Uma Introdução ao Ensino de Administração Artística em Macau

10 2016 | 17a edição
Texto/Lei Ka Io

Informação Detalhada sobre Gestão Artística   Tendências da Indústria: Oportunidades de Emprego e Remuneração para Gestão Artística

O Futuro na Gestão Artística


Há cada vez mais grupos artísticos em Macau, e por isso há também cada vez maior procura de administradores artísticos. Na sequência disto surgiram programas de ensino relevantes. O Diploma em Gestão de Eventos de Artes Performativas do Instituto de Formação Turística é um deles. Benny Lim Kok Wai, Professor Assistente do Departamento de Estudos Culturais e Religiosos da Universidade Chinesa de Hong Kong, foi quem delineou este programa. Lim acredita que os administradores artísticos não precisam apenas de fazer o seu trabalho, mas de pensar sobre o que são as artes performativas como um todo.

 

Co-organizado pelo Instituto Cultural e pelo Instituto de Formação Turística, o Diploma em Gestão de Eventos de Artes Performativas foi lançado este ano. Lim concebeu seis módulos para este curso que combina teoria e prática.

 

O primeiro módulo apresenta teorias de artes performativas, o que inclui história da música, teatro e dança, e uma introdução à estética e às artes performativas. “Temos vincado que o papel de um administrador artístico é como o de um agente.” Lim considera que os administradores artísticos têm de fazer a ponte entre os artistas e as restantes partes. Para fazerem isto, é necessário que estejam dotados de conhecimento sobre artes performativas e que tenham capacidade para falar sobre artes com outras pessoas.

 

O segundo módulo é sobre marketing na área das artes performativas. Este módulo inclui vendas, análise de marcado, desenvolvimento de público, angariação de fundos e posicionamento da marca. Lim defende que as artes têm certas funções sociais. Os grupos artísticos têm de fazer marketing e vendas, não porque tenham de gerar lucros através das vendas mas porque a sua missão é envolver mais público nas actividades artísticas e dar-lhe mais possibilidades de ver espectáculos artísticos.

 

O terceiro módulo é sobre administração de artes performativas. A estratégia, desenho da estrutura organizativa, recursos humanos, financiamento, liderança e governança estão incluídas no programa. “Os administradores artísticos têm as suas próprias responsabilidades. Têm de pensar em como fazer as coisas melhor e não podem apenas confiar na sua própria experiência.” Lim refere que um administrador artístico tem de ter conhecimentos sólidos de gestão, de modo a iniciar um planeamento de longo prazo para um grupo artístico. O módulo quatro é sobre eventos e gestão de produção, com ênfase no planeamento, orçamentação, logística e gestão de risco de um evento artístico.

 

O módulo cinco foca-se na gestão e técnicas de palco, enquanto o módulo seis é sobre conceitos de palco, iluminação e design de som. É especializado nas técnicas necessárias para quem trabalha nos bastidores do espectáculo. Lim nota que a maior parte dos pequenos e médios grupos artísticos de Macau são totalmente amadores. Com recursos limitados, a administração destes grupos está muitas vezes concentrada numa única pessoa.

 

“Não se trata apenas de fazer todo o trabalho administrativo. Também é possível que se tenha de estar responsável por uma performance de dança, e muito provavelmente também se terá de tratar dos detalhes técnicos dessa performance.” Lim diz que o objectivo dos últimos dois módulos é permitir que os administradores possam colaborar com os designers na coordenação de um evento.

 

“Um excelente administrador artístico não dá apenas apoio ao artista. O papel de um administrador de artes é muito mais abrangente.” Lim acredita que estes profissionais têm de ser flexíveis com os artistas, tentar proporcionar-lhes um melhor ambiente e lutar por mais recursos. Muitos grupos artísticos em Macau, por exemplo, não têm apoios de pessoas individuais ou empresas privadas. Um administrador artístico pode ser pioneiro na angariação desse tipo de fundos.

 

Para Lim, os estudos de administração artística não devem focarse apenas no ensino de competências administrativas. O valor das artes é diversificado, por isso quando se trata de arte é preciso pensar através de diferentes perspectivas.

 

“É então possível vender arte se a arte não é um produto? Se sim, porque é que tantos países subsidiam as artes?” Lim acredita que estes programas de estudo de administração artística servem para estimular os estudantes a pensar sobre questões como esta.