Yi-Hsin Lin

Formado na Escola de Estudos Orientais e Africanos (SOAS) da Universidade de Londres. Vive e trabalha actualmente em Londres como escritor. Lin fez curadoria de pintura para o Museu Vitória e Alberto, bem como para o Museu Britânico. É também professor de Arte Chinesa na Christie’s Education e colabora com várias revistas de arte em língua chinesa.


As Luzes da Cidade

14a edição | 04 2016

No início deste ano, Londres foi iluminada por uma colecção de obras de arte nocturnas espectaculares. Clássica mas avant-garde, esta capital ficou ainda mais esplêndida e colorida do que já é. O primeiro evento a chegar à cidade foi o Lumiere London. Artistas de todo o mundo foram convidados para conceber este espectáculo de luz e som, que incorporou marcos e ruas icónicas de Londres. Atraindo milhões de visitantes para a cidade ao longo de quatro noites, o Lumiere London foi um dos mais extraordinários espectáculos de arte pública desde o início do ano. Pouco depois, realizou-se o Magical Lantern Festival nos Chiswick House & Gardens, nos subúrbios de Londres. O festival começou durante o Ano Novo Chinês, levando uma série de visitantes a ver as celebrações e as gigantescas instalações de luz. Estes dois espectáculos de luz não só atraíram visitantes nocturnos a Londres, como aumentaram a beleza e a reputação da cidade.


Lumiere London


A famosa organização cultural Artichoke é a responsável pela Lumiere London. Esta foi a primeira vez que o festival de luzes foi realizado em Londres. Em 2009, a Artichoke começou por fazê-lo em Durham e com grande sucesso. Daí ter decidido que o evento tinha de ser organizado na capital. Este festival memorável foi apoiado pelo Mayor de Londres, e transformou quatro zonas – Mayfair; King’s Cross; Piccadilly, Regent Street e St James’s; e Trafalgar Square e Westminster – em enormes locais de exposição. Tendo em conta o ambiente das ruas e dos edifícios, cada artista tinha de pensar fora da caixa para desenhar estas instalações de luz requintadas, transformando a cidade num prazer nocturno. Para garantir uma fluidez e um controlo de trânsito adequados, determinadas zonas tiveram de ser isoladas de modo a permitir que os visitantes apreciassem, em segurança, a arte iluminada. Por isso, muitas pessoas gostaram do banquete audiovisual que foi o festival Lumiere, pois parecia que toda a cidade de Londres estava a organizar um carnaval.


Magical Lantern Festival


Se o Lumiere London é uma festa de estilo europeu, o Magical Lantern Festival é o seu homólogo oriental. Organizado pela Weli Creative, o festival foi levado a cabo nos clássicos Chiswick House and Gardens. O local estava repleto de instalações de luz gigantescas, que o transformavam num parque temático excêntrico. As lanternas esculpidas visualmente mais atraentes eram as que possuiam características chinesas, entre as quais uma réplica com dez metros de altura da lanterna do Templo do Céu, em Pequim, uma lanterna em forma de palácio imperial com oito metros de altura e um exército em terracota em tamanho real. Para assinalar o Ano do Macaco, o elemento central do festival foi uma impressionante lanterna do Monte Huaguo (uma recriação da fábula popular chinesa O Rei Macaco). Aliás, as origens dos festivais de lanternas remontam ao ano 206 Antes de Cristo. Desde então, estes festivais realizam-se anualmente durante o Ano Novo Chinês. As lanternas simbolizam o regresso da Primavera, e as pessoas rezam, pedindo boas colheitas e um próspero ano novo.


Este tipo de espectáculos de luz tornou-se moda em Londres nos últimos anos. Os organizadores combinaram instalações de luz com edifícios e espaços urbanos, e uma nova forma de arte foi criada. Os espectáculos de luz, quer sejam um carnaval ao estilo europeu ou um festival tradicional na Ásia, atraem garantidamente uma série de visitantes e proporcionam mais oportunidades de negócio aos retalhistas das zonas em torno dos locais do festival. Escusado será dizer que os espectáculos também dominam as manchetes e se tornam um dos temas mais falados na cidade. As equipas que trabalham nos bastidores perceberam que uma exposição nocturna tinha potencial para atrair mais visitantes, pois podia ser vista depois de as pessoas saírem do emprego. Isto prova que, desde que se seja imaginativo e inteligente, não é difícil criar novos produtos e serviços e expandir os limites das indústrias criativas.