchain consegue isto? Aqui precisamos de entender o mecanismo de consenso sobre blockchains, que é uma solução significativa de Satoshi Nakamoto. Sob o mecanismo de consenso, todos os blocos de um blockchain verificam informações usando os seus próprios dados. Funciona como agregar opiniões de pessoas diferentes com perspectivas diferentes para confirmar ou refutar uma determinada afirmação. O consenso que os blocos de blockchain têm é chamado de consenso distribuído. O processo de verificação de novas informações traduz informações em factos. Simplificando, cada bloco grava informações diferentes no registo, mas haverá apenas um consenso validado no registo-padrão. Neste caso, a tecnologia blockchain alcançou um avanço revolucionário, pois pode criar um registo autêntico sem erros, considerando o facto de que todos os blocos do blockchain terão sempre um consenso-padrão.
5. Estrutura de incentivo
Porque é que os utilizadores estão dispostos ou até lutam para se tornarem validadores ou geradores nos blockchains? A resposta está na estrutura de incentivos do blockchain, que é o principal valor dos blockchains, e que reflecte uma observação profunda da natureza humana.
Quem escreve para um blockchain descentralizado? Em primeiro lugar, é preciso provar que se contribuiu o suficiente. Isto significa que é preciso fornecer uma certa quantidade de poder de computação (CPU ou placa gráfica) a um blockchain antes de se tornar elegível para escrever no blockchain. Mas claro que isto não significa que quanto mais poder de computação se puder fornecer, maior a probabilidade de poder escrever num certo blockchain, já que há também o problema da probabilidade. Então, porque é as pessoas querem de qualquer forma participar neste processo de escrita? É aqui que o conceito de token entra em jogo. Um token é uma declaração de um activo digital com propriedades como utilidade e lucro. Depois de um token ser validado por outros, ele pode ser usado numa transacção. Os tokens no blockchain projectado por Satoshi Nakamoto, por exemplo, são os famosos bitcoins. O bitcoin é uma forma de activo digital que pode ser usado em transacções. O blockchain está programado para criar um bloco a cada dez minutos. As pessoas que tiverem a sorte de escrever neste registo receberão 50, 20, 12,5… (o número diminuirá para metade a cada quatro anos) bitcoins como recompensa. Os sortudos também recebem a taxa de transacção de bitcoin no blockchain. A recompensa é muito directa. Por vezes é possível ver o retorno imediatamente. É isto que atrai muita gente para os blockchains.
6. Contrato inteligente
No mundo real, um contrato é difícil de executar se um dos lados recuar. Isto é algo que o contrato inteligente em blockchains pode resolver. O contrato inteligente é um acordo especial. Uma vez iniciado, um contrato inteligente fornece, valida e executa automaticamente o acordo. Permite que os negócios ocorram sem o envolvimento de terceiros. Esta é uma razão muito importante pela qual dizemos que os blockchains são descentralizadores. Os contratos inteligentes incluem todas as informações relevantes de uma transacção. As transacções em blockchains também são rastreáveis e não podem ser revertidas. Embora os usuários em blockchains sejam estranhos uns aos outros, os acordos digitais dos blockchains fornecem as necessárias s restrições às pessoas e aumentam a confiança mútua. Essa confiança é a base de uma economia digital no futuro. Em 2015, a The Economist referiu-se até ao blockchain como a máquina de confiança.
Parte III A indústria cultural e os blockchains
A tecnologia blockchain também revoluciona os nossos conceitos existentes. Ela está a integrar a “cloud” informática, o “big data” e a inteligência artificial, entre outros, trazendo grandes benefícios para a partilha de informação, inovando os modelos de negócio, optimizando operações de negócios e reduzindo custos operacionais. Pode-se argumentar que a tecnologia blockchain pode trazer mudanças revolucionárias para todos os sectores. A indústria cultural não é excepção.
1. Estimular o sector da propriedade intelectual
A indústria cultural é conhecida como o sector de PI (Propriedade Intelectual) em alguns países, porque os produtos culturais, seja na forma de livro, música, vídeo, animação ou jogo, são propriedade intelectual por natureza. Impulsionado pelo desenvolvimento da tecnologia blockchain, o sector de PI experimentará um crescimento exponencial.
Primeiro, haverá um grande crescimento de PIs. Inúmeras obras de arte ou mesmo trabalhos amadores poderão fazer parte de blockchains, dado o seu potencial de lucro. Estes trabalhos vão tornar-se de facto PI após a validação cruzada em blockchains, incentivando assim mais pessoas a colocar os seus trabalhos nos blockchains.
Segundo, o valor real da PI será libertado. Antes da aplicação do blockchain, as empresas eram os principais actores na comercialização de PI. Isto não mudou mesmo depois da indústria cultural entrar na era digital, na qual as PIs podem ser digitalizadas. Mas com os blockchains, as PIs podem ser convertidas em tokens e negociadas como acções, permitindo que os vendedores de PI as vendam em acções que os consumidores comuns podem comprar. Converter as PIs em tokens nos blockchain é o equivalente a segurar as PIs. Com mais participação pública no comércio de PI, o mercado de PI será completamente revitalizado, o que abre caminho para que se concretize o verdadeiro potencial das PIs.
Além disso, a tecnologia blockchain também facilita a protecção legal da propriedade intelectual. Todas as informações nos blockchains, incluindo informações de produção, o uso e todo o ciclo de vida de uma PI, serão registadas numa timeline e serão rastreáveis. Isto torna a validação e a protecção de PIs extremamente fácil, economizando muito tempo e custos. Os proprietários de PI podem simplesmente apresentar provas nos blockchains às autoridades relevantes ou ao tribunal para apoiar o seu caso. Por exemplo, o Tianpin Blockchain do Tribunal da Internet de Pequim utiliza a tecnologia blockchain para processos de violação de PI, o que aumenta consideravelmente a eficiência e reduz os custos. O Zhixin Chain, co-desenvolvido pela Tencent e a Beiming Software e lançado em Julho do ano passado, também é um típico exemplo de como a tecnologia blockchain pode ser aplicada ao sistema de justiça.
Além disso, as informações armazenadas em blockchains não podem ser apagadas. Isto significa que comportamentos como violação de PI e fraude deixarão um registo permanente nos blockchains, uma vez descobertos. Este poder pode servir para impedir os comportamentos mencionados acima e ajudar a gerar mais confiança na sociedade.
2. De empresas centralizadas a um ecossistema
A Internet foi elogiada pela sua capacidade de tornar a sociedade mais aberta e igualitária quando surgiu pela primeira vez. Infelizmente, porém, a Internet que temos hoje é monopolizada por gigantes e é altamente centralizada. Muitas empresas de Internet conhecidas estão a recolher informações dos seus utilizadores e explorar esses dados para benefício próprio. Os utilizadores nunca beneficiam dos seus próprios dados.
A tecnologia blockchain mudará a maré na indústria da Internet. Os registos blockchain e a estrutura de incentivos do blockchain permitirão que empresas, funcionários, clientes e parceiros de negócios se tornem todos utilizadores e partes interessadas que estabelecem regras de cooperação e derrubam muros construídos por monopólios. Cada parte contribuirá para o ecossistema de negócios e depois beneficiará dele.
As características especiais dos blockchains, como ter vários blocos, vários autores e contratos inteligentes, podem ajudar a melhorar os processos da indústria cultural tradicional. A tecnologia blockchain pode romper com a comunicação linear e em circuito fechado e o atraso da informação entre consumidores e empresas que produzem produtos culturais e os distribuem. A tecnologia blockchain pode formular acordos e efectuar transacções a alta velocidade, garantindo que as empresas lancem produtos culturais populares ou melhorem os seus serviços.
3. Blockchain e novas oportunidades de negócio
Em teoria, tudo está ligado. Mas descobrir a ligação entre as coisas não é tarefa fácil. Existem utilizadores de diferentes quadrantes nos blockchains. Quando eles contribuem para a operação de blockchains, a ligação entre diferentes sectores aparecerá gradualmente, bem como novas oportunidades de negócio. Isto beneficiará os utilizadores de blockchain em termos de expansão dos seus negócios.
Uma empresa em Pequim está a tentar construir um novo tipo de clube de música na China, com base no sistema de clubes desportivos no ocidente. O conceito é reunir todas as KTVs da China num blockchain, que depois recolherá e classificará uma quantidade massiva de informação e aumentará a popularidade. Depois disso, a empresa pode organizar concursos musicais (concursos de música reais, semelhante às ligas de futebol da Europa, em vez de reality shows na TV) e outras actividades relevantes para impulsionar a indústria musical da China. Este é realmente um empreendimento muito significativo e viável. Os concursos de música podem atrair mais utilizadores e, assim, expandir a cadeia de negócios, criando bases para novas oportunidades de negócio e um ciclo de negócios saudável.
4. Maximizar a realização da criatividade do indivíduo
A era da blockchain é a melhor para iniciar um negócio. Os empreendedores precisam apenas de se concentrar nos seus negócios e concretizar a sua criatividade, sem preocupações de terem os seus produtos validados por uma plataforma centralizada. As plataformas de distribuição também podem ajudar no desenvolvimento de negócios e tornar o comércio PI mais acessível. IsTo proporcionará às pessoas a oportunidade de lucrar com a sua criatividade.
Quando as celebridades já conquistaram a sua popularidade e forjaram o efeito da PI, tudo o que está relacionado com elas pode ser digitalizado e capitalizado. Após a validação do blockchain, informações relevantes serão enviadas aos fãs por meio de encriptação distributiva, maximizando o seu valor.
Podemos realmente perceber como é que o blockchain pode traduzir a rede de informações numa cadeia de valor, observando como isso pode ajudar as pessoas a lucrar.
5. Pequenas e médias empresas podem encontrar financiamento mais facilmente
Encontrar financiamento tem sido um grande problema para as pequenas e médias empresas (PME), pois é muito difícil e dispendioso. É difícil para as PME encontrar financiamento, porque geralmente não têm crédito numa fase inicial e, portanto, os investidores não podem ter facilmente uma imagem completa do seu estado. Os blockchains têm uma vantagem tecnológica na validação cruzada e na activação automática. Além disso, as informações empresariais nos blockchains são transparentes e autênticas. Os dados dos blockchains são também permanentes e não podem ser apagados, o que pode evitar fraudes, permitindo que as instituições financeiras possam aferir rapidamente a real situação das empresas e, assim, decidir se devem fazer determinados investimentos.
Parte IV Os limites da tecnologia blockchain
Especialistas imaginaram os potenciais cenários de utilização da tecnologia blockchain e as suas aplicações industriais, incluindo serviços financeiros, saúde, educação, Internet das Coisas, economia de partilha, comunicação, administração social, caridade, entretenimento, indústria cultural, etc. No entanto, a tecnologia blockchain não é ainda bem compreendido pelo público em geral. Além disso, as partes interessadas do sistema centralizado actual não estão dispostas a participar do desenvolvimento dos blockchains, pois isso prejudicará os seus próprios interesses. Além do mais, também é bastante difícil gerar tokens. Todos estes são obstáculos ao desenvolvimento da tecnologia blockchain. Na realidade, ainda não existem muitas aplicações de blockchain. Mas a nossa experiência passada diz-nos que o desenvolvimento tecnológico não pode ser parado. O apoio e a orientação de políticas a nível estatal também ajudam a acelerar o desenvolvimento da aplicação do blockchain. Diferentes indústrias, incluindo a indústria cultural e a criativa, estão a prestar muita atenção à ascensão dos blockchains. Acreditamos que a tecnologia blockchain pode trazer mudanças drásticas aos modelos de negócio actuais, tornando-os mais democráticos e diversificados, e ajudando a trazer melhores produtos que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Wang Zhong
Wang é doutorado, professor e Reitor Associado da Faculdade de Humanidades e Ciências Sociais da Universidade Cidade de Macau, bem como supervisor de doutoramentos de investigação da indústria cultural. Os principais interesses de investigação de Wang incluem teoria e filosofia das indústrias culturais, sociologia da ciência, cultura folclórica e património cultural imaterial, o estudo sociológico de técnicas tradicionais, entre outros. Wang publicou um total de sete trabalhos académicos como autor único; e é co-autor de mais de 40 artigos académicos. Os seus trabalhos de investigação foram lidos e comentados por altos funcionários do Governo Central e reproduzidos pela Xinhua Digest. Wang recebeu também o Prémio de Excelência em Ensino e o Prémio de Excelência em Investigação da Universidade Cidade de Macau. Além disso, Wang é o presidente da Associação de Indústrias Culturais e Criativas de Macau e consultor do Youth Research Think Thank da Província de Guangdong.
