Xing Rongfa

Doutorado em História, professor graduado da Universidade de Macau e membro do Conselho para as Indústrias Culturais do Governo da RAEM.

Indústrias culturais e criativas no interior

4a edição | 04 2015

O aspecto cultural das chamadas indústrias culturais e criativas satisfaz uma necessidade espiritual das pessoas. O espírito humano precisa de ser alimentado, quer pela imaginação, quer pela vida real.


Falemos em primeiro lugar da realidade. O desejo pela cultura cresce à medida que os rendimentos disponíveis de uma pessoa aumentam. Só assim alguém terá tempo livre para procurar produtos com base nas suas qualidades estéticas e funcionais. As sociedades ocidentais começaram há meio século a transformar o valor dos produtos industriais através do design, o que resultou naquilo que hoje conhecemos como indústrias culturais e criativas. Desenhos espaciais inovadores, inspirados na cultura, estética e tendências contemporâneas, são combinados com um pensamento ergonómico de forma a criar interiores urbanos únicos. À medida que a procura por este tipo de produtos cresceu, o design de interiores tornou-se numa indústria plena.


No mundo fantástico, como é o dos filmes, as pessoas procuram satisfazer as suas necessidades espirituais através de experiências auditivas e visuais. As oportunidades comerciais não passaram despercebidas aos homens de negócios, já que o posicionamento do produto pode subtilmente influenciar os consumidores. Um outro aspecto é o mundo virtual e desprovido de fronteiras em que vivemos graças aos computadores e à internet. Neste mundo virtual, as pessoas continuam a desenhar e a desenvolver produtos como software e comunicações para, essencialmente, alterar o nosso estilo de vida. O fosso entre o mundo virtual e o real significa que os humanos estão agora a viver, como nunca acontecera, num estado permanente entre a satisfação e o desejo. Ainda não é possível medir qual a dimensão que estas oportunidades comerciais poderão vir a ter.


Falando de espaço, para a população urbana, o lugar onde se vive é extremamente importante, pois oferece uma sensação de segurança e de pertença. Mas os habitantes vivem sobretudo em blocos densos de apartamentos, que acabam por limitar e empurrar ainda mais as pessoas para o refúgio e privacidade das próprias casas. Com base nesta ideia, os interiores urbanos são criativamente concebidos para melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem nas cidades. Um bom design de interiores pode influenciar o bem-estar físico e mental de uma pessoa e até pode transformar uma família ou a face de uma comunidade.


Um designer de interiores deve ser capaz de fazer uso do seu estilo pessoal para entender as tendências, o que os consumidores desejam, e criar espaços inteligentes. O designer deve manter-se fiel ao seu próprio estilo e alcançar resultados que não sejam apenas inteligentes, mas também confortáveis e belos.


O design de interiores deve compreender as regras que dizem respeito à construção, à segurança das pessoas e contra incêndios. O facto destas regras imporem restrições ao design pode ser benéfico, pois vai estabelecer critérios para o trabalho do profissional de design. Graças a estas restrições – e também a considerações ergonómicas – os designers podem focar a atenção noutros aspectos tais como a estética, layout, fluxo, materiais, cor, forma, iluminação e funcionalidades complicadas para criar interiores bonitos, confortáveis, racionais e práticos. Não pense que o design tem de ser totalmente inovador para ser diferente. Desde que seja de bom gosto e satisfaça as necessidades do consumidor, apenas um ou dois elementos originais e pequenos como um rodapé ou um enfeite na porta podem fazer parte da identidade da marca de um designer.